Liderança do FC Porto

OPINIÃO13.01.202206:00

Fariseus de última hora ensaiaram críticas ao facto de o Futebol Clube do Porto não adiar o jogo com o Estoril

RECUPERAÇÃO RÁPIDA

A pandemia da covid-19 globalizou-se e continua a desequilibrar a nossa existência. A solidariedade é essencial e o grande impulso que deve motivar as pessoas a cumprirem as suas obrigações. Fariseus de última hora ensaiam críticas ao facto de o FC Porto não adiar o jogo com o Estoril. A memória é cada vez mais curta e as entidades que tutelam o futebol constroem quadros competitivos muito densos, deixando os clubes sem os seus atletas, porque o serviço das seleções nacionais o exige. Se houver lesão/infeção é o clube que tem de suportar essa infelicidade. Quem cria essas situações tem de saber encontrar rumos de equilíbrio e não um isolacionismo total. O Estoril Praia, uma excelente surpresa qualitativa, divulgou ter sofrido um surto de covid alastrado a diversos setores do clube. Solicitou ao FC Porto o adiamento do jogo mas, ao clube azul e branco, bastou relembrar a enorme tarefa que os seus jogadores vão ter de enfrentar, para que o campeonato, as provas europeias e jogos de seleções, decorram em função do planeamento. Não se pode esquecer o Jamor: o atentado ao futebol que só depois de vergonha internacional acordou os responsáveis para criar regras ajustadas ao tempo e que, lamentavelmente, não tinham sido antecipadas. Alterar regras a meio de uma competição, além de enorme falha de prevenção, mais uma vez altera o campeonato a meio… Quem deveria ter decidido com antecedência os mínimos para se realizar um jogo da prova nacional mais importante, voltou a falhar! Recorde-se que havendo condições regulamentares adequadas, basta analisar o que Mourinho afirmou sobre este tema: «Há regras, tens de ir a jogo!» Há dúvidas? A nossa identidade tem uma matriz de coragem, de verdade, de forte união. Cada clube tem a sua história e sabe respeitar a dos outros, mas nunca aceitaremos que estratégias egoístas, sementeiras de ódios, possam continuar e, por vezes, com apoios de quem deveria castigar. Não pode haver diferenças, a dignidade dos clubes merece sempre a mesma justiça, não se tolerando dependências que acabam por ter efeitos nas classificações. Tivemos momentos, no passado longínquo, com provas da nossa resiliência que nunca esmoreceu. Em cada ano, voltamos com a crença mais forte no clube e, nos momentos mais injustos, mantemos sempre o nosso apoio que é um dos valores máximos da família portista.


DESTAQUES DA JORNADA

O Santa Clara recebeu o Sporting, sem Rúben Amorim no banco, por estar infetado pelo coronavírus. Os leões colocaram-se em vantagem por duas vezes, mas os açorianos conseguiram sempre igualar. Numa partida disputada, com lances muito intensos, o Santa Clara marcou o golo da vitória aos 78’ (3-2), num jogo com arbitragem de qualidade e com VAR a acertar nas diversas situações. Os açorianos alcançaram a primeira vitória sobre o Sporting e os leões sofreram a primeira derrota deste campeonato. O FC Porto foi ao Estoril Praia, para um jogo muito exigente, disputado e emotivo. Na primeira meia hora, o FC Porto controlou o jogo mas sem conseguir grandes espaços. O Estoril manteve linhas juntas, boa colocação no terreno e, a partir dos 30 minutos, cresceu, aumentou velocidade, criou lances de perigo e marcou 2 golos (38’ e 43’) surpreendendo com mérito. FC Porto, após o intervalo, entrou com dinâmica forte, concentração total na baliza adversária. Sérgio fez as substituições adequadas, correu riscos com a coragem dos vencedores, e o FC Porto conseguiu virar o resultado para 2-3. Que grande e difícil vitória, com contributo fantástico de toda a equipa, com golos criados pelo génio de Luis Díaz: assistência para Taremi aos 49’, golo excecional aos 84’ e a assistência para o golo decisivo de Francisco Conceição aos 90’. Arbitragem de qualidade. Sérgio Conceição representa eficazmente o Jogar à Porto porque mais do que uma estratégia, trata-se de uma forma de vida, com valores que nunca podem ser reduzidos.
Destaque pela negativa, a descoordenação total dos centrais do Famalicão que, nos minutos finais a vencer por 2-1 em Braga, permitiram um golo por falha inacreditável, e em vez dos 3 pontos, só conseguiram 1 ponto.
 

Golo de Francisco Conceição, ao cair do pano, deu a vitória ao FC Porto no Estoril


DESVALORIZAÇÃO DA TAÇA DE PORTUGAL

O Leça, que disputa o Campeonato de Portugal, apurou-se para os quartos de final da Taça de Portugal, que disputou com o Sporting. Até este momento, o seu estádio sempre teve as condições para os jogos oficiais. Entretanto a FPF alterou o jogo para Paços de Ferreira, por entender que se trata de jogo de alto risco. Os leceiros publicaram o manifesto Dois pesos, duas medidas divulgado na Comunicação Social. O Leça, que já disputou a principal divisão do nosso futebol, teria como merecido prémio a receção ao Sporting, mais uma data para a história do clube. Foram apresentados como exemplos atuais, o facto de o Barcelona ter jogado no Linares, para a Taça do Rei, num campo sintético, e o Sevilha num campo sem bancadas: que diferença de entendimento! Ao decidir que o jogo teria de ser à noite (qual a razão?) quem decidiu, deixa no ar suspeição, revelando total desprestígio pela prova mais carismática do futebol nacional. Afinal parece que existem mesmo dois pesos e duas medidas! A Taça de Portugal foi ferida na sua honra, por desconhecimento ou colocando o negócio à frente do jogo? Lamentável ataque ao Norte que nunca pode aceitar tamanha ofensa. Orgulhamo-nos da nossa liberdade e da defesa de valores que o centralismo procura apagar. Por cá, é sempre hora de defender o futebol, com unidade e firmeza, sem hipocrisias. Lutar pela vitória é obrigação de lealdade, assim como manter atenção e vigilância contra estratagemas que ferem o jogo e acicatam conflitos cuja intenção é dividir. Temos vaidade nas origens e praticamos a solidariedade, sempre que for indispensável. 


DOIS MOMENTOS, UMA CONTRADIÇÃO

Num lance muito duro, central do Benfica pisou o pé e o calcanhar do jogador do Paços de Ferreira. Penalização: cartão amarelo. Num outro lance, atleta do Paços de Ferreira saltou para chutar a bola para a frente, com adversários próximos, e no seu movimento contínuo e negligente, acabou por chutar o ombro de jogador do Benfica: cartão vermelho. Nesses lances a penalização deveria ter sido idêntica, pois a gravidade de ambas as situações poderia ter causado lesão grave ao adversário. O árbitro, na sua diferente interpretação, acabou por ser brando num caso e forte no outro. Se fosse há anos, o árbitro iria para a jarra e só saía quando tivesse tempo adequado para ser coerente e imparcial.


REMATE FINAL

Luis Díaz, jogador internacional da Colômbia é um avançado fantástico, criativo e decisivo. Tecnicamente muito evoluído com a bola nos seus pés, de forma criativa consegue superar os defesas que o tentam travar de qualquer maneira, tarefa sempre difícil! Muito rápido com a bola, ultrapassa adversários, inventa caminhos que ninguém antecipa, com dribles muito rápidos, sempre com o foco na baliza adversária, fazendo sprints velozes de grandes distâncias. À sua visão de jogo e capacidade de se fixar no objetivo essencial (o golo) Luis Díaz, franzino de corpo, mas com uma intensidade constante, joga sempre no máximo. No Estoril, a perder por 0-2, foi dos seus pés que saíram os 3 golos que mudaram o rumo do jogo: duas assistências e um golo que parecia impossível, alterando o resultado para mais uma vitória. Em muitos outros jogos, os golos nascem da sua capacidade em descobrir caminhos que só ele consegue imaginar. No FC Porto, o internacional colombiano conquistou o coração dos adeptos, porque joga sempre nos máximos, até à exaustão, ultrapassando a dureza dos adversários. A capacidade de drible em corrida, ou os dribles junto às bandeirolas de canto, normalmente só com falta adversária conseguem travá-lo. Luis Díaz é hoje para o futebol nacional e internacional uma referência de grande qualidade, uma entrega total ao jogo e uma capacidade de sacrifício, humildade e foco constante na baliza adversária. Quando vai jogar pela seleção Colombiana, após muitas horas de viagem, está sempre disponível para jogar intensamente, no imediato. É evidente a imortal arte do futebol de rua… e o saber Jogar à Porto. Pormenor a reter: quando muitos craques procuram poupar-se para conseguir transferência valiosa evitando riscos, para Luis Díaz, cada jogo é o mais importante de tudo. Até nesse pormenor é enorme e revela pertencer à nossa família, unida para sempre.