Proença e a opção Portugal (editorial)
Pedro Proença na cimeira de presidentes. Foto: PAULO NOVAIS/LUSA

Proença e a opção Portugal (editorial)

OPINIÃO19.10.202309:13

O presidente da Liga tem conseguido criar um clima de paz e de sensibilidade à mudança

Pedro Proença assumiu o convite para presidir à Associação das Ligas Europeias. Procurou ser humilde quando justificou que a escolha poderá ter tido justificação no prestígio internacional do futebol português. No entanto, é legítimo dizer-se que os convites são feitos a pessoas e ao que essas pessoas representam pela obra feita. Proença tem sido um presidente da Liga reformador e equilibrado. Não é um cargo fácil, porque obriga a uma complexa pós graduação em diplomacia, além da necessária competência na gestão. A verdade é que Pedro Proença fez a Liga crescer financeira e politicamente. Sob o seu comando, os clubes profissionais portugueses têm vivido tempos de paz, algo que nos tempos que correm deve ser sempre valorizado, e têm trabalhado, uns mais entusiasticamente que outros, na concretização de modelos e de propostas que visam criar campeonatos profissionais mais competitivos e mais equitativos. Mas o ponto decisivo da liderança de Pedro Proença é a centralização de direitos audiovisuais. Proença trouxe, aliás, uma boa notícia, quando anunciou que há sérias hipóteses de antecipar a data de 2028, porque existem vários candidatos interessados e sabe-se como a centralização de direitos é um dos requisitos fundamentais na construção de campeonatos profissionais de futebol com uma dimensão que os poderá tornar interessantes para outros universos futebolísticos.

O presidente da Liga não tem dúvidas de que esse será um passo fundador de um novo futebol português, capaz de o compatibilizar mais com o reconhecimento internacional de que Portugal é uma fonte de talentos nas mais diversas áreas do futebol.

Respondendo objetivamente às dúvidas que se colocavam sobre qual seria a decisão ao convite que lhe foi formulado, Pedro Proença afirmou que, ou conseguiria conciliar as duas funções, ou, a ter de optar, optaria sempre por Portugal. E explicou que o momento é demasiado sensível para entregar, sem conclusão, alguns dos dossiers mais cruciais das últimas décadas do futebol nacional. E essa resposta é um garante de continuidade de um processo que poderia, de facto, ser posto em causa com uma liderança menos consensual e perigosamente divisionista.

O futebol português precisa urgentemente de se fazer cumprir. Já esteve mais longe.