Não ganhámos, temos projeto para ganhar, mas precisamos de mais
Com a mesma pontuação do que no ano passado, e com uma excelente resposta a uma das equipas que nos ‘roubou’ três pontos, encerrámos uma época promissora
AS contas do campeonato já estavam feitas e os três grandes venceram os seus jogos. Porto e Benfica ganharam 2-0 (Estoril, em casa, Paços de Ferreira, fora) e o Sporting venceu em Alvalade pelo dobro - 4-0 sobre o Santa Clara. Foram os açorianos que na primeira volta nos fizeram perder pela primeira vez, das três derrotas que tivemos no campeonato (as outras duas foram em casa, perante o Braga, quase inexplicável, e face a um ultra defensivo Benfica que, nesse caso, mereceu ganhar).
Com três derrotas (na época passada foi apenas uma), houve mais vitórias (na realidade apenas mais uma, 27 em vez de 26), e menos empates (quatro, em vez de sete). Não se pode dizer que tenha sido uma má época, como se vê pela pontuação final (os mesmos 85 pontos que há um ano); até porque deixámos o Benfica a maior distância... O nosso problema, se de um problema nosso se pode falar neste assunto, foi o Porto ter batido o recorde de pontos. Alcançou 91, apenas com uma derrota e quatro empates. Além disso, foi a equipa que mais golos marcou - 86, contra 78 do Benfica e 73 do Sporting - e a que menos sofreu - 22, contra 23 do Sporting e 30 do Benfica. Em resumo, e visto de relance, ao Sporting faltou concretização para vencer jogos, como ao Santa Clara, nos Açores, que perdeu por 2-3, depois de estar a ganhar 1-0 e 2-1; e ao Braga, em casa, que perdeu 1-2 depois de ter iniciado o marcador. Foram dois jogos que, transformando as oportunidades e os remates feitos em golos, dariam vitórias e, com elas, a sagração final no campeonato. Não aconteceu, mas a equipa, como sempre disse o treinador Rúben Amorim, estava mais madura, mais sólida. No entanto, alguns aspetos existiram que é necessário limar para a época que vem.
Naturalmente, depois de conseguir duas entradas diretas consecutivas para a Champions, e com os resultados que foi fazendo, há jogadores do Sporting muito pretendidos. Outros, felizmente - esta semana foi a vez de Pedro Porro - mantêm-se no plantel, onde fazem muita falta ao desenho de jogo que o treinador indica.
Rúben Amorim quer saber o mais rápido possível com que jogadores conta para 2022/2023
OS INDISPENSÁVEIS
NÃO percebo de futebol ao ponto de saber construir uma equipa e pô-la a jogar com personalidade própria e espírito vencedor. Por isso nunca fui treinador e, mesmo de bancada, custa-me sê-lo. No geral, não entendo muito bem as críticas que se fazem a um jogador que, quanto a mim, não se está a sair mal, nem porque se glorificam jogadores banais. Mas não é preciso um curso (e Rúben bem o demonstrou) para perceber que a época de Pedro Gonçalves no ano passado foi melhor do que a deste ano. O mesmo diria de Gonçalo Inácio e de Palhinha, ainda que os três sejam grandes jogadores; ao contrário, claro que Matheus Nunes, Matheus Reis e Ugarte subiram em flecha, ao passo que me parece que Coates manteve a soberania defensiva, coadjuvado por Feddal e, às vezes, por Neto, sem grandes diferenças. Nuno Santos, Edwards e Esgaio estiveram ao seu nível, que é elevado, mas de Vinagre esperava mais. E Adán é um senhor!
Claro que Nuno Mendes fez muita falta, ao contrário de João Mário, cuja ausência não se notou (e cuja presença no Benfica não foi gloriosa); e que dizer de Paulinho? Pergunto, sem segundas intenções, uma vez que a esperada entrada de Slimani poderia colmatar um défice de pontas de lança (ou strickers), mas não resultou. Ao contrário, o jovem TT (Tiago Tomás) ajudou o Estugarda a recuperar na Bundesliga e vai lá manter-se para o ano. Por último (e sem desprezar os mais novos e menos utilizados) temos Sarabia. Que grande jogador! E que pena voltar ao PSG que o emprestou.
Sabe-se que Amorim quer esclarecer já quem sai, quem fica e quem entra (sabe-se do japonês Morita, para o meio campo, e do holandês St. Juste, para a defesa). Faz muito bem! A equipa será diferente caso Palhinha e Matheus Nunes sejam vendidos. Ou Pedro Gonçalves ou Gonçalo Inácio, para apenas mencionar os mais referidos. É possível que haja jogadores para os substituir (nunca esperei ver Ugarte jogar o que jogou), mas é preciso mais do que o talento individual; é preciso (e veja-se, ainda assim, o tempo que Sarabia demorou a mostrar os seus dotes) que faça parte da equipa, que seja amigo daqueles que com ele jogam e sinta o clube; é necessário que confie no treinador e que, em pleno jogo, saiba de olhos fechados onde deve estar cada parceiro da sua equipa.
Eu, por mim, não dispenso Adán, nem Coates, nem… acho que nem ninguém. Todavia, não faz sentido não vender qualquer jogador, como não é possível dispensar Matheus Nunes e Palhinha ao mesmo tempo; também seria pouco avisado, depois da partida de Sarabia, deixar fugir Pedro Gonçalves, sem uma alternativa que não pode ser apenas Edwards e Nuno Santos - uma solução curta.
Enfim, confio no bom senso da Direção e, sobretudo no empenho de Rúben Amorim, a quem os sportinguistas já devem muito. E espero termos para o ano uma equipa para vencer a Liga e para fazer muito melhor figura na Champions (que não significa ir além dos oitavos de final, o que nem seria mau, mas sim não ter aquelas goleadas que o Ajax e o City nos impuseram).
O QUE ME FALTA TORCER
NÃO é como no poema de Lorca, «A las cinco de la tarde/Eran las cinco en punto de la tarde», primeiros versos de ‘La Cogida y la Muerte”, mas é um pouco depois, às cinco e um quarto. É o último jogo oficial da época em Portugal, a final da Taça, no velho Estádio do Jamor. Defronta-se um par inédito, formado pelo tubarão FC Porto, habituado a estas andanças; e um pobre David que tem pela frente aquele Golias - o Tondela, infelizmente relegado para a Liga 2 depois de um jogo épico contra o Boavista, em que esteve duas vezes a ganhar, e portanto destinado a ir ao play-off com o Chaves, mas por duas vezes se deixou empatar.
De qualquer modo, o Tondela está na final da Taça e eu, ainda que sabendo ser quase impossível, porque o Porto quer a dobradinha e Conceição quer ser o primeiro treinador do Porto a conseguir duas dobradinhas, cá dentro ainda sonho com os beirões a vencerem. Não é antiportismo primário, nem nada disso, é que Tondela é um dos locais da minha infância e juventude, com a família reunida. É parte da minha geografia sentimental, como lhe chamou Aquilino Ribeiro.
Claro que a tarefa de vencer o Porto é hercúlea, tanto mais que tirando os jogos internacionais, só o Braga, e na Pedreira, venceu os portistas esta época. Mas… às vezes… uma bola perdida, um remate que sai bem e uma defesa heroica, fazem um clube pequeno parecer a Ucrânia face aos russos. Sim, ainda tenho esperança no Tondela, mesmo depois de um jogo tão infeliz como o último do campeonato, sábado passado, em que o guardião adversário (Bracali) brilhou a grande altura. Que ganhe a Taça e volte depressa ao convívio da Liga; e não lhe posso desejar mais do que isto.
Pois é isto o que me falta ainda nesta época. Na semana que vem vos darei conta dos estados de alma neste Porto-Tondela e também das novidades que do Sporting se vão sabendo.
LIGA EUROPA
Joga-se esta noite o Frankfurt- Rangers, na final da Liga Europa. Recorde-se que os escoceses, num jogo que necessitou prolongamento, derrotaram o Braga nos quartos de final desta competição. Já o Porto perdeu nos oitavos com o Lyon, que seria afastado nos quartos pelo West Ham, que perderia nas meias-finais com o Frankfurt, que sobe esta noite ao palco do Sánchez-Pizjuán, em Sevilha, para medir forças com o Rangers.
ROGER SCHMIDT
Dizem que é um treinador muito bom a lançar jovens; por outro lado o Benfica está no mercado por uma série de futebolistas consagrados. Fico como Luís Afonso que - de forma sempre inteligente - perguntou na tira da última página: “O plantel do Benfica terá, mais ou menos, quantas dezenas de jogadores?”.
SUB-17
portugal jogou ontem o primeiro jogo do europeu deste escalão etário. Para quem já ganhou duas vezes o troféu (2003 e 2016), não podia ter melhor início. 5-1 contra a Escócia, que juntamente com Suécia e Dinamarca compõem o nosso grupo. Na sexta-feira, se vencer a Suécia (que entretanto venceu a Dinamarca por 2-1), ficam os miúdos apurados para os quartos de final.