Sob o signo da qualidade

OPINIÃO22.06.202107:05

O Euro-2020, jogado em 2021, está a ser uma excelente prova e vale a pena ver cada jogo

A O contrário de algumas previsões catastrofistas, o Euro-2020 parece estar a superar as expectativas até dos maus céticos. Jogos com qualidade, interesse e emoção, alguns resultados inesperados e muitos golos (pelo menos, até à data). Tudo isso cozinhado no mais atípico dos cenários, por entre testes ao Covid-19, presença intermitente de adeptos, viagens para lá e para cá e jogos disputados em 11 países. Não é obra, mas é quase.
Tive a curiosidade de recolher alguns dados estatísticos desde o início da competição (11 de junho), que contabilizei até ao passado domingo (dia 20). Penso que fica clara a ideia de que a maioria dos espetáculos a que temos assistido têm mesmo valido a pena:
- Disputaram-se, nesse período, um total de 26 jogos;
- Nesses marcaram-se 60 golos, o que dá uma média de quase 2.31 golos por jogo;
- Em todos esses jogos, houve apenas 6 empates e, desses, apenas dois foram a zeros. Ou seja, em 24 dos 26 jogos houve golos. Muito bom;
- No que diz respeito às equipas/seleções, a Itália (já com o seu grupo fechado) lidera em algumas variáveis: tem a melhor média de golos marcados por jogo (2,34). Foi a equipa mais rematadora de toda a competição até à data (fez 60 remates em 180 minutos, o que lhe dá um média de 20 por partida). A esse nível - o dos remates efetuados - lidera quer nos enquadrados com a baliza (5.67 por encontro), quer nos que foram para fora (9.67/jogo). A suas três vitórias no grupo ajudam a explicar alguma coisa, mas isso só reforça o mérito com que ultrapassaram a primeira fase da competição.
- Até ao passado domingo, Portugal liderava, ex-aequo, o troféu de melhor goleador da prova (what else?): Cristiano Ronaldo marcou 3 golos em 2 jogos;
- A nossa seleção tinha também boa média de golos marcados: 5, num total de 2,5 por partida;
- À entrada para a jornada decisiva, Portugal tinha diferença positiva entre golos marcados e sofridos (+1), algo que pode revelar-se importante caso seja necessário fazermos contas após o jogo com a França;
- A outra equipa portuguesa na prova, a de arbitragem, fez um bom jogo de estreia no Turquia, 0- País de Gales, 2 e prepara-se agora para dirigir o decisivo República Checa-Inglaterra, que terá lugar hoje, às 20 horas, no Estádio do Wembley (Londres);
- Falando ainda de árbitros, nunca é demais referir que até ao passado domingo, a qualidade situou-se em excelente plano: personalidade, firmeza, credibilidade e decisões importantes tomadas (quase sempre) de forma assertiva, contando também com excelentes intervenções dos videoárbitros (que têm cumprido eficazmente o pressuposto de o fazerem apenas em situações claras e evidentes).
Felizmente, e até este momento, não há registo de jogos decididos com erros colossais, daqueles lesa-pátria, que ferem a verdade desportiva e retiram justiça a quem vence em campo. Ainda bem que assim é. O Euro-2020, jogado em 2021, está a ser uma excelente prova e vale a pena ver cada jogo. Promete mais agora que tudo se começará a decidir em apenas noventa minutos de jogo.
Nota - António Mateu Lahoz será o árbitro do Portugal-França de amanhã. O internacional espanhol, muito bem cotado na UEFA e FIFA, é dono de um estilo muito próprio: fala, explica, sorri e deixa jogar até ao limite dos limites. Por vezes arrisca demasiado, mas fá-lo com coerência e uniformidade. O meu conselho? Joguem à bola sem pensarem em quem está a arbitrar e sem perderem tempo com quedas e pedidos de faltas. Não vale a pena. Será sempre a abrir.