Pogaçar conquista terceiro ‘monumento’: a Volta à Flandres

Ciclismo Pogaçar conquista terceiro ‘monumento’: a Volta à Flandres

CICLISMO02.04.202319:45

O esloveno Tadej Pogaçar, de 24 anos (UAE-Team Emirates), afirmou que só teria possibilidades de vencer a Volta à Flandres (Bélgica), este domingo, se conseguisse chegar sozinho a Oudenaarde ,onde se encontrava a meta final: foi exatamente o que aconteceu, percorridos os 273,4 km da 107.ª edição da prova, garantindo, de forma brilhante e espetacular, o terceiro ‘monumento’ da sua carreira, depois de ter conquistado a Liége-Bastogne-Liége (2021) e Il Lombardia (2021 e 2022).

Fica a faltar a Pagaçar ‘apenas’ a Clássica Milão - San Remo e o Paris - Roubaix, que completam os cinco ‘monumentos’ do ciclismo.

Com cinco graus de temperatura, muito vento e estradas secas, partiram de Bruges 175 ciclistas, para o segundo ‘monumento’ da temporada. Durante muitos quilómetros, e por entre alas compactas de publico, a corrida foi vivendo da fuga de oito corredores, que constituíram a referência para o pelotão.

Com as quedas a marcarem a corrida, a de maior impacto aconteceu a 141 km da meta, quando o polaco Filip Maciejuk (Barhain) se despistou e, ao reentrar na estrada, provocou o caos, com mais de 40 ciclistas (!) espalhados pelo asfalto.

A situação mais grave teve como protagonista Tim Wellens (UAE – Team Emirates): foi transportado para o hospital com fratura da clavícula esquerda, que obrigará a uma intervenção cirúrgica.

Depois de ter sido quarto na prova em 2022, o ‘festival’ de Pogaçar começou a 55 km da meta, quando o esloveno atacou na subida a Kwaremont e fragmentou o pelotão.

Acabou por se formar um pequeno grupo, que incluía Wout Van Aert (Jumbo), Christophe Laporte (Jumbo), Mathieu Van Der Poel (Alpecin) e Tom Pidcock (Ineos), considerados os principais candidatos à vitória.

O ritmo imposto por Tadej Pogaçar foi demasiado alto para Van Der Poel, que, a pouco e pouco, foi perdendo terreno para o esloveno. A diferença de 10 segundos continuou a aumentar na subida de Paterberg, para, na meta, e à chegada, se cifrar em 16 segundos, com Mads Pedersen (Trek), a completar o pódio com mais 1 minuto e 12 segundos, seguido de Wout Van Aert (Jumbo) e Neilson Powless (Education) – ambos com o mesmo tempo -, enquanto Rui Oliveira (Emirates) cortou a meta na 58.ª posição e André Carvalho (Cofidis) desistiu.

«Foi um dia incrível e que nunca irei esquecer. A corrida foi muito difícil desde o início e uma das melhores corridas de todos os tempos! Se tivesse de abandonar hoje, poderia olhar para trás e ir tranquilo para as outras corridas», disse Pogaçar no final.

«Existiram muitos ataques. No Kwaremont, ultrapassei Pedersen para ficar sozinho na frente: era esse o plano que tínhamos idealizado. Matteo na frente, foi uma boa jogada tática pois pressionámos Van Der Poel e Van Aert. Depois da última subida, a corrida foi disputada por quem tinha melhores pernas», complementou o ídolo esloveno.

«Ainda me faltam vencer os ‘monumentos’ mais difíceis. Prometo que vou tentar ganhar a Milan - San Remo e a Paris - Roubaix. Creio que San Remo é o mais difícil: é preciso ter sorte. Quanto a Roubaix, tenho que ganhar alguns quilos, mas vamos tentar», afirmou Pogaçar que vai regressar à estrada nas clássicas das Ardenas.

Já Van der Poel, agradeceu à equipa. «Tenho de agradecer à formação: não foi por eles que perdi a corrida. Estou um pouco desapontado, mas o segundo lugar não é assim tão mau. Tadej [Pogaçar] esteve muito forte e não tive resposta no Kwaremont. Não ganhei, mas foi das melhores edições da Flandres».

Sobre a Paris – Roubaix, que se corre no próximo domingo, dia 9 do corrente mês, rematou Van der Poel promete mais.

«É uma corrida completamente diferente. A única conclusão que posso tirar é que estou num bom momento de forma. Depois de vencer a Milão - San Remo e ser segundo na Volta à Flandres, vou dar tudo no Roubaix. Neste dia senti-me bem, mas não pude fazer mais porque Tadej foi melhor», resumiu.

Insatisfeito estava Wout Van Aert.  «Naturalmente, que não estou satisfeito. Vim para ganhar e terminei em quarto. Durante muito tempo, a corrida correu bem para a equipa: foi mais rápida do que esperávamos, mas Pogaçar e Van Der Poel foram mais fortes. Fiquei surpreendido pela ‘explosão’ de Van der Poel em Kruisberg: se não o conseguisse acompanhar, não teria pernas para Kwaremont. A equipa merecia pelo menos um lugar no pódio», disse Van Aert.

«Segunda-feira viro a ‘página’ e foco-me no Paris – Roubaix. Prometo que não me vou esconder num canto, porque domingo quero estar de novo na luta», frisou Wout Van Aert.

A prova feminina teve partida e chegada a Oudenaard, numa extensão de 156,6 km, e teve como vencedora a belga Lotte Kopecky (SD Worx), a repetir o triunfo de 2022. Demi Vollering (SD Worx), segunda, e Elisa Longo Borghini (Trek), terceira, com mais 36 segundos. completaram os lugares de honra no pódio

«Não sei onde consegui ir buscar forças neste período difícil: por isso esta vitória é especial. A passagem pelo Koppenberg estava muito escorregadia, tive de colocar o pé no chão e cheguei a duvidar se continuaria. Na parte, final passaram-me muitas coisas pela cabeça. Estou satisfeita, mas longe de estar feliz», afirmou Lotte Kopecky, de luto pela morte do irmão mais velho, há duas semanas.