Polémica: revista alemã põe inteligência artificial a responder por Schumacher

Fórmula 1 Polémica: revista alemã põe inteligência artificial a responder por Schumacher

MOTORES20.04.202317:51

A família do heptacampeão mundial de Fórmula 1 alemão Michael Schumacher, em coma desde um acidente a esquiar em dezembro de 2013, está a ponderar processar a revista alemã 'Die Aktuel', que na sua última edição, de 15 do corrente mês, inovou e, com recurso a… inteligência artificial (AI, ‘Artificial Inteligence’), colocou o piloto germânico a dar hipotéticas respostas a questões, numa ‘entrevista-ficção’ inovadora e cujos limites éticos e morais estão a ser questionados por meio Mundo, não vá a moda pegar e ter-se estilhaçado uma 'fronteira sagrada' de privacidade e limites.

As alegadas respostas atribuídas a Michael Schumacher, hoje com 54 anos mas vivo há nove anos sem reações a estímulos e com recurso a dispendiosas máquinas e suportes de vida artificial goram geradas por… uma máquina, um computador.

«Michael Schumacher, a primeira entrevista» é a primeira página da publicação, que sublinha, desde logo, os seus leitores que as respostas atribuídas a ‘Schumi’ – campeão mundial de F1 em 1994, 1995, 2000, 2001, 2002, 2003 e 2004 - «parecem mesmo reais».

A peça jornalística foi produzida utilizando ‘software’ (um programa informático) de Inteligência Artificial denominado ‘Character.ai’, que gerou, com base na sua base de dados, as alegadas respostas que considerou que o heptacampeão de F1 daria… caso o pudesse fazer, o que não acontece.

«Com a ajuda da minha equipa, até posso erguer-me, em pé, e, devagar, até dar alguns passos», é uma das chocantes respostas de ‘Schumacher/AI’ que está a indignar os milhões de fãs do alemão, da F1, do automobilismo… e a provocar um ‘tsunami’ na comunidade científica, médica, informática… e legal, questionando-se sobre se uma fronteira sagrada na privacidade, na ética, deontologia e moral não foi cruzada, num precedente que pode virar banalidade.

Mais. Ter uma máquina a responder, por Michael Schumacher – e em seu alegado nome – assuntos privados leva a arregalar os olhos. «A minha mulher [Corinna] e os meus filhos foram uma bênção, sem eles nada teria conseguida. Naturalmente, estão todos muito tristes com o que aconteceu. Eles apoiam-me e estão a meu lado», é uma das respostas do ‘Schumacher virtual’.

A família enviou um comunicado às agências noticiosas esta quinta-feira, citado pela Reuters e BBC, a confirmar que vão intentar uma queixa-crime contra a publicação alemã, que, questionada sobre o tema, não fez quaisquer comentários sobre as represálias legais que se adivinham, com Michael em coma induzido em casa desde setembro de 2014 e a nunca mais ter recuperado mobilidade, e com poucas esperanças dos médicos que algum dia recupere.

A condição clínica de ‘Schumi’, que arrebatou dois títulos mundiais de condutores pela Benetton (1994 e 1995) e cinco pela Ferrari (2000 a 2004) tem sido mantida sob reserva pela família na última década. ~

Apesar de se ter retirado da F1 em 2006 – voltou em 2010, e em definitivo só deixou as pistas em 2012 - ainda é seu, agora já a meias com o britânico Lewis Hamilton, o recorde de sete títulos mundiais de pilotos de F1. Michael triunfou em 91 Grandes Prémios de F1, recorde até Hamilton, agora de 38 anos, o ultrapassar em 2020 (103 vitórias, o inglês).

Recorde-se que um dos filhos de Michael, Mick Schumacher, já guiou também na F1 (Haas), e é atualmente piloto de reserva da Mercedes. Num documentário produzido pela Netflix em 2021, Corinna destapou algumas revelações de ‘Schumi’.

«Vivemos juntos em casa. Fazemos terapia e todos os possíveis para que Michael melhore e para o sabermos o mais confortável possível, assim como para que sinta os laços e que seja parte da família. Tentamos levar e continuar a vida enquanto família da forma que sabemos que Michael gostaria, e prosseguimos em frente com as nossas vidas», disse, colocando barreira em mais informações públicas.

«O que é privado… é privado. É muito importante para nós que ele [Michael] continue a disfrutar da sua vida privada tanto quanto lhe seja possível. Michael sempre nos protegeu, agora somos nós que o temos de proteger», sublinhou Corinna Schumacher, longe de adivinhar, então, a ideia da ‘Die Aktuel’, agora.

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