O pecado de Amorim

OPINIÃO07:30

Frontalidade e franqueza do treinador do Sporting nas conferências de imprensa só funcionam a seu favor; 'Para lá da linha' é uma opinião semanal

Ouvir uma conferência de imprensa de Rúben Amorim é um pesadelo. Mas dos bons, calma. A riqueza do discurso torna quase impossível detetar palha. A dificuldade é deixar bons títulos de fora.

A conversa com os jornalistas na antevisão ao jogo com o Estoril foi uma masterclass de comunicação.

Israel na baliza, Harder e o melhor Sporting: tudo o que disse Rúben Amorim

26 setembro 2024, 13:43

Israel na baliza, Harder e o melhor Sporting: tudo o que disse Rúben Amorim

Treinador dos leões abordou vários pontos na antevisão ao duelo com o Estoril. Quaresma e Inácio estão aptos, Edwards e Pedro Gonçalves riscados até à pausa das seleções, Israel será o dono da baliza, as recentes declarações do técnico sobre Nuno Santos e a adaptação de Harder e Debast e Maxi Araújo. Tudo sobre aquele que considerou o «melhor Sporting» desde a sua chegada a Alvalade

Na época passada foi acusado de falar de mais na altura da viagem a Inglaterra, mas para mim continua a comunicar na medida certa. Até 'vira o feitiço contra o feiticeiro' quando diz que os jornalistas se queixam de que os treinadores pouco dão, mas quando dão… Melhor ser ele a falar: «Falo abertamente com vocês, acho engraçado estarem-se a queixar do que falo abertamente; querem uma porta aberta, quando damos mais um bocadinho é um problema… não percebo porque se queixam.» O problema aqui era só se ter usado parte do que disse sobre Nuno Santos, mas o recado ficou dado.

E agora li a abertura deste texto e vi que me estou a queixar dele por ser bom de mais e cometer o pecado de ser interessante. Tenho a suspeita de que isto dificilmente vai mudar.

Mas Amorim até é assim com os jogadores: «O Nuno Santos é inteligente e sabe que quando vocês o criticam quem o defende sou eu. Se calhar às vezes falo com uma abertura que não devia, mas deviam ser os últimos a queixar-se disso.»

Tenho também um desejo. Espero que ele não mude. Muito na onda de um confiante Abel Ferreira, que também se prepara para tudo o que lhe atiram nas conferências de imprensa no Brasil, que chegam a durar meia hora. Sim, 30 minutos de perguntas e respostas. Leva apontamentos, uma caneta. E sábado, depois do jogo do Palmeiras, confessou mesmo essa preparação: «Olham para o Abel agora, mas não sabem o que tive de abdicar. Com 27 anos, não conseguia falar em público. Se eu consigo, todos conseguem. Com técnicas, estudar, tirar cursos, nas primeiras vezes tremia e suava. Se me dissessem que ia conseguir falar para uma plateia, diria que era impossível. Os nossos maiores limites somos nós mesmos.» Uma ideia que vou tentar também levar para mim quando me frustro com a riqueza que as conferências de Rúben Amorim oferecem.