Trabalho extraordinário

De Costa a Costa

Já aqui sublinhei, por várias vezes, o extraordinário trabalho que o sueco Magnus Andersson tem vindo a fazer enquanto treinador do andebol portista. E agora, mais uma vez, tenho de voltar a fazê-lo. Desta feita para enfatizar o seu trabalho na formação e promoção ao conjunto principal de jovens jogadores, como sucedeu com o guardião Diogo Rema (16 anos). O último exemplo foi a estreia na primeira equipa principal de um juvenil de primeiro ano. Trata-se de Vasco Costa, lateral-esquerdo/central que jogou pela primeira vez ao mais alto nível com 14 (catorze!) anos, dez meses e 23 dias, tornando-se desta forma no mais jovem jogador de sempre a representar o FC Porto ao mais alto nível. E também no mais jovem de todos os tempos a jogar na I Divisão Nacional. Aliás, Vasco Costa superou Francisco Costa (filho de Ricardo Costa, antigo atleta e treinador portista), o qual se estreou com 15 anos, 7 meses e 21 dias. Só  falta dizer que acaba de ser convocado para a Seleção Nacional, com 18 anos acabados de completar, um rapaz portista chamado chamado …Martim Costa, irmão de Francisco e filho de Ricardo Costa.

Da gravidade absoluta à relativa gravidez

Cada vez acho mais graça às discussões retóricas, ou meramente semânticas, em redor de temáticas tão irresistivelmente fascinantes como as medições milimétricas da obtusa e  abstrusa regra do fora de jogo. E também em torno da intenção e da intensidade da prática de certas faltas. Como se tal pudesse ser para efeito algum relevante: aliás, tal como se verifica com um frango ou um autogolo, que todos presumimos nunca ser perpetrado de propósito por qualquer jogador. Portanto, a intenção parece irrelevante. Ou seja, verificado o tipo objectivo de algum ilícito não será necessário o preenchimento do tipo subjectivo. Coisa substancialmente distinta da intenção é a moda da intensidade. Mas  também não devemos ir por aí. Assim como os fora-de-jogo são aferidos ao milímetro, a intensidade, pelo contrário, não é susceptível de tal medição. A questão é, portanto, de resposta binária: ou toca ou não toca no adversário. É como as mulheres: não há nenhuma relativamente grávida - ou está, ou não está.

Um leão verde cada vez mais maduro

Rúben Amorim tem mesmo qualquer coisa de especial. Será o modelo de jogo. Será o olho clínico para descobrir talentos. Será o exemplo de um verdadeiro líder.  Seja do que for, ele é diferente de todos os demais - e agora dispomos uma geração de muitos e bons técnicos.

O mesmo Dragão, outro Dragão

Eo FC Porto, (quase) num instante fulgurante apresentou-se como que transfigurado. É cedo ainda para avaliar os chamados reforços, mas devo confessar que, do pouco que até ao momento foi possível apreciar, a maior surpresa - pela positiva, entenda-se - foi Marko Grujic. Não só nunca o tinha visto jogar como não me lembro de alguma vez ter lido sobre ele. Mas o que agora vi deixou-me francamente entusiasmado. E depois da saída de Danilo (que no PSG, curiosamente entrou logo como titular, sim, mas a defesa-central, como há anos defendo ser a sua verdadeira posição), pensava-se que teria chegado a vez do senegalês Loum adquirido ao SC Braga. Mas o sérvio recém chegado não deve estar nada de acordo… Em contrapartida, Galeno, que nunca dispôs no Dragão de verdadeiras oportunidades, vive por estes dias a glória de um arsenalista que aparenta ser capaz de arrasar tudo quanto lhe surja pela frente.

Urso bipolar

Ao longo da minha vida tive o privilégio de poder não apenas aprender mas de verdadeiramente apreciar mentes que brilham nos mais diversos universos, da Literatura  à Medicina, da Filosofia às Artes. Desse contacto pessoal pude concluir que, basicamente, há dois tipos de professores: i) os que querem ensinar, isto é, fazer Escola, potenciando os respectivos talentos; ii) os que se esgotam em desgostar, ou seja, que examinam não aquilo que os alunos sabem mas, precisamente ao invés, que se focam em detectar aquilo que eles não sabem. Enfim, como em certa ocasião me foi segredado por uma voz amiga, se um urso polar é sempre um urso polar, já um urso bipolar umas vezes é  - e outras não.