Opinião Mercado Total: Alan Varela, um 6 argentino para fazer de Uribe
Alan Varela é o primeiro nome avançado pela Imprensa para o lugar deixado vago por Mateus Uribe no FC Porto.
O médio centro de 21 anos do Boca Juniors está avaliado em 10 milhões de euros e a tiro dos principais clubes europeus, uma vez que se aponta para uma cláusula de rescisão de 15 milhões.
Formado no clube xeneize depois de passar pela Barcelona Luján, uma escolinha do Barcelona em Buenos Aires, chegou à equipa principal em 2021. Teve algumas dificuldades de afirmação, porém hoje é um dos pilares do meio-campo da equipa, que atravessa um momento mais sensível com um discreto 10.º lugar no campeonato, já depois de vários treinadores terem passado pelo banco: Jorge Almirón é o quarto nos últimos três anos, cinco se considerarmos o interino Mariano Herrón. Um contexto em que se torna ainda mais difícil sobressair.
Varela leva, aos 21 anos, já 102 partidas pela equipa principal, com dois golos marcados e três assistências.
É um jogador de equilíbrios, muito focado no momento sem bola, com destaque para o posicionamento e agressividade nos duelos, embora não seja muito alto (1,77 metros). Surpreende depois pela compostura e segurança com esta nos pés, revelando capacidade para resistir à pressão, passar ou transportar a bola com enorme facilidade até à próxima tomada de decisão, que é quase sempre limpa. Rapidamente pode transformar um momento defensivo de caos numa transição e isso diz muito. O QI futebolístico é naturalmente elevado.
Sente-se mais confortável na posição 6, como vértice mais recuado do meio-campo. Aí dita os ritmos, recicla a posse ou acelera, graças à facilidade no passe, curto ou longo, e à visão periférica. Poderá ainda faltar-lhe alguma chegada à área contrária para momentos de finalização.
Ainda está a crescer no papel de chefe de orquestra – o que se pode ler da seguinte forma: «não tem para já a arrogância positiva de um Enzo Fernández, que mandava no River Plate com a mesma idade» –, apesar de o potencial estar lá e poder tornar-se num futebolista ainda mais apetecível (e inacessível) rapidamente. Para já, o contexto do Boca Juniors é favorável a que ainda passe um pouco entre os pingos da chuva. Não é que seja desconhecido para os grandes clubes porque não o é, mas talvez ainda não seja um alvo sexy.
Preencher o espaço de Uribe, com tudo o que o colombiano ofereceu a Sérgio Conceição nos últimos anos, nunca seria fácil. O perfil encaixa, o risco passa por transplantar para a Europa um jovem que só ainda conheceu a Bombonera. O técnico, se ficar, dar-lhe-ia tempo, como fez com Pepê e Veron, e isso é uma boa notícia. É aqui que entra depois a questão da profundidade do plantel azul e branco.
MERCADO TOTAL é uma rubrica de análise ao mercado de transferências do jornalista Luís Mateus.