Ambição, gestão, sorte e ganhar: tudo o que disse Amorim

NACIONAL16.09.202415:36

Treinador do Sporting fez a antevisão do jogo com o Lille, o primeiro da fase de liga da Champions. Diz sentir-se mais bem preparado para poder ajudar os jogadores

- Qual a importância desta prova? Considera que o novo formato da Liga dos Campeões traz mais dificuldades às equipas?

- É muito importante jogar a Liga dos Campeões, por tudo, pelo crescimento da equipa, pela valorização dos jogadores, pelo encaixe financeiro que nos permite não ter de vender mais do que devíamos. Temos provado isso ao longo deste tempo. Não sei se este formato será mais difícil ou mais fácil. Nunca jogámos. É mais apelativo, e temos de transformar as competições, para não andar naqueles jogos finais em que já está tudo decidido. Permite mais jogos, o que é bom para os clubes, mais emoção. Estamos todos entusiasmados com este formato.

- Do plantel são doze que nunca jogaram a Champions, mas tendo em conta que Kovacevic e Eduardo quaresma estão lesionsado, dez pode estrear-se amanhã. A equipa pode acusar ansiedade? E qual é o ponto de situação de Eduardo Quaresma?

- Temos de olhar caso acaso, o Viktor [Gyokeres] é o primeiro jogo e ninguém dirá que não está preparado. Criámos habituação na Liga Europa, ninguém olha, por exemplo, para o Morten [Hjulmand] e diz que ele não está preparado. Na primeira vez que fomos à Champions aí sim, éramos muito inexperientes. Sinto a equipa mais preparada do que naquela altura. Prevejo um jogo difícil, jogamos em casa, as expectativas dos adeptos estão altas, mas estamos mais preparados do que há três anos. Sobre o Quaresma, no treino a seguir ao jogo com o Arouca fez uma entorse chata, não sei quanto tempo estará de fora, mas ainda vai ser algum.

O objetivo é sermos bicampeões, ir até onde pudermos na Champions, vencer a Taça de Portugal e a Taça da Liga

- A presença na Champions é uma forma de os jogadores e o treinador serem olhados noutro patamar internacional?

- Os jogadores sim, eu não procuro isso. Aprendi muito no ano passado, vivo o momento. O que quero é ganhar, sou competitivo, os nosso jogadores também, mas sei que é uma competição diferente para os jogadores, todos eles sentem que é uma montra para dar o passo seguinte e não há como censurá-los nesse aspeto, e com isso não quer dizer que querem sair do Sporting. Estão ansiosos para demonstrar o que valem na Champions. Queremos passar à fase seguinte, queremos acima de tudo ganhar jogos, marcar golos e jogar de uma forma diferente. Mesmo no ano em que passamos aos 'oitavos', este ano temos de jogar de forma diferente, mas queremos jogar bem, ter mais protagonismo nos jogos do que há três anos. O objetivo é ganhar jogos, passar à fase seguinte e valorizar os jogadores.

- Esta competição tem mais jogos, que visão tem, em termos globais, para o objetivo de vencer o bicampeonato, sabendo que a seguir às competições europeias o jogo seguinte é mais difícil, principalmente devido ao cansaço?

- Não vai ser possível fazer uma gestão mais a pensar no campeonato e esquecer um pouco a Europa. Temos mais opções para fazer essa gestão apostando nessas competições e depois é preciso um bocadinho de sorte. Poupámos o Quaresma mas no treino a seguir lesionou-se. Objetivo é sermos bicampeões, ir até onde pudermos na Champions, vencer a Taça de Portugal e a Taça da Liga. Vamos ter de rodar os jogadores todos e ter alguma sorte com as lesões.

- A gestão feita em Arouca vai ajudar a equipa? É para manter no futuro?

- A gestão é feita não a pensar no que vem à frente, mas pelo que aconteceu atrás. Houve jogadores que não treinaram connosco, outros fizeram um treino com viagens. A gestão foi feita a pensar nisso e não na Champions. Mais importante do que ir longe na Champions, é ir à Champions no próximo ano, para isso temos de voltar a ser campeões.

- Está com um discurso mais ambicioso. Acredita ser é possível o Sporting ganhar a Liga dos Campeões?

- Vencer a Liga dos Campeões é viajar muito longe. O que queremos mostrar é que jogamos de uma forma diferente, vamos defrontar equipas no mínimo iguais a nós. Queremos mostrar que crescemos enquanto clube. Vou de acordo com o que sinto na equipa e sinto que está preparada para ser mais competitiva e jogar de uma forma diferente. O nível da nossa equipa mudou, temos mais internacionais, um jogador para crescer também tem de ter uma pressão diferente. Não faço ideia se vamos ganhar ou perder jogos, sei é que estamos mais preparados para jogar na Champions.

- Até que ponto a presença do Sporting na Champions pesou na sua decisão de continua no clube?

- Não teve a ver com a Champions, o Sporting só foi aos oitavos de final, não sabemos o que pode acontecer, mas o que queremos é ganhar jogos, jogar bem, é um objetivo muito aliciante para nós.

- O Geovany Quenda renovou recentemente. Foi um passo importante? Sente o jovem de 17 anos ansioso por poder jogar na Liga dos Campeões?

- Ansioso não está, porque hoje chegou atrasado à palestra. Adormeceu, atrasou-se e mora na Academia, o que é muito difícil [risos]. Por isso é que foi duas vezes ao túnel, porque foram dois minutos. Se há jogador que não sinto ansioso é o Quenda. Tudo bem que é um bocadinho jovem, e, quando sentir a música e o ambiente, vai sentir, não há volta a dar. A renovação do Quenda é muito importante, um passo extremamente importante, se correr tudo naturalmente o Quenda vai dar nas vistas.

- Debast foi titular em Arouca, é uma aposta para manter?

- Sobre a equipa não dou indicações de como vamos jogar.

- Teme perder Gyokeres em janeiro caso ele continue a marcar tantos golos e a mostrar-se na Champions?

- O que quero é que o Viktor [Gyokeres] não se sinta pressionado com todas as perguntas, como se o futuro dele dependesse da Liga dos Campeões. Quanto a mim, o futuro dele depende mais de melhorar algumas ações defensivas, a abordagem no jogo técnico, saber melhor os tempos de jogo. Os treinadores de topo de certeza que olham para esses momentos, e o Viktor pode melhorar. Agora, a capacidade de fazer golos, da pujança física, de poder jogar em qualquer campeonato do mundo. É muito claro para toda a gente. É uma montra diferente, o que não quero é que o Viktor se sinta pressionado a ter de fazer três golos por jogo para provar alguma coisa a alguém.

- O Tiago Santos do Lille, foi jogador do Sporting, e acabou por nunca se estrear na equipa principal, receia a lei do 'ex'?

- Não acredito em nada disso, fico feliz pelo Tiago, o Filipe Pedro [antigo treinador da formação do Sporting] avisou-nos que estava ali um jogador, treinou connosco na equipa principal algumas vezes e não vi o que outros treinadores viram, assim como o [Renato] Veiga. Os jogadores da formação têm de perceber que, às vezes, os treinadores olham para uns de uma maneira ou outra e isso não significa que a vida acabe. Às vezes, estão a jogar na Premier League e vão à seleção sem passarem pela equipa principal. É uma coisa boa que os jogadores da formação do Sporting têm de olhar. Que o Tiago seja bem-vindo, jogue mal e, depois, lhe corra tudo bem [risos].

- O Lille tem jogado em 3x4x3, tal como o Sporting, o que espera deste encontro em termos táticos?

- Tem mais a ver com a diferença de campeonatos. A Ligue 1 é muito mais dividido, de pressão alta. É mais difícil olhar para o Lille com um ataque posicional mais marcado, enquanto que nós, na maior parte dos jogos, estamos em ataque posicional e empurramos o adversário muito para a sua área. São uma equipa fisicamente muito forte, muito dotada tecnicamente, com um grande avançado, que tem uma grande qualidade, três centrais muito rápidos, e temos tido jogadores na frente com muita capacidade, que vão ter mais dificuldades nesse aspeto. Será um jogo de espelhos, em que teremos de ser inteligentes, porque eles jogam daquela maneira de jogo partido todas as semanas, e nós não. Às vezes, isso faz a diferença, fisicamente. O que temos de fazer é guardar a bola e tentar aguentá-la ao máximo, sabendo que é mais difícil do que na Liga.