O problema do Doping escondido

Jannik Sinner, atual número 1 do ténis e finalista do US Open, testou recentemente positivo num controlo antidoping. A substância em causa é a Clostebol, um anabolizante utilizado para melhorar a recuperação de lesões. O tenista justificou-se, alegando ter sido contaminado pelo fisioterapeuta, que teria utilizado uma pomada com essa substância para tratar uma ferida a si próprio e, posteriormente, terá passado para si através do contacto com a pele nas sessões de tratamento.

Já ocorreram outros casos em que atletas utilizaram medicamentos ou suplementos alimentares de forma indevida e que, sem conhecimento dos riscos que corriam, acabaram por também testar positivo. Papu Gómez, campeão Mundial de futebol pela Argentina, testou positivo num controlo antidoping em 2022 após ingerir xarope para a tosse que pertencia ao filho.

Um estudo de revisão de 2022 (1), que compilou os resultados de 50 outros estudos, sendo a maior parte feita em solo europeu, e em que, no total, foram avaliados 3132 suplementos alimentares, concluiu que estavam presentes substâncias não declaradas no rótulo em cerca de 28% das amostras. É, por isso, fundamental que os atletas e quem os circunda estejam ciente dos riscos que correm e se informem devidamente antes de comprar ou usar o que quer que seja.

Numa atualidade em que cada mais se vê suplementos alimentares à venda e com acesso facilitado, é curioso que estes ainda não sejam devidamente fiscalizados, não só pelos riscos para atletas, mas, também pelos riscos de saúde que podem advir em alguns casos para populações mais vulneráveis.

Existem já algumas entidades como a Informed Sports ou a Cologne List que testam alguns lotes de suplementos alimentares e que lhes confere uma maior segurança quanto à ausência de substâncias dopantes. É importantíssimo olhar a estes pormenores aquando da compra destes produtos, principalmente no caso dos atletas.

Bibliografia:

1. Kozhuharov VR, Ivanov K, Ivanova S. Dietary Supplements as Source of Unintentional Doping. Biomed Res Int. 2022;2022:8387271.