A milésima vitória
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OPINIÃO A milésima vitória

OPINIÃO02.11.202310:08

'Sem perder o Norte', a opinião de António Oliveira: «Sob o lema de 'a próxima vitória é sempre a mais importante', Pinto da Costa somou a milésima em 1368 jogos do FC Porto no campeonato.»

Pinto da Costa comemorou o 1000.º triunfo, em 1368 jogos no campeonato, ao longo de 41 anos (15.166 dias) na presidência, com dois golos, em Vizela, um dos quais de eleição para memória futura. Certamente, já pensando em bater esse recorde, essa vitória teve o brilhantismo de um golo de grande penalidade por Taremi e uma fantástica jogada de Eustáquio, como obra de arte. A normalidade com que o FC Porto supera recordes é um dado adquirido como natural. De facto, nas últimas épocas, com Pinto da Costa e Sérgio Conceição, é uma constante de títulos e uma renovação sistemática de jogadores, alguns desconhecidos que se tornaram ídolos de grande qualidade. Basta criar uma lista com os atletas que passaram pelo Dragão e que preenchem a memória inesquecível dos heróis e campeões azuis e brancos. Potenciar talentos é sina do FC Porto, em sucessivos processos de criatividade e excelência. O Dragão é uma incubadora de genialidade, porque a magia implica muito trabalho e união. Para os azuis e brancos, o próximo foco é sempre o jogo seguinte. Para o presidente do FC Porto, «a próxima vitória é a mais importante (…) assim como as que deram títulos».

A luz enfraqueceu

Atravessando uma fase de contradições, mesmo que com falsa justificação, o Benfica passa por uma fase de penar, de contradições, de queda na estrutura e uma crise, inclusivamente, de identidade. O Casa Pia prova sempre que é uma equipa organizada, com estratégias definidas e personalidade, seja em que campo for. Depois de novo insucesso do jogo na Champions (sem marcar um único golo), os adeptos questionam as escolhas para os jogos, incluindo as substituições. O ambiente está a tornar-se um inferno porquanto são notórias as divergências e a falta de ligação entre o treinador e os jogadores. O golo das águias, aos 44’, nasceu de uma falta de central do Benfica que se desligou da bola para empurrar o adversário, e deveria ter sido anulado. Desta vez, o Casa Pia teve oportunidade para empatar, desperdiçando grande penalidade (guarda-redes defendeu), num lance em que Florentino, como desejavam os adeptos para entrar na equipa, criou lance de grande penalidade que o adversário desperdiçou. Na segunda parte, os encarnados ainda estiveram pior no jogo, com confusão e sem esclarecimento, povoando em excesso espaços que deveriam estar livres para receberem passe para tentar finalizar. Sabendo como o adversário joga, sempre com muita coesão e intensidade, com marcações calculadas, no último minuto, o Casa Pia empatou justamente. Curiosamente, o VAR falhou com gravidade, o que continua a penalizar a sua ação como influente em falhas que não foram devidamente assinaladas. Acontece a muitas equipas: o rendimento perde eficácia e os jogadores, os dirigentes, os adeptos e o treinador, para além da frustração, apresentam opiniões diferentes. Destacar que a defesa cometeu dois erros e não reforça a ligação da equipa. Filipe Martins, treinador do Casa Pia, deixou a sua imagem do jogo com a serenidade habitual. Os comentadores oficiais do clube encarnado, além de carpir, assumem que a crise existe e é grave. O futebol, como muitas áreas, é fértil em situações de ironia; contudo, essa ironia pressupõe sátira com eficácia, porque quando precisa de explicações e ninguém entende a mensagem, mais valia não a utilizar, como foi a afirmação de «mais importante do que a Champions será vencer os dois jogos com o FC Porto». António Simões, lenda do Benfica, afirmou: «Há matérias, atividades e setores que vão muito para além de se perceber de futebol e ter de liderar um grande clube (…) Rui Costa terá muito que aprender». Os encarnados têm quatro derrotas e um empate no terço inicial, no início mais complexo dos últimos seis anos, com manifestações de contestação dos adeptos nos últimos jogos. E num momento, tudo muda — do forte apoio dos adeptos no ano anterior bastou um empate em casa para tudo o vento levar. Mas na terça-feira, para a Taça da Liga, o Benfica foi a Arouca vencer por 2-0, sacudindo a crise com importante vitória. Os adeptos encarnados procuram o regresso a bons ventos, evitando a pressão imensa sobre um jogador que tinha estado esquecido e que foi decisivo no ano anterior: paradoxos!

Liga

Para além do jogo da Luz, a jornada teve resultados inesperados e com golos para todos os gostos. O Gil Vicente jogou com o Braga, num desafio com todas as emoções e o marcador sempre a mudar: empate com 6 golos; Gil chegou aos 2, Braga passou para a frente com 3 seguidos e o Gil conseguiu o empate final a 3 golos: que jogo fantástico, que valorizou o nosso futebol. O Guimarães, com alma nova e com toda a pressão, inaugurou cedo o marcador, terminando a primeira parte a vencer por 3-0; na segunda parte, mais do mesmo, acrescentou dois golos; ao Chaves aconteceu um dia não. O Portimonense venceu o Estoril, com um golo na primeira parte, num jogo equilibrado e bem disputado. O Arouca, sem conseguir vencer, perdeu com o Moreirense por um golo. O Rio Ave, a precisar de conquistar pontos, esteve a vencer e deixou fugi-los, sofrendo dois golos nos últimos minutos, ficando o resultado favorável ao Farense por 4 -3. O Estrela da Amadora defrontou o Famalicão que ficou reduzido a 10 jogadores e, após o visitado marcar um golo, o árbitro nos últimos momentos não assinalou uma eventual grande penalidade a favor do Famalicão: não havia VAR nesse jogo? O Sporting foi ao Bessa com a decisão de Rúben Amorim: «Temos de estar prontos»; com cinco vitórias seguidas, os leões estão à frente; Boavista deu réplica mas o adversário foi mais forte, apesar da garra e organização dos axadrezados, com o resultado final de 2-0 para o Sporting, num jogo muito disputado até ao final. O Vizela recebeu o FC Porto e os azuis e brancos entraram fortes e com circulação rápida; aos 22’ Taremi, de grande penalidade, marcou o 1-0. Continuando em pressão alta, os azuis e brancos criaram perigo e Eustáquio, aos 44’, marcou um excelente golo: 2-0. O_FC Porto entrou forte na segunda parte, mas foi perdendo intensidade, também como resultado das substituições, e o Vizela tentou aproximar-se mais da baliza de Diogo Costa, criando lances organizados, mas o FC Porto, sempre no controlo do jogo, prepara o próximo confronto, que é sempre o mais importante.

Remate final

- Na Liga dos Campeões de Andebol, o FC Porto estava a perder por sete golos de diferença perante o GOG ao intervalo e fez uma segunda parte magistral, vencendo a partida: 32-31.

- Messi, na 67.ª edição da Bola de Ouro, voltou a conquistar a oitava, ao longo de 14 anos, destacando Cristiano Ronaldo, com elogios à rivalidade que enriqueceram o futebol. «Aquilo que fizemos durante tanto tempo tem muito mérito (…) Nós mantivemo-nos lá em cima durante dez ou quinze anos e foi muito difícil (…) uma linda recordação para toda a gente que gosta de futebol», afirmou Messi. Agora serão tempos de Erling Haaland.

- O autocarro do Lyon foi vítima de apedrejamento em Marselha, causando feridos. Nessa cidade, há anos que acontecem situações idênticas. «Espero punições severas. A videovigilância vai ajudar a apurar responsabilidades» afirmou a ministra do Desporto francês. A França não está a conseguir atacar com eficácia grupos de adeptos que usam saudações nazis e racistas, provocando ferimentos vários. Tarefa que tem de ser vencida, caso contrário pode transformar-se num enorme e grave problema. 

- A declaração de interesse da candidatura de Portugal, Espanha e Marrocos foi entregue na FIFA, devidamente assinada pelos respetivos presidentes das federações dos três países. Os jogos disputados em Portugal terão lugar nos estádios da Luz, do Dragão e de Alvalade. 

- O International Football Association Board vai promover alterações ao protocolo com o VAR, contudo aguardam-se apenas pequenos retoques e não decisões mais rigorosas que clarifiquem os lances sem dúvidas nem incertezas. O VAR é apenas uma ferramenta para evitar erros e manter o rigor indispensável. Em Portugal, criar centro de aperfeiçoamento de VAR, e capacitação de olhar com certeza e rigor, é indispensável para dar credibilidade ao nosso futebol, evitando polémicas que causam confrontos e o desvirtuam...