O Sporting joga como gente grande e o Benfica já é outro
Gyokeres, para não variar..., voltou a fazer a diferença, agora na Champions, frente ao Lille. Foto: Grafislab

O Sporting joga como gente grande e o Benfica já é outro

Resposta afirmativa dos leões no primeiro teste num novo patamar. Bruno Lage chegou, mudou e venceu. Colocar os jogadores certos nos lugares certos foi meio caminho andado

Bom regresso do Sporting à Liga dos Campeões. Depois de uma época de ausência, os leões surgiram personalizados e averbaram uma vitória segura. Os comandados de Rúben Amorim cresceram muito durante este ano de ausência entre a elite europeia. A campanha no campeonato transato foi quase imaculada, com a equipa a vencer e convencer a cada semana. Faltava subir um patamar e uma resposta afirmativa, principalmente depois da derrota no braço de ferro com o FC Porto: derrotas na final da Taça de Portugal e na Supertaça e vitória no último clássico.

O Lille não é propriamente um grande europeu, mas tratava-se de um jogo de Champions, da nova Champions, na qual nesta fase de liga os pontos são ainda mais importantes. O 2-0 de Alvalade na prática vale o mesmo que o 9-2 do Bayern, já que a contabilidade dos golos, se for necessária, far-se-á bem lá mais para a frente.

Creio que tanto Sporting como Benfica devem ter como objetivo para esta Liga dos Campeões posicionarem-se entre o 9.º e o 24.º lugares, que valem o apuramento para o play-off de acesso aos oitavos de final, na prática os 16 avos de final. Parece-me que as oito primeiras posições estão reservadas para os tubarões e só um trajeto praticamente sem erros permitiria uma intromissão lusa. Daquelas que só sucedem quando todos os astros se alinham.

O Sporting respondeu afirmativamente. Seguro, confiante, soube esperar pelo momento para ferir os franceses, com o suspeito do costume a fazer a diferença. Há coisas que nunca mudam. Deem-se as voltas que se derem, o Sporting é Gyokeres e mais 10. E não pode ser de outra forma. O sueco é um jogador diferenciado e a melhor estratégia, claro, é potenciá-lo. Rúben Amorim tem sido hábil e não perde nem um segundo em compor o puzzle de forma a que o ponta de lança melhor encaixe. Não há como não elogiar a maturidade de uma equipa que se apresentou na grande montra com uma defesa sub-23, e aqui estão nada mais nada menos do que cinco unidades, e jogou como gente grande.

O futebol tem evoluído muito, é bem diferente de há uma década, mas há coisas que não mudam. E o jogar simples continua a ser uma virtude. Cada peça no seu devido lugar é, tal como nos CTT, meio caminho andado. Foi isso que senti ao ver o Benfica com o Santa Clara. Bruno Lage regressou à Luz e não inventou. Eu, que gosto de coisas simples, apreciei a transformação dos encarnados. E o que treinador fez foi muito… simples. Basicamente, colocou os jogadores certos nos lugares certos. Nada de dois siameses a meio-campo (Florentino e Leandro Barreiro), que a génese do clube não permite que a equipa se apresente encolhida, antes que os criativos tenham espaço para se libertar e que os mais dotados joguem mais próximo da baliza. Depois, claro, pediu aos jogadores para se libertarem das amarras alemãs e que jogassem com alegria. Basicamente, uma injeção de confiança.

A resposta dificilmente poderia ter sido melhor depois de ter sofrido um golo praticamente na bola de saída. Noutros tempos acredito que tivesse feito mossa. Agora foi como se não tivesse existido. Assim ao jeito de: ‘vamos lá, faltam 90 minutos, isto ainda nem começou.’ Foram quatro golos e muitos outros ficaram por marcar.

Não tenho dúvidas, o Benfica já é outro. Recuperou a alegria e a confiança vem com os resultados. Os indicadores estão lá, a confirmar já hoje em Belgrado.