Mauro Xavier, adepto do Benfica, defende o fim da Taça da Liga
Mauro Xavier, adepto do Benfica, defende o fim da Taça da Liga (Foto: Miguel Nunes)

Pelo fim da Taça da Liga

Esta tribuna livre, espaço de opinião em A BOLA, é da responsabilidade de Mauro Xavier, gestor e sócio do Benfica

A Taça da Liga foi criada em 2007/08, por proposta do Sporting e do Boavista, com o objetivo de aumentar a competitividade entre os clubes e gerar mais receitas. Na época, o Campeonato Nacional tinha 16 equipas, a Liga dos Campeões contava com apenas seis jogos na fase de grupos e a Liga Europa ainda se chamava Taça UEFA, enquanto a Liga Conferência não existia. Neste contexto, a competição fazia sentido.

Desde então, o futebol mudou drasticamente. O Campeonato Nacional passou a ter 18 equipas, aumentando o total de jogos de 30 para 34 por temporada. As competições europeias também se reformularam: a Liga dos Campeões agora exige oito jogos na fase inicial, mais dois no play-off, enquanto a Liga Europa e a Liga Conferência adotaram modelos semelhantes. Além disso, as seleções nacionais têm calendários mais intensos, com mais jogos e competições.

Esta densidade crescente criou desafios sérios. Em Portugal, é comum ver clubes disputarem sete jogos em apenas 21 dias. Este ritmo provoca desgaste físico e mental nos jogadores, resultando em lesões frequentes. A introdução do novo Mundial de Clubes só intensifica este cenário.

A Taça que nos une!

16 janeiro 2025, 09:15

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Esta tribuna livre, espaço de opinião em A BOLA, é da responsabilidade de Pedro Proença, presidente da Liga Portugal

Entretanto, a Taça da Liga perdeu relevância. O vencedor recebe um prémio financeiro inferior ao valor recebido por uma vitória na fase de grupos da Liga dos Campeões. Assim, a competição tornou-se redundante num calendário já sobrecarregado, funcionando mais como fonte de financiamento para a Liga do que como benefício real para os clubes. O Benfica, ao conquistar a sua oitava Taça da Liga, expõe o paradoxo da competição: é nos momentos de vitória que devemos refletir sobre a sua pertinência. Assim como o Sporting e o Boavista propuseram a criação da Taça da Liga, o Benfica deveria liderar a proposta para a sua extinção.

A alternativa passa pela reformulação da Supertaça Cândido de Oliveira. Este novo formato incluiria quatro equipas: o campeão da Primeira Liga, o vencedor da Taça de Portugal, o segundo classificado da Primeira Liga e o finalista vencido da Taça. Para aumentar a credibilidade e evitar comparações recorrentes com critérios do campeonato, os jogos seriam arbitrados por árbitros estrangeiros. A Supertaça seria disputada no início da época, num modelo que garantiria um impacto superior ao da Taça da Liga. O exemplo espanhol da Supercopa disputada este fim de semana é elucidativo: ao passar para um formato de Final Four, com jogos realizados fora do país, a competição ganhou uma projeção internacional bastante superior, atraindo novos públicos, patrocinadores de peso e receitas milionárias. Com uma abordagem estratégica, Portugal poderia replicar este sucesso.

Eliminar a Taça da Liga reduziria o calendário em dois jogos para os finalistas, aliviando a carga sobre os atletas e permitindo um maior foco nas competições prioritárias. Chegou a hora de Portugal repensar o seu modelo competitivo. As provas nacionais precisam de evoluir para atender às novas exigências globais do futebol. Se queremos triunfar na Europa e garantir a sustentabilidade dos clubes portugueses, é essencial criar condições para que as nossas equipas prosperem.