O dia em que o Futebol gritou ‘nós’
Pedro Proença, presidente da Liga Portugal e da European Leagues (Rui Raimundo)

O dia em que o Futebol gritou ‘nós’

É com esta união e com estas contas que se cimenta a tal regra MCC de que fala Pedro Proença: maturidade, credibilidade e confiança. Quando assim é, o futuro pode dormir descansado. 'Futebol#NãoPára' é o espaço de opinião quinzenal de Vasco Pinho, diretor executivo da Liga Portugal

O International Club of Portugal organizou na quinta-feira mais um excelente almoço-debate que desta vez teve como orador o Presidente da Liga Portugal e da European Leagues, e quando questionado sobre a forma como hoje consegue unir os protagonistas desta indústria e, nomeadamente, juntar à mesma mesa os Presidentes dos Clubes, Pedro Proença respondeu assim. «Porque hoje a Liga Portugal tem o que chamo de regra MCC: maturidade, credibilidade e confiança.»

Nem de propósito, no dia seguinte, sexta-feira, deu-se a histórica aprovação, em Assembleia Geral da Liga Portugal, por unanimidade, da proposta apresentada pelo FC Paços de Ferreira com vista à manutenção da distribuição equitativa das verbas de solidariedade provenientes da UEFA aos Clubes da Liga Portugal 2 Meu Super, que visa garantir um apoio financeiro justo e equilibrado entre todas as Sociedades Desportivas.

Apesar do aumento do bolo a nível europeu, uma vez que as verbas do mecanismo de solidariedade (destinadas aos Clubes que não participam nas provas da UEFA) aumentaram mais de 70 por cento, os Clubes da Liga Portugal Betclic não hesitaram, de forma madura e responsável, em dividir o valor com os emblemas da Liga Portugal 2 Meu Super, numa decisão que vai ao encontro do princípio que tem regido o Futebol Profissional neste milénio. E assim, todos vão ganhar mais do que até aqui.

Recorde-se que o Comité Executivo da UEFA tinha aprovado na terça-feira o novo modelo de redistribuição de verbas para os clubes que não participam nas competições europeias, com a European Leagues a ter um papel fundamental na decisão de manter a partilha desse valor com os Clubes das segundas divisões das pequenas e médias Ligas da Europa, sendo necessário, para tal, a concordância de três quartos dos clubes primodivisionários de cada país, como se verificou em Portugal.

Para se ter noção da real dimensão desta conquista, um dos possíveis cenários das propostas discutidas com a UEFA previa que as verbas do mecanismo de solidariedade passassem a ser repartidas única e exclusivamente pelos clubes das principais divisões (no caso de Portugal, os clubes da Liga Betclic), mas, durante as reuniões com a UEFA e com a ECA (European Club Association), a European Leagues conseguiu resgatar a possibilidade de os Clubes das segundas divisões continuarem a ser contemplados.

Uma nota ainda para a aprovação do Relatório e Contas 2023-24 da Liga Portugal, na mesma Assembleia Geral, com um resultado consolidado positivo de €2,6 milhões, ou seja, 234 por cento acima do valor previsto em orçamento (€1,1 milhões) e com rendimentos superiores a €29 milhões, maior registo da história do organismo, o que permitirá também a maior distribuição de sempre às Sociedades Desportivas, na ordem dos €10 milhões, naquele que foi o nono ano consecutivo com resultados operacionais positivos.

É com esta união e com estas contas que se cimenta a tal regra MCC de que fala Pedro Proença: maturidade, credibilidade e confiança. Quando assim é, o futuro pode dormir descansado.