Sauditas estão mesmo na moda
Depois de passar por cima do Flamengo, Al-Hilal luta por um inédito título mundial na final com o hiperfavorito Real Madrid
OReal Madrid venceu ontem o egípcio Al-Ahly sem precisar de forçar muito a nota (4-1) e apurou-se, como se esperava, para a final do Mundial de Clubes, sábado em Rabat, no estádio Príncipe Moulay Abdellah (19 h). O adversário não é o Flamengo, como milhões de adeptos rubronegros esperavam, mas o Al-Hilal de Riade (!!!), que venceu com toda a justiça o atarantado Mengão (3-2) num jogo marcado por grandes desempenhos do craque saudita Salem Al Dawsari (dois golos de penálti) e do argentino e ex-sportinguista Luciano Vietto (um golo e dois penáltis sofridos). Lembre-se que o Al-Hilal chegou aqui por ter conquistado a Champions asiática pela mão do português Leonardo Jardim, a 23 novembro de 2021. O futebol saudita está mesmo na moda e este triunfo do Al-Hilal, como mostrámos na Revista de Imprensa de A BOLA TV, valeu-lhes uma nova torrente de notícias positivas na Imprensa internacional.
O clube mais titulado da Arábia Saudita (rival do Al Nassr de Cristiano) tornou-se o primeiro daquele país e o terceiro do continente asiático atingir a final do Mundial de Clubes, depois dos japoneses do Kashima Antlers em 2016 (derrota por 2-4 com o Real Madrid) e do Al Ain, dos Emirados Árabes Unidos, em 2019 (derrota por 1-4 com o Real Madrid). O Al-Hilal será, assim, o terceiro adversário asiático dos merengues na final, que partem hiperfavoritos para o jogo ou não fosse o Real o clube que não disputa finais: ganha-as.
Ontem, numa meia-final mais morna do que a da noite anterior, valeram os bonitos golos de Vinícius, Fede Valverde, Rodrygo e Sergio Arribas (Luka Modric ainda falhou um penálti!), bem como a tentativa de reação da equipa egípcia depois do lateral Ali Maaloul ter reduzido de penálti. Ficou à vista que o Madrid, mesmo desfalcado de vários jogadores (Courtois, Éder Militão, Mendy, Lucas Vázquez, Benzema), mesmo a meio gás, tem métier mais do que suficiente para bater na final o Al-Hilal de Marega, Vietto, Carrillo e Al Dawsari e sair de Marrocos com o oitavo título mundial de clubes no bolso (terceiro para Carlo Ancelotti e 28.º internacional para o clube).
Voltando ao Al-Hilal. A inesperada derrota do Flamengo num jogo que era considerado favas contadas pela generalidade da Imprensa brasileira soa a sentença de morte para o treinador Vítor Pereira, a julgar pela acidez das críticas que lhe foram dirigidas não só pelos adeptos mas também pelos comentadores nos jornais e nas televisões. Lembre-se que Pereira vinha de perder a Supertaça brasileira para o Palmeiras (3-4) na primeira decisão da época. Muito criticado por ter substituído o uruguaio De Arrascaeta ao intervalo (jogador intocável para os adeptos), o treinador português sabe que a nação flamenguista não aceita que o Mengão leve três de uma equipa árabe cujo nome poucos conheciam até agora.
Apesar dos duros banhos de realidade que têm sofrido nos últimos (largos) anos, os brasileiros, de uma forma geral, continuam convencidos de que ainda estão no patamar cimeiro do futebol mundial. Pois bem. Não estão. Há muito tempo. Nem a nível de clubes, nem de seleção. Quanto mais demorarem a aceitar esta evidência, mais tempo demorarão a empreender o necessário processo de recauchutagem. E o Flamengo não mais tornará a cair na tonteria de gozar com um Real Madrid que lhe é infinitamente superior…
O CAMPEÃO LÁ VAI ANDANDO
OFC Porto poupou peças-chave em Viseu (Taremi, Evanilson, Grujic e Galeno no banco), foi competitivo qb num jogo e num relvado fracos e resolveu o assunto com um golo do médio André Franco. O campeão lá vai andando - sem nota artística, é verdade -… mas ganhando. Discutirá com o Famalicão a presença na final do Jamor e Sérgio Conceição, com a naturalidade de quem ganha mais do que os outros, aponta a uma terceira vitória na Taça de Portugal em quatro anos. Em vésperas do importante clássico de Alvalade, o FCP somou a oitava vitória consecutiva, sexta sem sofrer golos. É um sinal.
No próximo domingo, perante um Sporting ainda raivoso da Taça da Liga (apoiado em silêncio por milhões de benfiquistas), Sérgio sabe o que está em jogo. Se ganhar, deixa os leões a dez pontos e aumenta exponencialmente a ameaça ao líder. Perdendo pontos, alivia um Benfica receoso de que o FCP, mais competitivo e mais habituado a ganhar, possa vir a destruir-lhe o sonho do campeonato.
Hoje é a vez de SC Braga e Benfica decidirem qual dos dois discute com Casa Pia ou Nacional o acesso à final do Jamor. Não consigo apontar um favorito. É evidente que o Benfica tem melhor plantel e apresenta outra solidez de jogo, mas o SC Braga joga em casa (com a lembrança do recente 3-0), tem bons jogadores e a certeza de que a Taça de Portugal é a sua derradeira hipótese de título nesta temporada - o Benfica ainda tem o campeonato. Ademais, o SC Braga parece ter perdido a tibieza que o caracterizava nos jogos com as águias.
Veja-se que nos últimos dez confrontos, os guerreiros ganharam seis (!) e o Benfica apenas quatro. Questões interessantes: regressará Ricardo Horta? E Pizzi, como encarará este primeiro duelo com o clube onde foi tão feliz e de onde acabou por sair pela porta pequena? Como vai resolver Roger Schmidt o súbito (e abençoado) problema da abundância de soluções… mesmo sem Enzo a liderar a casa das máquinas?
MUNDIAL DE CLUBES: FINALISTAS INESPERADOS
OAl-Hilal é a terceira equipa asiática a disputar uma final do Mundial de Clubes e o adversário será o mesmo de sempre: o Real Madrid. Para as equipas brasileiras, foi a quarta eliminação em meias-finais, segunda às mãos de equipas árabes. Longe vai o tempo em que o campeão da Taça Libertadores impunha tanto respeito como o campeão europeu, que caminha para um décimo título consecutivo…