Abel Ferreira merecia mais

Abel Ferreira pode estar perto de festejar o primeiro título da carreira. Na Taça andará mais próximo, falta só a final com um Grémio que está dois pontos (e mais um jogo) acima no Brasileirão. Já na Libertadores ainda terá de confirmar a qualificação para o embate decisivo no Maracanã numa segunda mão com um River Plate sedento de vingança e que não podia ter maior motivador do que o seu treinador Marcelo Gallardo. A vantagem na competição continental é grande depois do 0-3 em Avellaneda, mas os Millonarios são rival ferido, mais experiente e muito perigoso. Mesmo a final, seja diante do mais pragmático Boca Juniors de Miguel Ángel Russo ou do rival Santos de Cuca, parecerá certamente trabalho de Hércules para um Palmeiras recheado de tanta juventude talentosa. O que não quer dizer que não esteja ao seu alcance.

O conseguido até aqui, seja qual for o desfecho, merece todos os elogios. Treze vitórias, quatro empates e duas derrotas em 19 jogos, já incluindo a exibição arrasadora na Argentina, são consequência da forma competente como organiza as suas equipas, esconde fragilidades e ataca os pontos fracos dos outros. Ao serviço de um gigante do futebol brasileiro que apanhou já em andamento, Abel Ferreira poderá agora pisar sobre as pegadas de Jorge Jesus na conquista da América do Sul e voltar a elevar o estatuto do treinador português. É verdade que outros também tentaram e falharam, mas têm pelo menos a atenuante de apanhar equipas em reconstrução ou em grave situação financeira, como Santos e Vasco da Gama, e sem os recursos de Flamengo e Palmeiras, fosse na equipa principal ou na formação.

Portugal tem de olhar para Abel e torcer por ele. Nem que seja para compensar as oportunidades que não lhe deu para chegar a um primeiro título. Continuamos a valorizar pouco o que temos.