Homenagem!

OPINIÃO03.04.202004:00

Quis  a ironia deste inesperado destino que após ter escrito, há uma semana, que continuaríamos, até que isso fosse possível e com a normalidade possível, a fazer A BOLA TV como sempre a fizemos, viéssemos, tão pouco tempo depois, a ver-nos forçados a seguir outro caminho, o de trabalharmos, também nós, neste resistente canal de televisão que corajosamente A BOLA pôs de pé já lá vão quase oito anos, de forma diferente do habitual, para protegermos melhor tanto profissionais como famílias, tanto o presente como o futuro.

Para os dedicados telespetadores que seguem, com fidelidade, A BOLA TV, a mensagem tinha de ser clara: não desistimos, apenas nos adaptámos a esta dura realidade de um combate contra um inimigo que parece não dar tréguas e também provoca, em todos, além de sofrimento e morte, algo para o qual não há legislação, nem vacina, nem cura - medo.

A BOLA TV, sabem-no todos os que nos seguem, foi a última a nascer de uma família histórica criada pelo jornal A BOLA, já com 75 anos de luta pelos melhores valores da humanidade, pela indispensável informação, pela ética do jornalismo, pela Liberdade, pelo desporto e por tudo o que o desporto pode fazer pelo Homem, pela comunidade e pelo País.

Apesar de jovem é muito resistente, e é muito resistente sobretudo porque é feita com a paixão dos que sabem que só com paixão é possível cumprir a missão mesmo nas mais difíceis circunstâncias, que é exatamente o que estamos a viver agora.

Não desistimos, apenas nos vimos forçados, também nós, neste pequeno-grande canal de televisão, a adaptarmo-nos, continuando, porém, a dar o melhor de cada um de nós para mantermos bem vivo o espírito da nossa obrigação com o jornalistas, mas também o espírito de quem faz da televisão a comunicação tridimensional, capaz de juntar o poder da palavra, à magia do som e da imagem.

Mas teve de ser. Porque, como escrevemos na nossa TV, continua aos olhos de todos o preocupante cenário provocado no País e no mundo por esta luta desigual contra a pandemia do Covid-19, multiplicam-se as dificuldades e cresce, realmente, todos os dias, a necessidade de proteger, sublinho, profissionais e famílias.

E foi por isso que também A BOLA TV se viu, infelizmente, forçada a trabalhar de forma diferente do habitual para continuar a levar até casa de todos os que têm a mesma paixão que nós a melhor informação desportiva e uma programação cuidada e atraente, sempre as 24 horas do dia, acreditando sempre que continuamos a ser, nós na nossa pequena-grande TV, mas também todos os que fazem, diariamente, o melhor jornal desportivo português, e produzem informação, em abola.pt, para o mais seguido de todos os sites de notícias do País, uma companhia absolutamente insubstituível de alguns milhões espalhados pelo mundo que fazem da língua portuguesa a sua Pátria.

Eencontra, pois, o nosso fiel seguidor uma A BOLA TV diferente por estes dias de incansável e inevitável luta, porque não é possível continuarmos a fazer a mesma televisão quando a crise deste maldito coronavírus nos atirou, a muitos de nós, para a trincheira das nossas casas.

Foi a força dos tempos a obrigar-nos a mudar, também a nós, na nossa A BOLA TV, oxalá não por muito tempo, o modo como procuramos cumprir esta nossa missão de informar, essencial ao espírito do jornalismo.

Sabemos, porém, neste novo desafio, que podemos contar com a compreensão de todos e sabemos que continuaremos a tê-los desse lado, a acompanhar o nosso trabalho e a nossa dedicação com a mesma paixão de sempre, porque quem segue a comunicação da marca A BOLA segue-a também, de algum modo, com o espírito de missão que nos faz, juntos, lutar há décadas pelo melhor que o Homem pode dar, no desporto e na sociedade, a uma vida mais livre, mais tolerante e mais justa. 

Continuando jornal e site da internet a cumprir magnificamente o seu trabalho nestas circunstâncias tão difíceis que nos afastam uns dos outros, também A BOLA TV luta por continuar a servir todos os que falam português com a determinação e o rigor que está, desde sempre, na nossa natureza.

Sabemos que não será fácil mas também sabemos que só juntos poderemos, na realidade, superar estes tempos mais negros da tempestade., porque assim o exige este delicado e difícil momento que vivemos, e porque devemos tentar dar também o exemplo, trabalhando, a maioria de nós, a partir de casa, para continuar com o único objetivo de o servir.

Esperamos voltar numa manhã de sol, para então prosseguirmos, cara a cara, por si e por nós, esta missão de fazermos e sentirmos, mais do que uma televisão, uma verdadeira paixão!

Volto ao medo, esse outro vírus que nos ameaça e contra o qual nos resta apenas a força da mente. Não é fácil quando se ouve o que se ouve, se lê o que se lê, se conhecem os testemunhos que se conhecem, e o drama dos números que não podemos deixar que sejam apenas números, porque não podemos deixar que este coronavírus nos desumanize, nos faça perder o caráter ou nos arraste a dignidade pelo caminho.

O medo é terrível. E não podemos permitir, ou temos de lutar contra, esse medo, esse possível vírus que tenderá a crescer à medida que o lado mais negro da tempestade se for dissipando.

Ao mesmo tempo, temos de o compreender, temos de o aceitar, temos até de o tolerar, talvez assim o dominemos mais facilmente.

O medo é uma ameaça real.

Quase já temos medo de nos cruzarmos com alguém, temos medo que alguém se aproxime de nós, temos medo de não cumprir distâncias, temos medo de não compreender se devemos ou não usar máscara, temos medo de chegar a casa vindo das compras, temos medo de não nos desinfetarmos prudentemente, quase temos medo de sorrir e de, sorrindo, sermos vistos como inconvenientes ou indiferentes ao sofrimento dos outros.

E depois, quando a tempestade, por fim, deixar de ser tão cruel, tão densa, tão feroz, mas continuar ainda a ser tempestade, como vamos viver? Como nos vamos aceitar? Como vamos conviver?

Com medo, continuadamente com medo?

É hora da humanidade mostrar o que tem de melhor, de perceber que há apenas um caminho para vencer a dor e o medo, um único caminho a ser percorrido por todos, mas todos juntos, oxalá percebendo também que está na hora da humanidade se dedicar muito mais profundamente à vida e à saúde do que, sem qualquer demagogia, ao armamento e à ganância, depois de sentir na pele como um minúsculo inimigo, um minúsculo e invisível inimigo é capaz de derrubar tantos de nós, sem olhar rigorosamente a qualquer diferenças, seja ela qual for.

Não há legislação para o medo. Nem vacina. Nem cura.

O medo temos de ser nós a vencê-lo.

Igualmente um por todos e todos por um!

Vencer o medo será, porventura, a etapa seguinte, e é preciso que tenhamos todos consciência disso. Tendo consciência disso, seremos certamente mais fortes e mais fortes conseguiremos vencê-lo, como certamente conseguiremos vencer o coronavírus.

Mas devemos igualmente aprender como este tremendo desafio será também uma lição.

E se aprendermos a lição, talvez possamos vir a ser também, quem sabe, melhores pessoas.

Que melhor homenagem poderemos prestar a quem tanto dá e tanto luta, agora, para nos salvar?!