Eurolândia, dia 1: nunca, mas nunca deixem de fora a Alemanha
Alguns pensamentos e notas tiradas sobre o Campeonato da Europa de 2024
A Alemanha chegou com dúvidas à sua fase final.
Estas resultavam do fracasso no Campeonato do Mundo do Catar, em que, ainda com Hans-Dieter Flick no banco, não passou da fase de grupos, e acentuaram-se com o péssimo 2023, que levou à saída do atual técnico do Barcelona.
Em 2023, venceu 3 jogos, empatou dois e perdeu seis. É verdade que bateu a França, com Rudi Völler como interino, porém acabou o ano desbaratada por Turquia e Áustria, já depois de sair derrotada nos confrontos com Bélgica, Polónia, Colômbia e Japão.
Já com Julian Nagelsmann, o registo, em quatro partidas, foi de um triunfo, um empate e as tais duas derrotas a fechar.
2024 foi bem mais convincente. Foram três vitórias (de novo França, mas também Países Baixos e Grécia) e um nulo diante da Ucrânia. Ainda assim, as exibições não foram brilhantes e as dúvidas persistiram.
A Escócia foi, hoje, no jogo de abertura do Euro 2024 um adversário obviamente acessível (5-1). No entanto, a Mannschaft também tornou o jogo fácil. Mais fácil ficou com a expulsão aos 44 minutos de Porteous, que provocou o penálti que valeu o 3-0.
O esquema de partida, o 4x2x3x1, desmontou-se em 3x3x3x1.
Kroos baixou para central da esquerda no momento da saída, Andrich ficava como único médio-centro e os laterais projetaram-se praticamente na sua linha. No ataque, Musiala e Wirtz eram falsos-extremos, Gundogan falso 10 e Kai Havertz falso 9. A rotatividade entre os quatro dificultou as marcações dos escoceses.
A ideia de Nagelsmann continua ser como a de Flick, de pressionar alto e agressivo, mas os seus jogadores têm ordens para travar todas as transições, se necessário com falta. Além disso, o ataque posicional está bem mais presente com o jovem selecionador, embora consiga mudar de perfil com a profundidade de banco que tem: Füllkrug torna a equipa bem mais objetiva, tal como Thomas Muller, o eterno raumdeuter (intérprete do espaço).
Estará mais perto da campeã do mundo 2014, profundamente influenciada por Pep Guardiola, do que das que se sucederam.
A Alemanha concentra o fluxo dos seus ataques muito pelo meio, por força daquele losango rotativo na frente.
Um dos objetivos é atrair para libertar. Com um ataque estreito, a defesa adversária fica estreita, e o espaço aparece nos flancos.
Os três da frente fazem o mesmo no ataque à profundidade, arrastando a linha defensiva e libertando a zona entre linhas. Para quem lá estiver. Wirtz. Musiala. Gundogan. Ou Havertz.
Apareceu Wirtz e valeu o primeiro golo.
É cedo, mas quem riscou a Alemanha do lote de favoritos fê-lo cedo demais.
Entrar a golear já deixou o aviso à navegação. É preciso que o modelo continue a funcionar.
P.S. Musiala joga enormidades. Não é novidade.