Ronaldo voltou mesmo a casa
Vê-lo ao lado de Messi ou treinado por Guardiola daria gozo tremendo
O Man. United pode não ter sido a primeira opção, porque ainda não será visto por Ronaldo como candidato tão forte à Champions quanto o rival City ou o reforçado PSG, mas será eventualmente a melhor. Regressa como lenda, tem Bruno Fernandes, Pogba, Sancho, Rashford e Greenwood para alimentá-lo, pode criar e beneficiar de um bom entendimento com Cavani, também inteligente e móvel, e o peso que a transição ofensiva tem no jogo de Solskjaer promete encaixar melhor com o que ele ainda quer ser em campo. O futuro é imprevisível, mas o contexto é-lhe mais favorável que noutros locais.
Mesmo que mantivesse papel dominador no lado azul de Manchester, o City obrigaria Ronaldo e Guardiola a encontrarem-se (pelo menos) a meio caminho e, mesmo assim, forçaria uma mudança de comportamento em campo que o português ainda não aceitou, com se pode ver na Seleção: ser cada vez mais apenas o homem do remate decisivo.
Em Paris, não. Haveria logo a questão do estatuto. A coabitação de Messi, Neymar e Suarez só funcionou em Barcelona porque brasileiro e uruguaio aceitaram ser apenas lugares-tenentes. Ronaldo não iria admiti-lo.
Mesmo assim, Old Trafford trará uma alteração de status quo que poderá causar danos no boss Bruno Fernandes. Os antecedentes na Seleção, com Ronaldo presente, não são bons: o rendimento é bem menor e não se ouve a voz de comando que ecoa pelo clube. Claro que fez questão de fazer parte do processo que culminou no regresso do compatriota, mas há que esperar, com a Seleção particularmente interessada.
Ver Ronaldo ao lado de Messi ou treinado por Guardiola dar-nos-ia um gozo especial, mas talvez não tivesse a mesma piada para o próprio. Que só se riria menos em Turim, preso numa Juventus que já não o via com os mesmos olhos e continua cheia de problemas.