Fórmula 1 Piquet condenado por ofensa racista a Hamilton: o valor da indemnização
O ex-piloto brasileiro de Fórmula 1, Nelson Piquet, foi condenado, por um tribunal de Brasília ao pagamento de multa de cinco milhões de reais (cerca de 884 mil euros), por ofensas racistas ao britânico Lewis Hamilton.
O caso remonta a 2021, quando Piquet, em entrevista, referiu-se ao piloto da Mercedes utilizando a expressão «neguinho» e ainda um comentário homofóbico sobre o sete vezes campeão mundial de F1.
Piquet, tricampeão mundial de F1 (1981, 1983 e 1987), falava sobre o incidente entre Hamilton e Max Verstappen no Grande Prémio da Grã-Bretanha do ano anterior.
Na altura, Lewis Hamilton denunciou as «atitudes arcaicas» e a necessidade de haver «mudanças» nas mentalidades. Mais tarde, Nelson Piquet pediu «desculpa de todo o coração» ao piloto da Mercedes, de 38 anos, e justificou o recurso à expressão neguinho. «O que eu disse foi errado e não me vou defender, mas quero esclarecer que esse termo tem sido muito usado no português brasileiro para dizer cara ou pessoa e que nunca tive a intenção de ofender».
Todavia, o juiz Pedro Matos de Arruda, da 20.ª Vara Cível de Brasília, considerou que os comentários de Nelson Piquet, de 70 anos, não podem ser desvalorizados. «Esta ofensa é intolerável. Mais ainda, quando se considera a projeção que é dada quando se trata de uma pessoa tão reconhecida e tão admirada como o réu. Assim, tenho que o dano moral coletivo está caracterizado, porque houve ofensa grave aos valores fundamentais da sociedade», ditou o juiz, citado pela Globo.
Para determinar o valor da multa, o juiz teve em conta uma doação no valor de 501 mil reais (€88,6 mil) que Nelson Piquet fez à campanha de reeleição de Jair Bolsonaro em 2022. «Considerando que o réu se propôs a pagar mais de 500 mil reais para ajudar na campanha eleitoral de um candidato à presidência república, objetivando certamente a melhoria do país segundo as suas ideologias, nada mais justo que fixar a quantia de 5 milhões de reais [cerca de 884 mil euros] - que é o valor mínimo de sua renda bruta anual - para auxiliar o país a se desenvolver como nação e para estimular a mais rápida expurgação de atos discriminatórios», cita ainda a Globo.
Pedro Matos de Arruda decidiu, ainda, que a indemnização será destinada «a fundos de promoção da igualdade racial e contra a discriminação da comunidade LGBTQIA+».