Sérgio Oliveira quase dado
Anda confusão no ar. Até pode dar-se o caso de o FC Porto estar à espera de receber três milhões e o Galatasary estar convencido de ter de pagar treze. Sabe-se lá…
S ÉRGIO OLIVEIRA assinou contrato de quatro épocas com o clube turco Galatasaray. Vai ser bem pago (2,75 milhões de euros/ano) e na hora de partir deixou uma despedida comovente ao clube que representou com assinalável sucesso.
«A todos vocês, a toda a família FC Porto, onde quer que estejam, obrigado por todos estes anos fantásticos sempre juntos. Vou levá-los para sempre no meu coração e nunca os esquecerei. Este clube é uma instituição única, que para sempre respeitarei e que estará sempre comigo onde quer que esteja», escreveu em mensagem agradecida e simpática que assinala o fim de uma convivência longa e gratificante, em termos de resultados e títulos alcançados.
Preencheu todos os escalões ao nível das seleções jovens e, com toda a naturalidade, chegou a internacional A. Do seu registo individual constam três Campeonatos, três Taças de Portugal e duas Supertaças com a camisola do FC Porto, além de um Campeonato e de uma Taça da Grécia ao serviço do PAOK.
Já nesta temporada, ficou com o seu nome associado à conquista da primeira edição da Liga Conferência da UEFA, como jogador da AS Roma, na condição de emprestado pelo dragão. Muito recentemente, numa intervenção na Faculdade de Motricidade Humana, José Mourinho confessou que gostaria de continuar a ver no seu plantel Sérgio Oliveira se lhe fosse possível tornear um obstáculo, para ele inultrapassável. Gracejou, na altura, que o saldo do seu cartão de crédito não era suficiente para pagar o valor que o FC Porto exigia, treze milhões de euros.
Admito que possa ter-se verificado um ruído na comunicação ou até que Mourinho, por qualquer motivo, tenha captado mal a verdadeira pretensão dos portistas, mas não. Segundo o que li em A BOLA, na edição de ontem, Itália era a preferência de Sérgio Oliveira, mas «a Roma não acionou a cláusula prevista no contrato de empréstimo, no valor de 13 milhões de euros», mostrando-se apenas disponível para recebê-lo através de segundo empréstimo. Até aqui, tudo esclarecido. O FC Porto queria uma coisa e a Roma pretendia outra. Os interesses dos clubes divergiram e colocaram ponto final no assunto.
O FC Porto pedia treze milhões, mas, espantosamente, mudou de ideias e acabou por deixá-lo sair para o Galatasaray, por três milhões. Repito, três milhões. Alguém se convence que um jogador de 30 anos, com o apreciável currículo de Sérgio Oliveira, tenha tão baixo valor de mercado?
São os mistérios do futebol. Podia dar-se o caso de José Mourinho ter confundido três com treze, ou treze com três, mas estava certo, treze milhões era a verba reclamada pelo dragão para libertar o médio. O que não enxergo, nem é da minha conta, é o alcance da decisão da SAD portista ao prescindir dos serviços do jogador a preço de saldo, quase dado. É estranho, mas na opinião do presidente do FC Porto tratou-se de uma justificada operação financeira na medida em que permitirá poupar em vencimentos que teriam de ser pagos a Sérgio Oliveira, sendo certo que se o seu vencimento era assim tão alto é porque o mesmo presidente assim considerou ser justo quando lhe prolongou o contrato até 2025, em dezembro de 2020.
Três milhões por um jogador que fez parte do plantel ideal da Liga dos Campeões Europeus de 2020/2021?José Mourinho explicou-se bem, mas anda confusão no ar. Devem ser treze milhões e não três milhões, ou não. No limite, até pode dar-se o caso de o FC Porto estar à espera de receber três e o Galatasary estar convencido de ter de pagar treze. Sabe-se lá…
RICARDO HORTA À ESPERA DE QUÊ?
R OGER SCHMIDT impõe-se pelo sorriso e pelo trabalho. O plantel encarnado está a compor-se mais depressa do que seria imaginável. O problema reside agora em aliviar o orçamento da gente vulgar que por ali ciranda e libertar o ambiente de focos problemáticos devidamente identificados. No resto, mais guarda-redes ou menos guarda-redes, mais médio ou menos médio, prioritário será reeducar a malta, porque o problema central deste plantel, a partir de determinada altura, teve a ver com uma ausência generalizada de atitude, como o presidente encarnado teve o cuidado de referir.
Neste momento, do meu ponto de vista, essenciais são Enzo Fernández, que vai chegar muito mais cedo do que estava previsto, e, pelo filme do primeiro jogo de preparação, Ricardo Horta. Tratando-se de um jogador sobre o qual o treinador alemão disse o que lhe ia no pensamento, sem filtros, penso que não deve gastar-se mais tempo em querelas de bairro. O treinador quer o jogador, o jogador quer vestir a camisola da águia e, digo eu, é uma contratação que faz todo o sentido. Quando assim é, não há que hesitar. Se o interlocutor não facilita, Rui Costa assina o cheque no valor da quantia pretendida, que não é nada do outro mundo, e dá ordens ao jogador para se apresentar no estágio do Benfica. Porque, como alguém disse um dia, quem manda é quem paga.