Jumbo-Visma e Quick Step trabalham em fusão para a próxima temporada
A equipa de ciclismo Jumbo-Visma, que conseguiu o feito histórico de, no mesmo ano, vencer Volta à Itália (Primoz Roglic), Volta à França (Jonas Vingegaard) e Volta à Espanha (Sepp Kuss), com os três ciclistas a completarem o pódio em Madrid, vai sofrer mudanças depois de a marca Jumbo anunciar a retirada do patrocínio. Mas trabalha-se já numa solução.
A notícia divulgada ao início da noite de domingo apanhou de surpresa a comunicação social ligada ao ciclismo, que fazia o balanço dos Campeonatos da Europa, finalizados horas antes em Drenth, nos Países Baixos.
A equipa trabalha em contrarrelógio para efetuar a junção com a Soudal- Quick Step de Remco Evenepoel, Julian Alaphilippe, Kasper Asgreen e Rémi Cavagna, para a próxima temporada.
Segundo a imprensa belga, as negociações encontram-se em fase bastante adiantada, sabendo-se que pelo meio existem muitas dúvidas por esclarecer e pormenores para ultrapassar.
O atual manager da Jumbo-Visma, Richard Plugge, converter-se-á no manager geral da Jumbo-Visma, por outro lado Meriijn Zeeman continuará à frente da vertente desportiva. Patrick Lefevere passaria a formar parte do Conselho de Administração, o que em termos práticos daria um passo atrás.
No que se refere aos patrocinadores, a equipa seria registada na UCI como Visma-Soudal ou como Soudal-Visma, sabendo-se que o contrato com a Visma finaliza no final do próximo ano.
A história da fusão das duas equipas nasce depois de Jim Ratcliffe, dono da Ineos-Grenadiers, ter tentado comprar a Soudal-Quick Step, numa reunião realizada em Genebra, com o proprietário da equipa Soudal, Zdenek Bakala, e os dois milionários que têm como principais opositores os ricos árabes do Médio Oriente que já patrocinam várias equipas; UAE-Team Emirates, Bahrain-Victorious e Jayco-Alula e provavelmente a Movistar em 2024.
Para a concretização da fusão existem algumas situações a serem levadas em conta: para começar a autorização da UCI que eliminará uma das duas licenças, abrindo uma vaga para a entrada de uma ProTeams, situação que poderá não ser aceite pela Comissão de Licenças, que manterá em vez de 18, apenas 17 WorldTeams, permitindo um maior margem de manobra aos organizadores de corridas na hora de efetuarem os convites. Os contratos com as empresas de bicicletas Cervélo e Specialized é uma questão delicada em virtude de ambas não quererem perder uma equipa de referência.
Nesta altura a Jumbo-Visma dispõe de 27 corredores e a Soudal-Quick Step de 25, o que perfaz 52 ciclista. Como ambas estão a trabalhar com jovens sub-23, teriam de ser integrados nessa estrutura, a que se junta o projeto do ciclismo feminino em desenvolvimento em ambas as partes, embora com patrocinadores diferentes e que também seriam de ser integradas no novo projeto, o que obrigaria a indeminizações a ciclistas, diretores, mecânicos e massagistas.
Não existe confirmação desta hipotética junção entre Jumbo-Visma e Soudal-Quick Step, embora nenhuma das partes negue que estejam a decorrer negociações; «Não respondemos a rumores», dizem os responsáveis da Jumbo-Visma, o mesmo acontecendo por parte de Patrick Lefevere no final do jogo Anderlecht- Brugge, que afirmou: «Se quiser acompanhar as noticias dadas pelos jornalistas vá em frente, por agora não tenho mais comentários a dizer.»
Johan Bruyneel, um dos nomes incontornáveis do ciclismo belga, também se pronunciou sobre a eventual junção. «Se a fusão for realmente por diante, ninguém com contrato válido ficará na rua. O facto de existirem 52 ciclistas e o limite ser de 30 por cada equipa e os staffs se encontrarem duplicados não parece constituir problema, porque as equipas vão encontrar uma solução, caso contrário a UCI não dará luz verde para a fusão», afirmou o antigo diretor desportivo da US Postal, Discovery Channel e Astana.
«Gostaria de acrescentar que qualquer corredor que tenha contrato com a equipa que desapareça ou venda a licença World Tour e não queira fazer parte dessa fusão, é livre de partir para outra equipa. Para eles a equipa atual não se poderá opor, porque nesse caso a equipa com a qual o ciclista tem contrato deixará de existir. A minha expetativa é que uma ProTeams que queira dar esse passo em frente compre a licença de uma das duas equipas fusionadas. Neste caso, penso que a Jumbo-Visma manterá a licença e a Soudal-Quick Step venderá a sua», concluiu Bruyneel que estará de férias no Algarve até ao próximo domingo.