O próximo treinador do Benfica

OPINIÃO02.04.202206:55

A eventual escolha da escola alemã para liderar a grande mudança no futebol do Benfica não deixa de ser uma escolha com visão de futuro

NENHUMA das notícias recentemente vindas a público sobre a contratação do treinador alemão, 55 anos, Roger Schmidt, para treinar o Benfica nas próximas épocas foi confirmada pela administração da SAD do clube. Portanto, não é oficial. Porém, não quer dizer que seja mentira. É natural que o Benfica, através da sua comunicação oficial tente fazer chegar algumas notícias contraditórias  e que no essencial deixam em aberto a possibilidade de Nelson Veríssimo continuar na função que atualmente exerce. O Benfica ainda tem jogos muito importantes na época, apesar da sua qualificação no campeonato estar desenhada e traçada. Mas também está em plena competição nos quartos de final da Champions e, por tudo isso, mais uma mera e compreensível questão de respeito pelo seu atual treinador, entende-se que não haja qualquer sinal oficial sobre a mudança de treinador.

Falou-se, entretanto, na falta de controlo do Benfica sobre notícias de decisões estruturantes previstas para o seu futebol profissional. Desta vez, porém, a fuga de informação chegou diretamente da Alemanha, através de um jornal credível e habitualmente bem informado, o que deu força à hipótese, francamente provável, do Benfica  apostar na escola alemã, através de Roger Schmidt, para iniciar um novo ciclo de mudança profunda no seu futebol profissional, que venha a ser vista no futuro como uma marca registada de Rui Costa na viragem de página capaz de assumir, de vez, a rutura com o passado recente, muito personalizado no ex-presidente Luis Filipe Vieira.

Independentemente de se confirmar o nome do treinador alemão, a ideia de que o Benfica desejaria optar por um técnico estrangeiro vai sendo confirmada pelo aparente desinteresse em que foram caindo algumas candidaturas nacionais, de Leonardo Jardim a Vítor Pereira, de Luis Castro a Marco Silva. Além disso, é voz corrente na Luz de que, na atual realidade que envolve a equipa e o seu balneário, seria aconselhável a escolha de um líder menos permeável aos usos e costumes mediterrânicos. Por isso, a primeira escolha, antes ainda do perfil do treinador, pode ter sido a da naturalidade. Primeiro, português ou estrangeiro? depois, Italiano? - um futebol que Rui Costa conehce como a palma da mão? - alemão? holandês? espanhol? Entre as escolas de top dos melhores treinadores do futebol mundial, além da escola portuguesa, a alemã e a holandesa têm, hoje, uma maior sensibilidade para se relacionarem com políticas fortes de formação de jogadores. A escolha passaria, então, a depender do mercado e é verdade que a saída de Schmidt do PSV abriu as portas para uma contratação de um técnico que se encaixa perfeitamente na lógica de preferências de Rui Costa.
 

Nélson Veríssimo, treinador do Benfica


Coloca-se, entretanto, uma nova e decisiva questão ao Benfica. Com estes jogadores e sem uma reestruturação profunda e rigorosa na equipa, não será possível suportar um futebol de alto ritmo competitivo e de grande intensidade ofensiva como é o futebol habitualmente pensado e trabalhado por Roger Schmidt.

Um futebol atrativo, um futebol que faria o Benfica e os seus adeptos regressarem à sua antiga cultura de futebol de ataque e de espetáculo entusiasmante, mas que obriga a ser interpretado por jogadores que sejam verdadeiros atletas, capazes de correrem o tempo todo com e sem bola, capazes de pressionarem o adversário muito à frente, o que inevitavelmente obriga a defesas com velocidade para chegarem primeiro às bolas nas suas costas. Ou seja, uma perspetiva atrativa, mas inevitavelmente transformadora e, por isso,cara. 


DENTRO DA ÁREA – E, AGORA, VEM AÍ O LIVERPOOL... 

Em Braga, o Benfica jogou de preto. Simbólico para uma equipa que durante muito tempo pareceu um grupo de baratas tontas. A superioridade técnica, tática e física dos minhotos chegou a ser de tal ordem que tornou o Benfica indigente, procurando uma saída do labirinto em que se viu metido. Encontrou, enfim, uma janela num daqueles penaltis de VAR e ainda chegou ao empate, mas tem um problema insanável de qualidade de alguns jogadores. E isso, verdadeiramente, deve assustar os benfiquistas em vésperas de jogo com o Liverpool. 


FORA DA ÁREA – A INFLAÇÃO VAI SUBIR MUITO 

Eu pertenço ao escasso número de homens que vão ao mercado, conhecem os nomes dos peixes, percebem se são de mar ou de viveiro, reconhecem no olho e nas guelras se têm muito tempo de gelo, sabem comprar frutas e legumes, escolhem, quando é possível ter esse privilégio, agricultores tradicionais, compram pão feito em fornos de lenha e compram carne de produtores nacionais qualificados. Uma admirável herança dos ensinamentos de minha mãe. Por isso, tenho noção de que a inflação já disparou e vai continuar a subir. MUITO!!!