Da azia à agonia
A goleada sofrida na Luz ficará anos a fio atravessada na garganta dos portistas. É hora da equipa e Vítor Bruno arrepiarem caminho e acompanharem a retoma financeira do FC Porto
O universo azul e branco continua extremado e nem as recentes vitórias no campo financeiro elaboradas pela equipa escolhida por André Villas-Boas parecem amenizar a dor que saiu das eleições de abril. Naquele que costuma ser um palco de predileção para os dragões protagonizarem espetáculos de alto calibre, o FC Porto foi vergado a um vexame diante do maior rival, uma mágoa para todos os portistas ou, como diria Sérgio Conceição durante o seu reinado, uma azia enorme, que, entretanto, passou a agonia com Vítor Bruno.
A derrota na Luz deixou marcar profundas e não há forma de escamotear esse dado. No futebol, e ainda para mais com sócios tão apaixonados como os portistas, não há tempo para crescer e o resultado na casa das águias vai perdurar na memória durante anos.
Desde que tomou posse, os dias têm 48 horas para André Villas-Boas, tal a intensidade que tenta resolver os problemas que surgem. Pegou no FC Porto perante o garrote financeiro da UEFA, em permanente risco de exclusão das provas europeias, numa deriva financeira que o levou à falência técnica e ao risco de continuação da atividade. A maioria dos que votaram em si têm consciência da paupérrima situação em que o clube se encontrava, mas há também os que exigem resultados imediatos e o campeonato é uma delas.
Os indicadores da equipa no plano interno até não eram maus, tendo em conta que só havia perdido no reduto do campeão nacional Sporting, mas a forma desgarrada como os azuis e brancos se apresentaram na Luz, mormente na segunda parte é motivo de preocupação. As cenas que se seguiram a este resultado, com Vítor Bruno a ser apertado durante a madrugada no Olival, provam que o clube está claramente dividido e que não há margem de manobra para o treinador.
A agonia persiste e os próximos encontros vão colocar à prova a realidade capacidade de Vítor Bruno de ter mãos para um automóvel de tão grande cilindrada, procurando endireitar a direção que fugiu na última deslocação à Luz. Na realidade, os sócios exigem que a equipa deu o devido acompanhamento ao excelente trabalho que está a ser feito nos gabinetes pela cúpula da SAD. E, nesse sentido, os encontros fora com o Moreirense para a Taça de Portugal (este a eliminar) e diante do Anderlecht (Liga Europa) revestem-se de extrema importância para o futuro da equipa e do próprio Vítor Bruno.