O craque ou... a ideia?
Guardiola não andava distante da glória, mas ter-se-á cansado de esperar
PEP GUARDIOLA trabalha um modelo há 14 épocas. Ao longo da carreira, o perfecionismo levou-o a ser sempre capaz de acrescentar conceitos à ideia original, o que o mantém no topo até hoje, embora sem conseguir alcançar a consagração continental ao serviço de Bayern e (para já) do Manchester City. Longe de Barcelona, o espanhol teve de tentar ele próprio construir uma catedral semelhante à que Johan Cruyff erguera na Catalunha e que tinha ficado à sua responsabilidade, embora sobre um solo bem menos firme. Não tinha La Masia ou Messi e foi, inclusive, obrigado a adaptar-se, sobretudo na Baviera, perante um elevado número de jogadores mais verticais e não tão enquadrados com as exigências do ataque posicional. O meio-termo tornou-se curto para a Liga dos Campeões. Já em Manchester, nem sequer a cultura de vitória, com que contava na Alemanha, existe, o que compensou com muitos milhões gastos.
A verdade é que Guardiola não andava distante da glória, porém ter-se-á cansado de esperar. A contratação de Erling Haaland, um jovem avançado com um potencial extraordinário e que certamente marcará muitos golos com a camisola dos Cityzens, mas que obrigará a um grande esforço de acomodação no modelo, sugere-o. O norueguês é alguém que ataca o espaço, em velocidade e potência, enquanto os colegas jogam no pé e procuram o momento certo para a rotura. Mais uma vez, Guardiola vai ter de procurar um meio-termo, este provocado por si próprio, e com riscos de que não seja suficiente, pelo menos a longo prazo. A Supertaça mostrou alguns golos falhados por Haaland sim, todavia a supremacia dos Reds foi evidente.
Já Darwin, que até tem perfil semelhante, faz muito mais sentido para Klopp, como se esperava. O uruguaio vai ter as bolas no espaço que pede porque o Liverpool já joga assim. Encaixa na ideia.