Marcelo Rebelo de Sousa marcou presença no velório do presidente do COP; Carlos Lopes, homenageado em Viseu, fala do dirigente como um pai
O Presidente da República marcou presença, nesta terça-feira, no velório do presidente do Comité Olímpico de Portugal (COP), destacando o espírito de missão de José Manuel Constantino, que liderava o organismo desde 2013.
«Deixa-nos um legado pesado, mas muito enriquecedor para Portugal. Pesado porque é preciso, agora, que todos juntos consigamos pegar nesse legado e leva-lo por diante. Não é fácil encontrar aquela teimosia, aquela determinação e persistência que o caracterizavam», disse Marcelo Rebelo de Sousa à saída do COP.
«Acompanhou até ao último instante os Jogos Olímpicos de Paris. Aparentemente ainda terá percebido o último sucesso que tivemos, com a conquista da medalha de ouro, para nos deixar minutos antes do começo da cerimónia de encerramento. É impressionante. É uma vida que é uma obra e uma obra que é uma vida», acrescentou ainda o Presidente da República, destacando a circunstância de José Manuel Constantino ter morrido no dia de encerramento dos Jogos Olímpicos de Paris, cujos primeiros dias de competição ainda acompanhou ao vivo, na capital francesa.
O presidente do Comité Olímpico de Portugal tinha 74 anos, e morreu de doença prolongada. «Ele foi a Belém num estado muito precário e eu tentei convencê-lo a falar sentado, ele levantou-se, eu tentei convencê-lo a fazer um discurso curto e ele falou imenso, sem apoio, sem público, sem nada. Aquilo saía-lhe da alma, eu pensava: mas como é que é possível, como ele aguenta isto, como é que ele renasceu. Aguentava porque era a alma dele, dava-lhe vida e ele vivia intensamente a vida, tinha uma grande alegria de viver. Quem não tem alegria de viver, mesmo nas piores circunstâncias, e as de saúde são as piores, desbarata o que a vida tem até ao último segundo. E para ele teve até ao ultimo segundo, ao saber da medalha de ouro», concluiu Marcelo Rebelo de Sousa.
«Foi uma perda como se fosse o meu pai»
Alvo de uma homenagem da Câmara Municipal de Viseu nesta terça-feira, a propósito do 40.º aniversário da conquista da medalha de ouro – a primeira de Portugal - nos Jogos Olímpicos de Los Angeles, Carlos Lopes manifestou também profundo pesar pela morte de José Manuel Constantino.
«Foi uma perda como se fosse o meu pai. Era um homem extraordinário, íntegro. Ainda há precisamente um ano, quando fiz 39 anos da medalha de ouro, estive a almoçar com ele e com toda a minha família», contou o antigo atleta, de 77 anos.
«Aquilo que ele fez pelo desporto! Ele conseguiu viver mais tempo com a vontade de ver os Jogos e as medalhas que Portugal ganhou», acrescentou Carlos Lopes, que adiou a apresentação da sua biografia, que estava prevista para segunda-feira, precisamente devido à morte do presidente do COP, na véspera.
«Não podia, o livro existe por causa dele. Ele tinha de ver a obra que foi feita em sua homenagem, porque o livro está cá, porque ele me pediu muito e ele merecia estar presente», justificou.
O funeral de José Manuel Constantino está previsto para esta quarta-feira, a partir das 15 horas, na Igreja Matriz de São Cosme, seguindo depois para o cemitério de Gondomar.
Presidente dos leões marcou presença no velório e aproveitou para destacar elevação e valores de um dirigente que deixou marca no Comité Olímpico de Portugal