Carlos ‘El Matador’ Sainz conquista quarto Dakar em quatro marcas diferentes
Piloto espanhol concluiu as 12 etapas em 48:15.18 horas. Belga Guillaume de Mevius (Toyota) ficou na segunda posição, a 1:20.25 horas, e o francês Sébastien Loeb (BRX) em terceiro
Aos 61 anos, Carlos Sainz soma mais uma grande conquista ao vasto palmarés, a vitória no Dakar 2024, a quarta do piloto espanhol na mais histórica, prestigiada e extensa competição de todo-o-terreno do Mundo.
O bicampeão mundial de ralis (1990 e 1992), que marcou uma época na disciplina, triunfou nas edições de 2010 (Argentina-Chile), 2018 (Peru) e 2020 (Arábia Saudita) do Dakar e repetiu este ano o sucesso na era atual da competição no Médio Oriente, tornando-se o primeiro piloto a fazê-lo com veículo movido por motores elétricos e extensor de autonomia (3 MGU05 da Fórmula E e motor TFSI 2.0 do DTM), o Audi RS Q e-tron E2.
A vitória de Carlos El Matador Sainz é a primeira do construtor alemão de Ingolstadt, nos arredores de Munique, e no último dos três anos de envolvimento no Dakar como equipa de fábrica, para concentrar-se na nova aventura na Fórmula 1 a partir da temporada de 2026.
Sainz é uma referência no universo dos ralis, embora o seu início desportivo tenha começado numa disciplina muito diferente, o squash, de que foi campeão espanhol aos 16 anos. A sua obsessão pelo detalhe e pela perfeição são duas características que sempre definiram o piloto, pai de homónimo piloto de Fórmula 1 da Ferrari, desde que começou aos comandos de um carro de rali.
Foi o seu espírito competitivo e fervoroso que marcou uma geração na disciplina do desporto automóvel, com dois títulos no WRC e 26 vitórias em ralis do Mundial. Numa votação no site oficial do WRC em 2020, fãs dos ralis de todo o mundo elegeram-no como o melhor piloto de sempre, à frente até do nove vezes campeão Sébastien Loeb, com que o espanhol travou batalha pela vitória até à penúltima etapa desta edição do Dakar, quando o francês perdeu mais de uma hora devido a quebra da suspensão do seu protótipo Hunter.
As aventuras de Sainz no deserto começaram em 2006 com a Volkswagen, nas duas últimas edições do Dakar africano. No entanto, foi somente em 2010, na fase sul-americana do rali-maratona de todo-o-terreno (então na Argentina e no Chile) que o madrileno e o inseparável compatriota navegador Lucas Cruz ergueram, pela primeira vez, o célebre e desejado troféu Touareg. Repetiram-no com a Peugeot em 2018, ainda na América do Sul, mas com o percurso da prova circunscrito ao Perú, e com o Mini X-Raid em 2020, já nos desertos da Arábia Saudita.
Após a edição de 2023, já ao serviço da Audi, em que sofreu um grave acidente que lhe causou a fratura duas vértebras, Sainz recuperou para preparar a prova de 2024, a última oportunidade de a conquistar pela marca germânica. No programa estiveram as participações na Baja Aragon e no Rali de Marrocos, além de muitos milhares de quilómetros em testes no Audi RS Q e-tron E2 e na sua própria equipa na competição de veículos de TT elétricos, Extreme E.
Os regulamentos do Dakar para 2024 proporcionaram à Audi Sport mais 15 kW (20 cv) de potência do que os seus principais rivais, apesar de cerca de 100 kg adicionais comparativamente aos Toyota e Prodrive.
A parceria Sainz e Cruz, no seu 10.º Dakar, levou o seu quarto Touareg com um quarto fabricante diferente e culminaram, em glória, o projeto do fabricante alemão, quiçá irrepetível. Mas El Matador certamente não estará pronto para pendurar o capacete, mas sim a continuar a enriquecer o seu imenso legado no automobilismo.