O jogo das expectativas
1. Não criar expectativas, a partir de uma determinada altura torna-se insustentável. Passa-se o tempo a marcar passo, adia-se a possibilidade de uma conquista que parecia impossível e temos de nos esforçar bastante para ser racionais e não deixar ativos os sinais de impaciência.
Há diferentes graus de expectativa: uma mais ativa, porque acha que pode ganhar tudo ou quase, e outra mais passiva, porque, querendo ser realista, aceita com mais parcimónia o que vier. A pressão colocada sobre clubes e jogadores é variável e determinada por múltiplos fatores, as camisolas têm peso, como se diz, e esse peso ou se transforma em aspiração e alegria de jogar, ou passa rapidamente da expectativa à desilusão. E depois num rasgo, outra vez da desilusão à possibilidade de cumprir a expectativa. Aprende-se a gerir expectativas para manter ativa a adrenalina mais tempo.
Dito isto, a chegada de Álvaro Pacheco ao Vitória não podia ter corrido melhor e as imagens do abraço de Varela no fim do jogo são reveladoras daquilo que modestamente anunciei como instintivo na minha última crónica, a de que este treinador tem perfil certo e capacidade de empatia única para um clube com as nossas características. Não vou mudar a regra da gestão de expectativas, mas começa a ser mais difícil.
2. O futebol, tem um poder e uma dimensão extraordinária como mobilizador e regenerador de forças e vontades, e às vezes, muitas vezes, distraímos-nos daquilo que realmente importa, a celebração coletiva, apesar das diferenças, da geografia e das circunstâncias. Por estes dias, o que está acontecer em Gaza, o que aconteceu em Israel, devia obrigar-nos a parar por longos minutos de silêncio, em nome da Paz, e da possibilidade de podermos continuar a celebrar em liberdade, sem as feridas da guerra e do ódio. Também aqui, as expectativas definham, mas esta é uma luta em que deveríamos jogar todos para o mesmo lado, e ganhar!…