OPINIÃO Pintistas e AVB's

OPINIÃO13.10.202411:00

Universo azul e branco dividido por duas fações. Assobios ao rendimento da equipa são legítimos, mas o problema é mais complexo. Uns optam pelo luto, outros aplaudem a nova era…

Estou plenamente convencido de que nenhum adepto do FC Porto quer que o seu clube perca, mas o espírito de guerrilha que se vive diariamente no mundo digital entre os apoiantes de Pinto de Costa e de André Villas-Boas dá origem a um ambiente tenso, ao ponto muitos associarem os assobios à equipa — que se encolheu no final das partidas com o Manchester United e o SC Braga, baixando de forma deliberada o bloco e deixando a baliza de Diogo Costa à mercê dos adversários — a esse clima inóspito. Os adeptos são soberanos e nem mesmo Sérgio Conceição durante o seu reinado escapou à ira da exigente massa associativa azul e branca, tendo o carro em que seguia a sua família sido apedrejado num ataque cobarde, depois de uma derrota caseira com o Club Brugge (4-0) na Champions.

André Villas-Boas mexeu com o status quo instalado e arranjou inimigos no reino azul e branco depois ter feito Pinto da Costa cair com estrondo do cadeirão presidencial, algo que não agradou aos seus fiéis seguidores, ávidos, agora, de algo em que possam pegar para destilar veneno atrás dos teclados. Independentemente dos gostos pessoais, há uma verdade indesmentível e que se prende com obra já feita pelo homem que acabou por um longevo regime instaurado no clube durante mais de quatro décadas. Salvou o clube da bancarrota, depois de a anterior Administração o ter deixado num caos financeiro.

No futebol a racionalidade nem sempre abunda e qualquer deslize ou exibição menos conseguida pode dar azo a mais um ataque à nova Direção e igualmente Vítor Bruno, porquanto os apoiantes de Pinto da Costa são também eles acérrimos defensores de Sérgio Conceição, treinador de inegáveis qualidades, o mais titulado ao serviço do FC Porto e que se tem mantido, no meio deste turbilhão de emoções, uma postura de absoluto silêncio, embora, naturalmente, atento a tudo o que rodeia a atualidade portista.

Está mais do que comprovado que este cenário de divisão não irá parar, pois o luto por Pinto da Costa é acentuado e nada do que André Villas-Boas faça, mesmo que isso implique salvar o clube da ruína financeira, será louvado pela ala da oposição. Por seu lado, e por muito que dê provas inequívocas de competência, com a sua equipa devidamente habilitada nas mais várias áreas a conseguirem limpar a imagem nefasta do FC Porto junto dos fornecedores, das instâncias do futebol e judiciais, André Villas-Boas sabe que é imperioso conquistar o campeonato, talvez a única forma de calar os críticos.

Com o FC Porto em segundo lugar no campeonato, a três pontos do Sporting, uma Supertaça Cândido de Oliveira ganha numa reviravolta épica em Aveiro e com tudo em aberto na Liga Europa, é tempo de os portistas, todos, pintistas ou da ala AVB, meterem a mão na consciência e pensarem como podem ajudar a jovem equipa montada num cenário de enorme adversidade financeira: assobiando nos momentos adversos ou fazendo com que o Dragão provoque medo cénico aos adversários assim que pisavam o relvado? Um pouco de consciência será meio caminho andado para o sucesso desportivo. Pensem nisso. E, já agora, assobiem para o lado…