O elefante na sala da Seleção Nacional

OPINIÃO26.09.202206:30

Depois de tantas e tantas vezes a carregar a Seleção nas asas do seu talento, chegou a altura de ser a Seleção a ajudar ao ‘regresso’ de CR7...

O K, vamos lá falar do elefante na sala da Seleção Nacional. Quem é? Cristiano Ronaldo, claro está. O capitão da turma das quinas, 190 vezes internacional e autor de 117 golos nesses jogos, conquistador do Europeu e da Liga das Nações, cinco vezes considerado melhor jogador do Mundo, detentor de quatro Botas de Ouro, maior goleador da história do futebol e vencedor de 34 títulos coletivos ao longo da carreira, está em má forma, na pior forma que me lembro ver-lhe. Não sei se o mal está numa ansiedade que nem procura disfarçar, se precisa de uma noite em que tudo lhe saia bem para libertar o ketchup, se está ainda a pagar o preço de uma pré-época que escolheu não fazer, ou se estamos perante danos mais profundos, provocados pelo braço de ferro que manteve com o Manchester United. Uma coisa é evidente, Cristiano Ronaldo está a milhas do jogador que nos habituou a ser, e a ideia que transparece é que a Seleção Nacional, que ele tantas e tantas vezes levou às costas, tem agora por missão ajudá-lo a recuperar a confiança.

Em Praga, CR7 não fez um bom jogo, perdeu até um golo de baliza aberta e teve a malapata de meter a mão no caminho da bola na nossa área de rigor, valendo a Portugal a falta de pontaria de Patrick Schick dos onze metros. Mas, apesar de tudo, num departamento Ronaldo esteve insuperável, o da entrega à camisola das quinas, mantendo-se em campo depois de uma entrada duríssima que lhe deixou a canela rasgada e, sobretudo, após um encontro imediato de terceiro grau do seu nariz com os punhos do guarda-redes checo, que o maltratou bastante. 

O compromisso de CR7 com a Seleção Nacional não se questiona, e até se percebeu a decisão de Fernando Santos de mantê-lo em campo durante os 90 minutos, numa tentativa de elevar-lhe os níveis de confiança. 

Dito tudo isto, neste momento de forma periclitante, Cristiano Ronaldo deve manter-se como titular da Seleção?

Muito francamente, creio que sim. E não é só pelo impacto que a sua presença tem nos adversários. Acredito que se trata de uma fase má que será tão mais rapidamente ultrapassada quanto houver um click moralizador que liberte o verdadeiro Cristiano. Pode ser contra a Espanha, pode ser no Mundial, mas, é minha convicção, ainda vivemos na era de CR7. 
 

ÁS – DIOGO DALOT

Exibição de luxo em Praga, coroada com dois golos, o segundo de levantar o estádio. Está bem servido de lateral-direito o Manchester United, enquanto Portugal vive inaudita abundância no setor, no qual João Cancelo está entre os dois ou três melhores do Mundo. Abunda o talento na Seleção Nacional... 
 

ÁS – FRANCES TIAFOE

O duplo vice-campeão do Estoril Open (em 2018 perdeu a final para João Sousa) foi o herói da equipa Mundo que ontem derrotou, em Londres, a Europa, conquistando a Laver Cup. Tiafoe venceu o jogo decisivo frente ao favorito Tsitsipas, assinando uma performance de sonho, que levou ao rubro o capitão John McEnroe.
 

ÁS – REMCO EVENEPOEL

Finalmente, quase meio século depois de Eddy Merckx, vislumbra-se no horizonte um novo canibal belga. Depois de vencer a Vuelta de forma categórica, Evenepoel voou pelas estradas australianas durante mais de seis horas para deixar a enorme distância a concorrência e sagrar-se campeão do Mundo. Impressionante!