O clássico mexeu com o Dragão

OPINIÃO18.01.202119:53

Tem sido através da comunicação que o FC Porto ainda tenta equilibrar o clássico

U M clássico tem sempre peso maior do que outros jogos. É impossível quantificá-lo grama a grama ou, de acordo com a nova métrica, frame a frame, mas é um facto. Sair por cima de um confronto direto pode ter importância quase decisiva na temporada. No epicentro do muito que ainda está por explicar no descalabro do Benfica de Bruno Lage está o Dragão. A derrota deixou fragilidades internas e a estrutura coletiva encarnada implodiu logo depois.
É por aí que o clássico de sexta-feira, mesmo desvalorizado como de costume, ganhou relevo. O rasto de superioridade deixado nos quatro embates anteriores com as águias, o último dos quais já com Jorge Jesus, era sinal mais do que suficiente de que os portistas podiam ferir o rival novamente com gravidade em sua casa. Mas fracassaram.
Se o modelo estratégico dificilmente poderá ser usado noutros encontros, pelo efeito surpresa e pelo que explorou nos posicionamentos específicos adotados pelos homens de Conceição, o Benfica recupera, com exibição sólida - embora com falhas, sobretudo nas bolas paradas defensivas -, a aura perdida do seu treinador e a crença dos próprios jogadores no processo.
Tem sido através da comunicação posterior que o FC Porto ainda tenta equilibrar o clássico, ao recuperar a inferioridade numérica recorrente como tema e ao sublinhar a insatisfação por não ter vencido. O resultado e, sobretudo, a forma como o adversário se mostrou superior, mexeram com os dragões. Falharam o primeiro xeque, porque as águias funcionaram pela primeira vez como um coletivo estrategicamente bem montado e a dar resposta individualmente. Não venceram, mas pareceu mais consequência de definição do que de processo.
Ao Benfica faltará agora continuidade. O FC Porto irá querer corrigir rapidamente a imagem mais frágil deixada.