Sporting-FC Porto e o futuro nacional
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Foto: IMAGO

Sporting-FC Porto e o futuro nacional

OPINIÃO03.08.202407:00

Ninguém inocenta o que se passou ao nível do dirigismo, mas as más condutas de quem manda são mais visíveis quando a rivalidade aumenta em campo

FC Porto e Sporting protagonizaram alguns dos clássicos mais duros nas últimas temporadas. Duros e feios, com cenas lamentáveis dentro das quatro linhas, fora delas e com gente que devia servir apenas de apoio ao espetáculo e, a isso, juntando-se outras mais nos ‘bastidores’ – ou garagens, corredores, o que quiserem chamar.  

Isso deve-se, acima de tudo, a dois fatores: o ADN do FC Porto e o espírito que Rúben Amorim incutiu no Sporting. Não, ninguém está aqui a inocentar o que se passou ao nível do dirigismo, mas as más condutas de quem manda são mais visíveis quando a rivalidade aumenta em campo e isso o Sporting levou ao FC Porto, mesmo nos anos em que não foi campeão.

No fundo, FC Porto e Sporting eram quase dois mundos opostos. Uma equipa vencedora que necessitava de uma imagem, um clube que se dizia bem de modos, mas a quem faltava uma equipa vencedora. Eram dois mundos num constante contraste e quando um destes fatores – o de o Sporting começar a ser competitivo – se inverteu entraram em rota de colisão.

Hoje, quando entrarem em campo em Aveiro, viver-se-á com expectativa um velho clássico. É quase irónico ansiar-se pelo que é velho, mas se a antiguidade clássica do futebol português cria uma longa espera é devido aos novos fatores que ela introduz na sua história.

Em Aveiro, vai jogar-se um encontro com um clube que diz prezar pela imagem e que tem uma equipa campeã, frente a um outro que venceu uma Taça de Portugal porque está-lhe no sangue não desistir, mas que apregoa ventos de mudança nos seus modos.

É o primeiro teste às equipas. De Rúben Amorim versão 2024/25 e à de um Vítor Bruno com plenos poderes no Dragão. Mas é, sobretudo, um superteste aos comportamentos dentro das quatro linhas e fora delas, incluindo nas ruas de Aveiro – ou na zona industrial e parque adjacente ao estádio, se preferirem.

Mais do que palavras, o Clássico precisa de espetáculo, golos e de trazer um vislumbre do que pode ser o futuro nacional, o futuro do futebol português, seja assim a vontade de quem tem poder, sejam assim os atos de quem nisso fala.

Agora é a sério, agora é a doer. Não só para o FC Porto, não só para o Sporting. Mas também para eles, para o rival que partilham idem, e para quem os dirige e os segue por todo o lado.

«Onde vai um vão todos» disse um dia Rúben Amorim. Precisamente, e isso sempre dependeu de quem lidera…