Ex-capitã do Fulham acusa Al Fayed, antigo dono do clube, de abuso sexual
Ronnie Gibbons diz ter sido «beijada e apalpada à força por Al-Fayed»; há queixas de mais três antigas jogadoras dos 'cottagers'
A irlandesa Ronnie Gibbons, atualmente com 44 anos, acusou Mohamed Al Fayed, antigo dono do Fulham, de abuso sexual. De acordo com a ex-jogadora, os abusos aconteceram em duas situações distintas, quando ela tinha cerca de 20 anos, em 2000.
«Espero que contando aquilo que me aconteceu possa ajudar a curar-me, livrar-me da vergonha e constrangimento que tenho carregado durante anos», disse numa longa reportagem do jornal The Athletic, que fala de mais três queixas de antigas jogadoras sobre o magnata egípcio que presidiu ao Fulham entre 1997 e 2013, e que morreu em agosto de 2023.
Gibbons relata que o primeiro ato de abuso aconteceu em 2000, logo após a criação da equipa feminina do clube londrino – que foi a primeira formação profissional do futebol europeu – da qual era capitã.
Após ser levada por elementos do staff aos escritórios do Harrods, espaço comercial de luxo que era propriedade de Al Fayed, com quem ficou a sós e à mercê do empresário. «Ele aproximou-se de mim e tentou beijar-me na boca. Prendeu-me os meus braços com os dele e eu não tinha como o afastar. Mostrou uma atitude claramente controladora. Só me questionava o que fazer perante aquilo. Senti nojo e fisicamente incapaz de reagir quando saí de lá. Sentia uma grande responsabilidade nos ombros porque tínhamos acabado de nos tornar profissionais», recorda.
Mais tarde, no verão do final dessa primeira época, os abusos repetiram-se, num momento em que Gibbons e Al Fayed voltaram a ficar a sós.
«Dessa vez, apalpou-me. Quando nos despedíamos, tentou segurar-me e beijar-me. E disse: ‘Não estás com medo, pois não? Não precisas de ter medo, não te vou fazer mal. És uma menina muito especial e preciosa’», acrescenta o relato à publicação norte-americana.
À BBC, que em setembro lançou um documentário que conta com mais de 60 relatos de mulheres que dizem ter sido violadas ou abusadas por Al Fayed, o Fulham disse estar a investigar outros possíveis casos no seio do clube.
«Condenamos qualquer tipo de abuso e continuamos a averiguar se há mais pessoas no clube que possam ter sido vítimas de atos de Mohamed Al Fayed, como aqueles que foram descritos recentemente».
Também Marco Silva, atual treinador da equipa masculina do clube, assumiu a sua solidariedade com o relato de Ronnie Gibbons.
«É uma situação realmente triste para mim e, acho, que para todos aqueles que ouvimos o relato. Como treinador do Fulham, e tal como todos no clube, estou solidário com as vítimas desta situação. Somos totalmente contra este, ou qualquer outro tipo de abusos», disse o técnico português.