OPINIÃO Sistema tácito: um Jamor de emoções

Pinto da Costa, Sérgio Conceição, Pepe e Taremi devem despedir-se do FC Porto na final da Taça de Portugal. Será um jogo de múltiplos sentimentos

Depois de falhar redondamente no campeonato, o FC Porto vê a Taça de Portugal como uma tábua de salvação para fechar o pano da temporada no Estádio Nacional. Será um jogo em que o aspeto emocional estará vincado dentro e fora do relvado nas hostes azuis e brancas. Taremi fará a sua derradeira aparição de dragão ao peito e Pepe também pode jogar pelos dragões pela última vez. Sérgio Conceição deve sentar-se pela última vez no banco dos dragões, técnico que amanhã conversa com o novo presidente André Villas-Boas para decidir o seu futuro.

Tudo aponta para a saída do treinador, que encerrará um ciclo de sete anos na cadeira de sonho, na qual conquistou 10 títulos nacionais e luta por mais um no Jamor. Desconhece-se o desfecho do encontro que terá com o novo líder clube, mas a avaliar pelas decisões que tomou na campanha eleitoral, em que quis manter-se à parte, mas acabou por (in)diretamente apoiar Pinto da Costa, primeiro com um abraço no Coliseu do Porto e, dois dias antes das eleições, ao colocar no papel uma renovação de quatro anos. Esse vínculo laboral poderá ser anulado se Sérgio Conceição entender que não se revê nas ideias do novo projeto, tanto mais que, ao contrário do que sucedeu no passado, terá de estar sob a alçada de Andoni Zubizarreta e também Jorge Costa, os dois novos homens fortes do futebol profissional.

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Mas a final da Taça de Portugal terá um simbolismo maior para Pinto da Costa. Em termos desportivos, terminará o seu reinado, depois de ser copiosamente derrotado nas eleições por mais de 80 por cento dos votos. Mas nem isso fez o histórico dirigente ter a hombridade de renunciar ao cargo de presidente do Conselho de Administração do FC Porto. Fez questão de permanecer na SAD, impedindo André Villas-Boas de tomar decisões estruturantes sobre o futuro do clube, como a trapalhada na Academia da Maia — cujo processo burocrático foi acelerado com claros efeitos eleitorais — e a multa da UEFA que desconhecia, mas que afinal de contas veio bater à porta na nova equipa diretiva, um verdadeiro chorrilho de mentiras. Tentou a todo o transe despedir-se no banco de suplentes ao lado de Sérgio Conceição no Jamor, mas as instâncias competentes não lhe permitiram tal veleidade.

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