«É difícil termos outra Ticha Penicheiro»
Fotografia Miguel Nunes/A BOLA

ENTREVISTA A BOLA «É difícil termos outra Ticha Penicheiro»

BASQUETEBOL20.09.202413:30

PARTE 5 - Eugénio Rodrigues, treinador do Benfica, elogia as jogadoras nacionais que vão surguindo cada vez mais em campeonato no estrangeiro, mas considera que não será fácil voltar a ter outra jogadora de grande nível na WNBA como a antiga base portuguesa. Com tudo ganho em Portugal, não afasta a hipótese de voltar a partir, mas por enquanto não porque as razões familiares que o fizeram voltar ao país mantêm-se.

— Será difícil Portugal ter em breve uma Ticha Penicheiro ou pelo menos uma terceira basquetebolista na WNBA?

— É duro porque a Ticha colocou isso numa fasquia muito alta.

«Três ligas em quatro épocas não estava nos meus sonhos quando vim para o Benfica»

20 setembro 2024, 11:15

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PARTE 1 - Com a temporada de basquetebol feminino quase a começar, A BOLA conversou com o treinador das campeãs Eugénio Rodrigues. Um ferrenho benfiquista que, aos 54 anos, está a viver muito além do que imaginou quando o convidaram. Contou qual a sua ideia de jogo e o que procura quando constrói uma equipa, como analisa cada um dos três títulos ganhos, o que gostaria ver modificado de imediato na competição para a evolução desta e a possibilidade de um maior equilíbrio.

As variáveis são tantas que não torna as coisas fáceis. De qualquer maneira já ficaria satisfeito, a titulo pessoal, que tivéssemos jogadoras em campeonatos como os de Espanha, França, Itália…

— Mas a Mery Andrade também jogou lá.

— Sim, a Mery também. A Ticha acaba por ser mais mediática por tudo, sem desprimor pela Mery. Mas é difícil. Acho que podemos ter um naipe de jogadoras que num futuro próximo possam brilhar, algumas até já estão em Espanha com uma carreira internacional interessante, mas não ao nível da Ticha. Não sei. Temos aí uma miúda talentosa, que já está na NCAA… quem sabe. As variáveis são tantas que não torna as coisas fáceis. De qualquer maneira já ficaria satisfeito, a titulo pessoal, que tivéssemos jogadoras em campeonatos como os de Espanha, França, Itália… Seria interessante. Aliás, já vamos tendo basquetebolistas em campeonatos top 7 da Europa.

«É preciso não ter medo que a pedrada que se atira ao charco tenha várias ondas de choque»

20 setembro 2024, 11:20

«É preciso não ter medo que a pedrada que se atira ao charco tenha várias ondas de choque»

PARTE 2 - Com a temporada de basquetebol feminino quase a começar, A BOLA conversou com o treinador das campeãs Eugénio Rodrigues. Um ferrenho benfiquista que, aos 54 anos, está a viver muito além do que imaginou quando o convidaram. Contou qual a sua ideia de jogo e o que procura quando constrói uma equipa, como analisa cada um dos três títulos ganhos, o que gostaria ver modificado de imediato na competição para a evolução desta e a possibilidade de um maior equilíbrio.

Mas a atleta portuguesa tem vindo a vingar pontualmente pela sua capacidade de trabalho, profissionalismo e que acaba por ser uma agradável surpresa para quem as contrata.

— Tem noção que tal como um treinador português de basquetebol na Europa não é logo aceite, um jogador também não? Até em Espanha.

— Pois… mas diria que acaba por ser menos difícil uma jogadora ser aceite num desses campeonato do que um treinador. O funil é muito menor para os técnicos. Por várias razões. Mas a atleta portuguesa tem vindo a vingar pontualmente pela sua capacidade de trabalho, profissionalismo e que acaba por ser uma agradável surpresa para quem as contrata. Depois é uma questão de talento e se se identifica melhor ou não com aquele projeto ou treinador.

«Ser campeão pelo Benfica é todo um mundo completamente diferente»

20 setembro 2024, 12:08

«Ser campeão pelo Benfica é todo um mundo completamente diferente»

PARTE 3 - Eugénio Rodrigues sentiu o calor humano dos adeptos ao ser campeão pelo Olivais de Coimbra. Depois, mudou-se para a Luz e viveu uma experiência, que diz não ter palavras para explicar, ao conseguir o mesmo no seu clube do coração. Fala ainda das diferenças humanas e profissionais que foi ser treinador na Dinamarca e na Roménia e das barreiras que teve de ultrapassar por ser um técnico de basquete português 'sem passaporte'

Como é o caso da Laura Ferreira, que passou pelo Benfica. Trata-se  de alguém que quando é contratada é pelas melhores razões, não por não haver mais ninguém ou a necessidade de uma europeia.

Mas não existe a imagem que a jogadora portuguesa não é pouco ambiciosa e trabalhadora. Esse passo tem sido dado, em alguns casos mesmo por jogadoras já em final de carreira ou que estão a começar, e outras que já têm um projeto interessante, como é o caso da Laura Ferreira, que passou pelo Benfica. Trata-se  de alguém que quando é contratada é pelas melhores razões, não por não haver mais ninguém ou a necessidade de uma europeia.

Neste momento, sentindo-me bem como me sinto no Benfica e tendo a mesma realidade familiar, acho difícil, mas é uma porta que nenhum profissional fechar. Até porque é também uma questão de desafio e nunca sabemos o dia de amanhã,

«Ser treinador ou advogado não era sequer a escolha entre dois amores»

20 setembro 2024, 12:50

«Ser treinador ou advogado não era sequer a escolha entre dois amores»

PARTE 4 - Quando surgiu a hipótese de ir para o estrangeiro à procura de novos desafios no basquetebol Eugénio Rodrigues teve que fechar o escritório de advocacia, mas conta que teve sempre o apoio da mãe, o seu modelo de vida, que procura acompanhar todos os seus jogos, quando possível ao vivo, e até lhe dá umas dicas táticas, mas que nunca o viu jogar quando era mais novo.

— Já ganhou tudo em Portugal, a seguir ao quarto título pelo Benfica estaria disposto a nova aventura europeia?

— É uma grande questão. Quando regressei a Portugal fi-lo porque queria voltar. Tinha convites para continuar no estrangeiro, inclusive no clube onde estava. Depois disso continuei a recebe-los, mas vir para Portugal foi uma opção também familiar, queria estar perto da família. Achei que estava a passar ao lado de anos importantes no plano familiar. Neste momento, sentindo-me bem como me sinto no Benfica e tendo a mesma realidade familiar, acho difícil, mas é uma porta que nenhum profissional fechar. Até porque é também uma questão de desafio e nunca sabemos o dia de amanhã, sobretudo nos grande clubes [risos]. Essa ideia faz parte do nosso dia a dia.