Depois de três meses de espera, a Fórmula 1 está, finalmente, de volta, com as duas primeiras sessões de treino livres do Grande Prémio do Bahrein, já hoje (11.30 e 15 horas portuguesas), e semelhança do que sucederá também no GP da Arábia Saudita, a corrida no sábado.
Apesar da expectativa de que a nova temporada trará, a questão que se impõe é a mesma dos últimos dois anos: haverá rivais à altura de Red Bull e Max Verstappen? Desde que os novos regulamentos entraram em vigor (2022), o construtor de Milton Keynes e o piloto neerlandês têm dominado, arrecadando os últimos dois Mundiais de Pilotos e de Construtores sem... concorrência.
Verstappen e Red Bull mantém-se em vantagem, dizem observadores e... adversários. E entre estes últimos, Ferrari Mercedes revolucionaram os carros. Fizeram-nos à imagem do vencedor de 2023 - que surpreendeu na evolução!
Tal como em 2023, os principais rivais do Touro Mecânico são a Ferrari, a McLaren e a Mercedes, enquanto Aston Martin não se vislumbra tão competitiva como na primeira fase do ano transato.
Já no início de fevereiro, os organizadores do campeonato anunciaram alterações que pretendem favorecer as ultrapassagens em corrida. A mais evidente é a ativação do sistema DRS (abertura da asa traseira do carro que segue a menos de um segundo do que o precede) logo na segunda volta, ao passo que antes apenas era permitido fazê-lo na terceira.
As equipas vão poder ainda usar quatro unidades de potência (motores) — no ano passado apenas eram permitidas três — cuja mudança não deverá ser penalizada. Numa temporada que se prevê ser a maior de sempre, com 24 GP, os construtores não terão de se preocupar tanto com o desgaste dos motores e isso pode trazer competição mais apertada.
Outra das grandes mudanças está no reordenamento dos fins de semana com corridas Sprint. Em 2024, para sexta-feira estão agendados os treinos livres e qualificação para o sprint. No sábado, o dia começa com esta corrida e depois segue-se a qualificação para a corrida principal, que se realiza ao domingo.
Primeira vez na história sem mudanças de pilotos
Pela primeira vez na história do desporto, não houve nenhuma mudança no alinhamento de pilotos. Olugar de Logan Sargeant esteve em discussão, mas o norte-americano acabou por renovar vínculo com a Williams por mais um ano.
No entanto, o mesmo não se pode dizer dos chefes de equipa. Franz Tost esteve à frente da Toro Rosso/AlphaTauri durante 18 anos, mas cumpriu a última época e deixou o cargo no final de 2023. Para o seu lugar entra o francês Laurent Mekies, o antigo diretor desportivo da Ferrari.
Apesar de alguns dos líderes estarem no segundo ano à frente das respetivas equipas, este é o primeiro em que têm um carro puramente desenvolvido sob as respetivas lideranças. Este é o caso de Frédéric Vasseur, que substituiu Mattia Binotto em 2023, mas também é a de Jason Vowles, antigo engenheiro de corrida da Mercedes, que assumiu a função de chefe da Williams na temporada anterior. Refira-se ainda que Ayao Komatsu vai fazer a primeira temporada como líder da Haas.
GP do Bahrein inaugura época
Apesar de ingressar no calendário desde 2004, só desde 2021 é que abre a época. Esta é já 20.ª vez que Sakhir recebe o desporto, pelo que há já alguns recordes com história. Pedro de la Rosa detém a volta mais rápida numa corrida neste circuito (1.31,447 m), estabelecido em 2005 com o MP4-20 da McLaren. Lewis Hamilton (Mercedes) pode gabar-se de ser o mais bem-sucedido do evento, com cinco triunfos — 2014, 2015, 2019, 2020 e 2021 —, dividindo ainda com Sebastian Vettel 3 poles. A corrida disputada neste país tem já fama de ter características e difíceis para os pilotos.
Devido ao facto de se realizar à noite, são esperadas condições ventosas que dificultam os pneus em ganhar aderência ao asfalto, enquanto os grãos de areia que vão cobrindo a pista desgastam os pneumáticos mais facilmente.
Por esta razão, a Pirelli, empresa responsável pela criação e fornecimento dos mesmos, disponibilizou os compostos mais duros que há: o C1 (duro), C2 (médio) e C3 (macio), deixando de fora os C4 e C5 que foram usados nos testes de pré-temporada. Curiosamente, nas últimas oito provas, 63% motivaram a entrada do carro de segurança, ao passo que 50% necessitaram apenas de um safety car virtual.
Temporada mais longa de sempre terá 24 GP e total de 30 corridas
A Fórmula 1 prepara-se para ter a temporada mais longa da sua história de 74 anos. Estão previstos 24 Grandes Prémios e o mesmo número de corridas principais (ditas de GP’s), um aumento de dois comparativamente a 2023, num total de 30 corridas somando àquelas seis de Sprint. Estas, mais curtas (até 100 km) estarão integradas nos GP da China (Xangai), Miami, Áustria (Red Bull Ring), EUA (Circuito das Américas), Brasil (Interlagos) e do Catar (Lusail).
Serão 21 os países que a Fórmula 1 visitará em 2024, uma vez que os Estados Unidos acolhem três (Austin, no Texas, Miami, na Florida, e Las Vegas, no Nevada) e Itália receberá dois — o GP do país, em Monza, e o da Emilia-Romanha, em Imola, em San Marino.
O Grande Prémio da Emilia-Romagna é um dos dois regressos ao calendário, a par do da China. O primeiro, porque foi cancelado em 2023, devido às cheias que devastaram a região, enquanto o segundo já não se realiza desde 2019, devido à pandemia COVID-19 e todas as medidas restritivas decretadas pelas autoridades chinesas que se mantiveram em vigor muito além das da maioria dos restantes países.
Para facilitar a logística de viagens entre corridas, os organizadores alteraram o calendário para que haja uma série consecutiva no mesmo continente. Assim, o GP do Japão, que decorre historicamente no final da época, passa a ser a 4.ª prova e o GP do Azerbeijão da 4.ª para a 17.ª ronda.