Estrada do projeto

OPINIÃO06.03.202003:00

O humor é sempre forma inteligente de sair de apertos. Rúben Amorim até nem foi encostado às cordas na apresentação mas perante a pergunta que maior embaraço lhe poderia causar na geopolítica leonina admitiu ser um fanático por ganhar e resolveu a questão num clube com oceanos de questões.

A primeira que saltou à vista esta semana foi o inaudito de ser o treinador despedido, Silas, a anunciar o sucessor. Jamais poderia ter acontecido. Por sinceridade ou por despeito, Silas, no meio das palavras de assunção de culpas próprias e de recados sobre as alheias que têm de ser resolvidas, fê-lo. E expôs a fragilidade duma estrutura que precisa de ser repensada e, claramente, dum projeto. Varandas disse que Amorim é o treinador do projeto mas o presidente vai no sexto treinador e os cinco anteriores, a avaliar pelo destino, ou não tinham projeto ou não se adequaram ao já existente. Voltando à temática das questões, estas são as mais simples: não são os treinadores que têm de ter projetos para os clubes; se não se conseguem adaptar ao já existente, ou foram mal escolhidos ou este tem muitas deficiências - creio que é mais a segunda opção.

Mas o líder dos leões justificou também que €10M pela transferência Amorim pode ser pouco ou pelos resultados desportivos ou pela potenciação de jogadores que permita encaixes financeiros significativos. E aqui está o ponto-luz da questão. Sem dinheiro, a alternativa é encontrar alguém que potencie ao máximo os jogadores existentes, não só para que rendam desportivamente no imediato como possam depois fazer entrar uns euros em Alvalade.

O caminho será por aqui mas pena, para os leões, é que o verbo esteja conjugado no futuro, quando era mais ou menos evidente, em setembro de 2018, que não havia outro. Os obstáculos encontrados por Varandas podem ter sido muitos, a estrada sinuosa e com alguns a mandarem pedregulhos, mas a placa com a direção esteve sempre lá. A ver se Varandas ainda vai a tempo de lá chegar.