Ciclismo Rui Costa, Nelson Oliveira e Rúben Guerreiro na Volta ao País Basco
A 62.ª edição da Volta ao País Basco corre-se a partir de segunda-feira, dia 3 do corrente mês, e até sábado dia 8, não apresenta um contrarrelógio: do percurso constam seis etapas em linha, não existindo finais pontuáveis em altitude, o que constitui uma inovação numa região essencialmente montanhosa.
O último quilometro da 1.ª etapa, em Labastida, apresenta rampas de 8 por cento e 6 por cento, que marcarão diferenças no primeiro dia. No último quilometro da 3.ª etapa, os primeiros 500 metros têm uma inclinação média de 9,5 por cento e a rampa da meta tem um declive de 12,5 por cento, propícia para trepadores ‘explosivos’.
A sexta e última etapa, com partida e chegada a Eibar (137,8 km), tem três contagens de montanha de 1.ª categoria., uma de 2.ª categoria e três de 3.ª categoria: as subidas de Azurki, Krabelin e Izua estão catalogadas como de 1.ª categoria.
No pelotão, com 23 equipas, assumem o estatuto de candidatos à vitória na classificação geral o dinamarquês Jonas Vingegaard, mas também David Gaudu, Enric Mas, Simon Yates, Daniel Martinez, Pello Bilbao, Adam Yates, Ion Izagirre e Mikel Landa.
Da vasta legião de portugueses que participaram na Volta ao País Basco, os melhores resultados pertencem a Joaquim Agostinho – terceiro classificado há 48 anos, em 1975, - José Martins (quinto classificado nessa mesma edição, 1975), Acácio da Silva (sétimo na geral final, em 1987) e Rui Costa, sétimo classificado em 2015… e em 2016.
Para a edição deste ano fazem parte dos pré-inscritos Rui Costa (Intermarché) - vai para a sétima participação na prova -, Ruben Guerreiro (Movistar), que estará presente pela quinta vez na carreira, e o seu companheiro de equipa na Movistar, Nelson Oliveira - terceira participação na Volta ao País Basco.
A 1.ª etapa, no dia 3, ligará Vitória a Labastida, na distância de 165,4 km; a 2.ª tirada, será entre Vina e Leitza, no dia 4 (193,8 km); a 3.ª etapa é uma ligação de 162,2 km entre Errenteria, Amasa e Villabona, na quarta-feira (dia 5). Já a 4.ª etapa, levará o pelotão na quinta-feira, dia 6, por 175,7 km com partida e chegada a Santurtzi; a 5.ª e penúltima tirada, na sexta-feira, dia 7, terá 164,5 km, com partida e chegada a Amorebieta.
Por fim a 6.ª e última etapa, e o final da Volta ao País Basco, acontece com partida e chegada a Eibar, após um percurso de 137,8 km, é no sábado, dia 8, com os ciclistas a cumprirem um total de 999,4 km.
História riquíssima
As primeiras sete Voltas ao País Basco disputaram-se entre 1924 e 1930, mas a competição foi interrompida - quatro anos - devido à Guerra Civil de Espanha: voltou esporadicamente em 1935, mas, por questões políticas e económicas, só em 1969, em conjunto com a ‘Bicicleta Eibarresa’, regressou em definitivo. O diário ‘A Voz de Espanha’ apoiou a iniciativa e converteu-se no principal patrocinador do evento velocipédico até 1973.
O jornal ‘Excelsior’ foi o grande impulsionador da Volta ao País Basco, criando comité organizador que integrava as mais relevantes personalidades da região. O objetivo era realizar a corrida mais importante no Estado espanhol e, como tal, conseguir trazer os nomes sonantes da atualidade.
Na primeira edição, em 1924, marcaram presença os irmãos Pélissier, Vítor Fontan, Jean Brunier, Henri Colle, Charles Lacquehay, Simon Tequi e os espanhóis Miguel Mucio e Teodoro Monteys.
A organização dispôs de duas classificações: a geral e a nacional, esta última dedicada exclusivamente a ciclistas de nacionalidade espanhola. O prémio para o vencedor da geral foi de duas mil pesetas [dez euros, na moeda atual] e mil pesetas [cinco euros] para a nacional.
Das primeiras sete edições da Volta ao País Basco, seis foram conquistadas por estrangeiros: Francis Pélissier (França) em 1924, August Verdych (Bélgica) em 1925, Nicolas Frantz (Luxemburgo) em 1926, Victor Fontan (França) em 1927, Maurice De Waele (Bélgica) em 1928 e 1929.
O primeiro triunfo espanhol aconteceu em 1930, por intermédio de Mariano Cañardo, em igualdade de tempo com o francês Antonin Magne, corredor que viria a vencer a Volta à França de 1931 e de 1934.
Em 1935, o vencedor foi o italiano Gino Bartali, que viria mais tarde a vencer duas Voltas à França (1938 e 1948), três Voltas à Itália (1936, 1937 e 1946), quatro edições da Milão - San Remo, três clássicas da Lombardia, 12 etapas no Tour (França) e 17 no Giro (Itália).
Em 1952, nasceu a ‘Bicicleta Eibarresa’, uma Volta ao País Basco com designação diferente, em virtude de as etapas percorrerem a totalidade do território basco. Nos finais da década de 1960, a organização não tinha disponibilidade financeira para trazer as melhores equipas e os melhores ciclistas, e a solução passou por envolver as empresas e instituições do País Basco com a ‘Bicicleta Eibarresa’ a denominar-se ‘Volta ao País Basco-Bicicleta Eibarresa’.
Depois da edição de 2008, o ‘Diário Basco’ deixou de patrocinar a corrida, criando graves problemas financeiros à organização. A crise económica de 2008 a 2012 obrigou a que, por sugestão do Governo Basco, a ‘Bicicleta Basca’ - que se organizava desde 2004 - se fundisse com a Volta ao País Basco, em virtude de ser a entidade que patrocinava ambas as corridas.
Em 2010, a Unipublic, cujas ações pertencem à ASO (entidade organizadora da Volta à França), propôs a compra de 51 por cento das ações e passou, em colaboração com o Governo Basco, a organizar a Volta ao País Basco e a Clássica de San Sebastian.
No regresso, em 1969, venceu Jacques Anquetil. E a partir daí, nomes sonantes deram prestigio à corrida com a sua presença e vitórias: Luís Ocaña, Miguel Maria Lasa, Gianbattista Barochelli, Gonzalez Linarez, José Luís Laguia, Gonzalez Linarez, Sean Kelly, Stephen Roche, Tony Rominger, Alex Zulle, Laurent Jalabert e Andreas Kloden são alguns deles.
Mas também Denis Menchov, Alberto Contador, Samuel Sanchez, Nairo Quintana, Alejandro Valverde, Primoz Roglic e Daniel Martinez - vencedor da ultima edição – inscreveram os seus nomes na história de triunfadores na prova.
Com quatro vitórias, Gonzalez Linarez (Espanha) - em 1972, 1975, 1977 e 1968 – e o seu compatriota Alberto Contador (2008, 2009, 2014 e 2016); com três triunfos, surgem o irlandês Sean Kelly (1984, 1986 e 1987), o suíço Tony Rominger (1987, 1992, 1993).
Duas vezes vencedor da Volta ao País Basco foram o belga Maurice de Waele (1928 e 1929), o espanhol Luís Ocaña (1971 e 1973), o suíço Alex Zulle (1995 e 1997) e o esloveno Primoz Roglic (2018 e 2021).