«Vivi o Neemias ser campeão da NBA  com muita alegria e orgulho»
Fotografia Sérgio Miguel Santos/A BOLA

«Vivi o Neemias ser campeão da NBA com muita alegria e orgulho»

BASQUETEBOL05.07.202415:21

Parte 1 - Ticha Penicheiro, a melhor jogadora portuguesa de todos os tempos esteve em Valência como madrinha da final do Torneio Europeu da Jr. NBA e A BOLA aproveitou para saber como sentiu Neemias Queta sagrar-se campeão da Liga, a ida de Ruben Prey para a NCAA, como a própria fez há 29 anos, a revolução na WNBA e a nova etapa na carreira de agente.

- Dezanove anos depois de ter sido campeã da WNBA pelas Sacramento Monarchs, o Neemias Queta foi campeão da NBA pelos Boston Celtics. Como é que viveu esse momento, até porque tem acompanhado a carreira dele desde que entrou na Liga e esteve com o Neemias esta época para assistir a dois jogos em Boston?

— Com muita alegria e orgulho. Há muito que esperávamos ter um português na NBA mas também ter a oportunidade de ganhar um título, que é uma coisa que não cabe a todos.
É incrível. E também sabemos que a jornada dele tem sido um bocadinho com altos e baixos com a saída de Sacramento [Kings], mas, às vezes, há males que vêm por bem. Afinal acabou por aterrar numa equipa que foi perfeita para ele e terminou com um anel e o título de campeão da NBA.

 

— O grande risco do Neemias ao ir para os Celtics nesta época era poder acontecer isto, não era?

— Por acaso os Celtics eram a equipa que escolhi para ganhar o campeonato antes de começar a temporada, por isso fico contente, muito contente por ele.

Fotografia Betclic

— Acompanhou as finais?

— Sim, claro!

Muitas vezes também com o Luka [Doncic] a enervar-me, sempre a falar com os árbitros, porque gosto de ver basquete

— E como viu como tudo aconteceu?

— Para ser honesta, um bocado dececionada com a diferença de pontos e com a disparidade de resultados. Muitas vezes também com o Luka [Doncic] a enervar-me, sempre a falar com os árbitros, porque gosto de ver basquete. Claro que estava a puxar por Boston, mas queria que fossem uns jogos mais competitivos e bonitos de se verem. E bastantes vezes as diferenças pontuais foram muitas e às vezes perdi o interesse logo no segundo ou no terceiro período. Achei que não foi tão bem jogado e tão competitivo como gostaria. Mas sim, vi os jogos todos.

 

— Os Celtics foram muito dominantes, não foi? Mostraram que realmente foram a melhor equipa da época toda?

— Exato. Tanto na defesa como no ataque, mesmo com a lesão do [Kristaps] Porzingis. E eu adoro o Jrue Holliday. Desde que foi para Boston achei que foi uma peça-chave para ser exatamente como a cereja no topo do bolo. Acho que as coisas que faz defensivamente ou ofensivamente, e com a experiência que tem, eram aquilo que Boston precisava, principalmente depois de perder o Marcus Smart.

 

E ele nunca compromete. Quando entra e joga, seja um minuto, dez ou vinte, faz sempre o seu papel e espero que continue lá e continuem a apostar nele, porque penso que é realmente um jogador que pode ter uma carreira bastante longa.

— A única derrota das finais é o Jogo 4, em Dallas, mas é o encontro em que o Neemias entra. Isso também foi importante para ele, poder jogar aquele momento?

— Sim, o jogo já estava terminado, mas acho que é sempre bom para ter aquele prazer de estar dentro do campo e dizer: ‘eu joguei’. E ele nunca compromete. Quando entra e joga, seja um minuto, dez ou vinte, faz sempre o seu papel e espero que continue lá e continuem a apostar nele, porque penso que é realmente um jogador que pode ter uma carreira bastante longa. É daqueles basquetebolistas que são indispensáveis à equipa, que trabalha, defende e ataca e que não chateia. Trata-se daqueles jogadores role player, que são importantes. Fiquei contente que tenha tido alguns minutos.

 

Fotografia Sérgio Miguel Santos/A BOLA

— Na festa do balneário, conversava com o Neemias e falávamos precisamente disso, de ele continuar lá. Disse-me: ‘Vais ver o que vou crescer nos próximos tempos’. Tem um plano na cabeça de trabalho e é alguém que sente que pode evoluir. Como é que analisou o seu crescimento esta época?

— Todas as pessoas, do Jayson Tatum ao Jaylen Brown, todas as pessoas, o Steph Curry, o LeBron James, seja quem for, têm sempre espaço para continuar a evoluir. Acho que no caso dele é isso, continua uma pessoa humilde e sabe que há muito trabalho pela frente. Está consciente disto e o verão serve para isso mesmo, é para continuar a trabalhar. Nos dias de hoje há muitos atiradores que são postes, já não há aquele poste à moda antiga que só está lá debaixo [da tabela] com trabalho de pés. Creio que isso é uma das coisas que tem de continuar a trabalhar, o lançamento de fora, porque com o atleticismo que tem e com aquilo que também faz defensivamente, se continuar a adicionar coisas ao ataque e ao jogo ofensivo  só o pode ajudar.

 

— Os Celtics são, neste momento, outra vez os grandes candidatos para o ano?

— Sim, neste momento acho que sim, a free agency está a começar, portanto ainda não sabemos bem onde é que alguns jogadores vão parar, mas posso dizer que neste momento são. E quando uma equipa ganha [os principais candidatos] são sempre aqueles que levam o título e há que serem destronados, portanto, penso que para o ano os Celtics continuam a ser a melhor equipa da NBA.