A entrada do FC Porto no futebol feminino é excelente notícia para o ecossistema português, bem como o mediatismo de transferências de jogadoras e o aumento de mulheres na estrutura da FPF
Ao contrário do que tem, de forma simplista, passado para a opinião pública, a UEFA não obriga os clubes participantes nas suas competições a ter equipas de futebol feminino. Com efeito, o artigo 21 do regulamento de licenciamento refere o futebol feminino como critério de acesso, mas o documento também prevê, no artigo 18, o não cumprimento desta obrigação, sujeitando-se os clubes a aplicação de sanções por parte do organismo licenciador, neste caso a Federação Portuguesa de Futebol.
Com ou sem constrangimento institucional, o certo é que o novo FC Porto avançou finalmente para a criação de uma equipa de futebol feminino. Fê-lo da forma mais curial e justa, criando-a de raiz e inscrevendo-se na III Divisão. Podia ter adotado uma equipa já em competição, por exemplo, mas preferiu começar o caminho pelo início.
José Manuel Ferreira lidera a secção e esteve seis anos no Leixões. Jorge Moreira, presidente emblema de Matosinhos, traça o perfil do homem-forte do futebol feminino do FC Porto,
Esta é, necessariamente, uma boa notícia para o futebol português. Há uma tração de quase duas décadas na luta pela afirmação do futebol feminino, e veja-se por exemplo o que foi a evolução da Seleção Nacional no ranking FIFA (de 46.º em 2012 para 21.º em 2024). As entradas do Sporting, do SC Braga, do Vitória SC, do Marítimo, do Famalicão e, mais tarde, do Benfica — entre clubes que já faziam história na especialidade há mais anos e merecem todo o respeito — alavancou a evolução, mas não vale a pena esconder que o painel fica mais completo com a inclusão do FC Porto. Quando os maiores clubes nacionais se juntam, tudo pode melhorar.
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Mas há mais sinais dos novos (e bons) ventos que sopram em Portugal: as transferências de Kika Nazareth para o Barcelona e de Telma Encarnação para o Sporting, por exemplo, tiveram um mediatismo que se desconhecia há uns anos. Os valores ainda estão a muitas milhas do futebol masculino, mas a tendência será sempre a da diminuição do fosso, assim o mercado e o gosto dos adeptos o permitam.
Direção, Conselho Fiscal e Mesa da Assembleia geral terão um terço de representação feminina, dando seguimento a lei de 2024
Na vertente institucional, importantíssima a notícia de que a FPF vai dar cumprimento a lei, já deste ano, que obriga a representatividade de um terço de mulheres em cargos de administração e fiscalização. Vai ter mais mulheres na Direção, no Conselho Fiscal e na Mesa da Assembleia Geral, embora seja justo assinalar que muitas já ocupam cargos de relevo na estrutura diretiva e funcional.
As quotas podem não ser boas por natureza, mas ainda são necessárias. Como o Dia da Mulher.