Mundial com onda olímpica
Teresa Bonvalot é a única portuguesa já qualificada para os Jogos de Paris-2024 Fotografia Instagram Teresa Bonvalot

Mundial com onda olímpica

SURF24.02.202400:20

Começa este sábado, em Porto Rico, o campeonato que atribuiu as últimas 16 vagas individuais para os Jogos Paris-2024. Seleção de seis para lutar, pelo menos, por dois lugares

Para já, Teresa Bonvalot, qualificada via Circuito Mundial da WSL, é a única portuguesa garantida nos Jogos de Paris-2024, segundo evento de surf da histórica olímpica, que decorrerá na longínqua polinésia francesa, em Teahupoo, no Taiti. Local encontrado pela organização para garantir as ondas de qualidade que faltam nas costas francesas naquela altura do verão.

Bonvalot é a única, mas isso pode mudar ao longo desta semana com o Mundial ISA de Surf 2024, em Porto Rico, que começa este sábado e termina a 3 de março, e é a derradeira oportunidade de qualificação para os Jogos na capital gaulesa.

Na praia de El Pico e Rastrial, em Arecibo, estarão em disputa 14 vagas individuais, seis para o contingente masculino e oito para o feminino. As estas, acrescem-se outras duas, uma por género, para as seleções vencedoras na prova organizada pela Associação Internacional de Surf.

 Teresa, que repetirá a presença nos JO após a estreia em Tóquio-2020, integra a comitiva lusa juntamente com Frederico Morais - falhou Tóquio-2020 devido a ter acusado Covid-19 a poucos dias de viajar -, Guilherme Ribeiro, Guilherme Fonseca, Yolanda Hopkins (olímpica no Japão) e Francisca Veselko.

As ambições da Seleção passam por igualar o número de surfistas qualificados para Tóquio 2020. «No mínimo dois atletas, mas gostaria de ter mais face aos lugares disponíveis», afirmou o presidente da federação de surf João Aranha. «O surf português está em alta e os resultados dos atletas a nível internacional têm sido bons. Estamos confiantes e com vontade de fazer o mesmo que conseguimos no ciclo olímpico anterior», reforçou a A BOLA, o selecionador David Raimundo.

As duas vagas extra, a atribuir às seleções que conquistarem o ouro, aumentará a competitividade na prova onde, entre os 266 inscritos, figurarão surfistas do CT como Gabriel Medina e Filipe Toledo, bicampeão mundial - embora tenha anunciado uma pausa na competição, está na lista dos inscritos pela seleção do Brasil -, Sally Fitzgibbons (Austrália), John Florence ou Carissa Moore (EUA).

«As equipas vão lutar de forma diferente do que lutaram no último campeonato em El Salvador. As perspetivas são boas, num campeonato que deverá ser o mais disputado de todos os ISA. Países e atletas vão estar a 110 por cento e acreditamos no potencial dos nossos surfistas», realçou Raimundo, para quem a receita para o Mundial é simples: «Manter os nossos atletas o máximo tempo na prova principal e evitar cair nas repescagens».

As naturalizações no surf mundial

As naturalizações de atletas não são novidade nos desportos e o surf não escapa a uma tendência que cresceu com a elevação a modalidade olímpica.

A seleção do Canadá é um dos exemplos. A jovem prodígio, Erin Brooks, nascida no Texas (EUA), autorizada a competir pelos canadianos nos Jogos Paris-2024 após ‘conquistar’, este ano, a cidadania canadiana devido a raízes no Quebec. O mesmo sucedeu com os irmãos Levi e Cody Young, nascidos no Havai mas de sangue canadiano (pai nasceu em Toronto)

«Já tinha acontecido no outro ciclo olímpico e acentuou-se agora», referiu David Raimundo. «O mundo do surf mobilizou-se e temos países com atletas nascidos noutros países», constatou João Aranha.