Kyrgios deixa Djokovic entre a espada e a parede e diz que prémio monetário é ridículo
Nick Kyrgios e Novak Djokovic durante o torneio de Brisbane
Foto: IMAGO

Kyrgios deixa Djokovic entre a espada e a parede e diz que prémio monetário é ridículo

TÉNIS02.01.202519:45

O tenista autraliano, parceiro de pares de 'Nole' em Brisbane, disse que os tenistas são muito mal pagos e o sérvio que criou a Associação dos Jogadores Profissionais de Ténis (PTPA) foi obrigado a comentar e dar razão Kyrgios

Novak Djokovic está a ter mais trabalho fora do que em court durante o torneio de Brisbane, que nunca venceu, onde iniciou a temporada. Depois de ter vencido por duplo 6/3 Monfils e se ter estreado em pares ao lado de Nick Kyrgios (Alexander Erler e Andreas Mies, 6/4 6/7(4) e 10/8, o sérvio foi questionado sobre as declarações do seu parceiro no ATP 250 e ficou numa situação desconfortável.

«Vou apenas falar de facto. Não é minha opinião. O facto é que é verdade, o que Kyrgios disse. A divisão do bolo entre intervenientes nos principais desportos, sobretudo americanos, como NFL, NBA, beisebol, NHL, é de 50%. O nosso é muito menos do que isso. É verdade», assumiu o tenista de 37 anos que criou a Associação dos Jogadores Profissionais de Ténis (PTPA), assumindo que não era um sindicato nem pretendia criar um circuito paralelo ao ATP, mas com condições legais que poderiam indiciar isso.

Já Kyrgios foi bastante mais direto nas criticas considerando que o dinheiro recebido pelos jogadores é «uma piada». Sem papas na língua, o polémico australiano explicou as suas razões. «O tour é ridículo quando comparado com qualquer outro desporto. É absurda a quantidade de viagens que fazemos, considerando que nem sequer recebemos o que deveríamos receber. É um desporto difícil, especialmente para quem é da Austrália. Não vemos a nossa família e amigos durante seis, sete, oito meses», justificou.

Djokovic tentou ser politicamente correto, mas acabou por concordar. «Este é um desporto global, em países diferentes, com legislações diferentes, organizações diferentes.... Não é fácil juntar toda a gente na mesma sala e dizer: 'Ok, vamos acordar uma percentagem fixa. A divisão da receita é diferente em Grand Slams e num evento de 250, por exemplo, e isso é muito diferente dos principais desportos americanos, mas aí está tudo está sob a legislação dos EUA. Os jogadores têm sindicatos, nós não. Na verdade, foi uma das razões pelas quais a PTPA foi formada, para representar melhor os direitos e as vozes dos jogadores, porque acho que isso não foi feito de forma satisfatória com o ATP e a WTA ao longo dos anos. Temos um problema na própria estrutura ATP, pois como jogadores, temos apenas 50% da organização. Muitas vezes há conflito entre jogadores e torneios, queremos mais dinheiro eles querem dar menos. O tema não é simples e tem várias perspetivas, mas se olharmos globalmente tendo em conta a percentagem da receita que os jogadores recebem, sim Kyrgios tem razão», rematou.