Tadej Pogacar: «A nossa equipa para o Tour até me assusta!»

Tadej Pogacar: «A nossa equipa para o Tour até me assusta!»

CICLISMO04.06.202421:28

Esloveno iniciou estágio em altitude para a Volta a França. O vencedor do Giro descreve a formação que o apoiará na Grande Boucle. E os seus principais rivais

Tadej Pogacar já está em estágio para o Tour. Pouco mais de uma semana depois de ter conquistado a Volta a Itália e de cumprir alguns dias de descanso, o esloveno rumou ontem à estância de esqui de Isola 2000, nos Alpes franceses, para um estágio em altitude que deverá prolongar-se até meio da primeira quinzena de junho. O objetivo, no caso do líder da equipa UAE Emirates, é ainda otimizar a forma física, que já esteve em patamar elevado no Giro, que o corredor de 25 anos venceu com a esmagadora vantagem de quase dez minutos sobre o segundo classificado, o colombiano da Bora-hansgrohe, Daniel Martinez.

Na véspera da partida para as montanhas, Pogacar foi o convidado do podcast de Geraint Thomas, corredor britânico da Ineos Grenadiers, terceiro na geral no recente Giro, e do seu companheiro de equipa Luke Rowe, e fez revelações interessantes sobre o Tour, que pretende reconquistar após os triunfos em 2020 e 2021. Derrotado nos dois anos seguintes na Grande Boucle por Jonas Vingegaard, o campeão da Eslovénia falou dos seus principais adversários na corrida francesa este ano e da constituição da sua equipa, a UAE Emirates.

Tadej Pogacar já vaticinara sobre a participação de Vingegaard no Tour, considerando que o dinamarquês da Visma-Lease a Bike estará à partida de Florença, no próximo dia 29, totalmente recuperado das lesões contraídas na grave queda sofrida na Volta ao País Basco, a 4 de abril, e com aptidão física que lhe permita defender os títulos conquistados em 2022 e 23. O esloveno, segundo classificado nessas edições, reafirmou-o ao microfone do Geraint Thomas Cycling Club (GTCC).

«Penso que Jonas Vingegaard fará o Tour. Ele conseguiu voltar a treinar com bicicleta rapidamente depois de sair do hospital. Se se sentir confortável na bicicleta, creio que pode recuperar a boa forma a tempo. Ele só precisará de voltar ao seu peso normal, mas não creio que isso seja um problema», referiu Pogacar, que se referiu igualmente aos outros dois corredores que se apontam como seus principais adversários na Volta a França 2024, Primoz Roglic (Bora-hansgrohe) e Remco Evenepoel (Soudal Quick-Step), ambos a competirem no Critério do Dauphiné, num derradeiro aprumo de forma para o Tour.

«Evenepoel voará! Principalmente nas primeiras etapas, em que tentará marcar uma posição de vantagem. Já Roglic, primeiro vai esperar para ver e depois atacar nos últimos dias. É bom ver, finalmente, Remco no Tour. Quando ele se sagrou campeão mundial [2022], disse-lhe ‘tens de fazer o Tour. Mas só este ano decidiu corrê-lo», disse Pogacar.

A equipa da UAE Emirates para a Volta a França é conhecida há algum tempo e espantou pelos nomes sonantes que reúne, incluindo João Almeida. O seu líder incontestável confirma-a igualmente. «Adam Yates será o meu braço direito, enquanto Juan Ayuso e João Almeida serão os gregários de luxo nas etapas de montanha», começou por descrever Pogacar. «Marc Soler e Pavel Sivakov também são ótimos trepadores, mas também podem fazer um trabalho muito bom em terreno plano ou ondulado. E depois haverá Tim Wellens e Nils Politt, os homens fortes para as planícies. Na verdade, o poder desta equipa assusta-me um pouco!», disse meio a brincar.

Com uma equipa excecional e sem referências concretas sobre o estado de forma dos rivais – excetuando Primoz Roglic, o único que não foi fustigado por lesões graves nos últimos tempos -, que estratégia adotará Pogacar para o Tour. Será ofensivo desde a Grand Départ, nas primeiras etapas montanhas e desde logo seletivas? O esloveno não esconde o jogo. «É um começo difícil, mas ainda não pensei nisso. Fomos muito agressivos no País Basco no ano passado e talvez tenhamos sofrido um pouco o efeito bumerangue na última semana. A minha forma também não era boa. Temos de ponderar sobre o que faremos», revela. «No primeiro dia serão 210 quilómetros com quatro subidas consecutivas, e no segundo teremos a subida de San Luca, do Giro dell'Emilia, e depois o Galibier na quarta etapa. E as últimas três etapas serão muito difíceis também», conclui.