Mundiais de pista coberta: Portugal por superação, recordes e medalha(s)

Issac Nader é o principal candidato a uma medalha portuguesa em Glasgow este fim de semana. Meio-fundista prefere refrear expectativas a um pódio nos 1500 metros. João Coelho quer recorde nacional dos 400 metros

Isaac Nader tem expectativas moderadas para a corrida de 1500 metros dos Campeonatos do Mundo de pista coberta, competição que decorre entre sexta-feira e o próximo domingo na Emirates Arena de Glasgow, na Escócia.

«As minhas expectativas são melhorar o 10.º lugar de Belgrado-2022, e quero ir à final. O nível é tão alto, que tanto se pode ficar no pódio, como em último. Por isso, terei alguma cautela», afirmou o meio-fundista do Benfica, de 24 anos, recém-pentacampeão nacional dos 1500 metros (em pista coberta) e já com marca de qualificação (3.33,50 minutos ao ar livre) para os Jogos Olímpicos de Paris, em que fará a estreia.

As eliminatórias dos 1500 metros são hoje à noite (ver quadro) qualificam 12 atletas para a final, no domingo. O etíope Samuel Tefera, bicampeão em título, e o norte-americano Hobbs Kessler estão entre os candidatos ao triunfo.

«Algumas pessoas depositam expectativas em mim, mas não as vou colocar muito lá em cima, porque nos Mundiais ao ar livre de Budapeste2023 excedi-me um pouco na minha abordagem à final. Não acredito que os nervos me tenham prejudicado, mas, se calhar, desgastei-me demasiado durante a competição e na parte final já estava completamente vazio e sem energia. Isso fez com que se fosse último», admitiu Nader em declarações à Lusa, aludindo a prova conquistada pelo britânico Josh Kerr, que está inscrito nos 3000 metros para Glasgow.

«Na competição é que se pode perceber quem está melhor ou pior, mas temos de ter em conta os atletas que estão na casa dos 3.34,33 este ano. No fundo, também tenho essa marca e não direi que aqueles que têm um bocadinho pior são mais favoritos. Naturalmente, posso ser um dos favoritos, tendo em conta a marca que fiz», apontou o algarvio detém o segundo melhor tempo entre os 30 participantes nos 1500 metros, depois de há um mês ter renovado o recorde nacional da distância. Em 30 de janeiro, retirou 76 segundos à marca que pertencia, há quase 25 anos, a Rui Silva, com 3.34,23 minutos, obtida em Ostrava, na República Checa.

João Coelho quer máximo nos 400 metros

João Coelho quer bater o recorde nacional dos 400 metros e dos 4x400 metros. Ciente de que a participação no Mundial é «uma parte do treino» para o «real foco» de 2024, o Europeu de Roma, em junho, e os Jogos Olímpicos, no verão, o velocista espera superar os 46,51 segundos fixados em 3 de março de 2023, em Istambul, na eliminatória agendada para esta sexta-feira, às 11.00 horas.

«Tenho capacidade para conseguir o recorde nacional de pista coberta, e era importante fazê-lo. Corri duas vezes nesta época no inverno, mais pela necessidade do clube e pela participação nos campeonatos nacionais, que era uma das condições para estar no campeonato do mundo», referiu o atleta, de 24 anos, em declarações à Lusa.

Federação acredita em pódios

Portugal vai procurar surpreender e alcançar pódios nos Mundiais de atletismo em pista coberta, sem os consagrados Pedro Pichardo, Patrícia Mamona e Auriol Dongmo. A comitiva nacional apresenta-se na Emirates Arena, em Glasgow, com 17 atletas,reforçada pelos sete elementos exclusivos das estafetas 4x400 metros.

«A Federação Portuguesa de Atletismo (FPA) vai para estes Mundiais com a expectativa da superação desportiva dos seus atletas. O objetivo é sempre esse. Temos a certeza de que é para isso que trabalham diariamente, para se superarem nestes grandes palcos», começou por afirmar à Lusa o chefe da delegação portuguesa, Luís Pereira.

O campeão olímpico do triplo salto, vice mundial em pista coberta em Belgrado-2022 e campeão europeu em 2021 e 2023, Pedro Pichardo, que ainda não competiu este ano, Patrícia Mamona, prata olímpica e ouro europeu em pista coberta em 2021, e Auriol Dongmo, campeã mundial há dois anos e europeia em 2021, ambas a recuperar de lesão, são relevantes ausências da comitiva. «Temos muitos e bons, mas é facto que temos a ausência de três medalhados», mas o responsável da FPA destaca as «grandes prestações» internacionais regulares de Isaac Nader.

«Não descuro a possibilidade de Isaac Nasser fazer mais um brilharete e eventualmente poder atingir o pódio».

«A Jessica [Inchude] também tem estado em crescendo de forma e estando em final direta pode sair um lançamento acima do que já conseguiu e a partir daí tudo é possível… em termos de pódio. O próprio Tiago [Luís Pereira] já esteve próximo em competições internacionais. Quem sabe se não é desta vez o dia dele? Estes são os mais bem posicionados» para poder chegar às medalhas.

Caso a comitiva não consiga qualquer medalha, o dirigente entende que isso «não se pode considerar frustração», recordando o «nível» do atletismo internacional.

Portugal conta 13 medalhas em Mundiais indoor, cinco delas de ouro, entre as quais a de Auriol Dongmo arrebatada em Belgrado, em 2022, quando Pedro Pichardo alcançou a prata.