Carlos Carvalhal: «Agradecer aos adeptos é imperativo, mas não há nenhum caso Matheus»
Carlos Carvalhal. Imagem: EPA/GEORGIA PANAGOPOULOU

Carlos Carvalhal: «Agradecer aos adeptos é imperativo, mas não há nenhum caso Matheus»

NACIONAL21.12.202414:05

Treinador dos guerreiros abordou o momento mais tenso no final do jogo com o Famalicão e também a atitude de Matheus em não se dirigir aos mesmos; técnico espera um Santa Clara competente, mas pretende alcançar o 4.º lugar

No final da partida com o Famalicão, houve alguns momentos tensos entre os jogadores e os adeptos, sendo que Carlos Carvalhal referiu que o grupo iria reunir para decidir o que fazer na questão do agradecimento final às bancadas.

«Agradecer aos adeptos é imperativo, vai acontecer sempre, em casa e fora, isso é inquestionável. A pergunta, no final do jogo com o Famalicão, era se neste momento a proximidade não podia ser preocupante em relação à integridade física dos jogadores. O grupo vai ter uma forma de agradecer aos adeptos o seu apoio, independentemente do resultado e, mais uma vez, também não é caso», explicou o técnico que ainda especificou a situação de Matheus que no decorrer desta semana, também se recusou a ir junto dos adeptos, num treino aberto ao público.

«Não há nenhum caso Matheus. Hoje em dia, todos nós sabemos, até em função do que se passa na sociedade, sabemos que o futebol é um meio catártico para as pessoas e para as tensões sociais que existem. Historicamente sempre foi assim. Quanto maiores as tensões sociais, com greves e outras situações, o escape no futebol é maior, assim como o descarregar sobre as equipas e não é só no SC Braga, pois já tem acontecido a outras equipas. Mas, temos de estar preparados para isto. Até o Matheus que tem onze anos de clube, que é um dos melhores guarda-redes da história do clube, sem dúvida nenhuma. Um excelente jogador, uma pessoa que é a primeira a chegar e temos de estar preparados para a crítica e temos de lidar da melhor forma com isso. De não ter ido junto dos adeptos, foi o próprio que se protegeu, no sentido de ouvir uma boca e aí sim criar um caso. Ele gosta muito dos adeptos, nós gostamos muito dele e não temos caso.»

O SC Braga vem de uma sequência de três jogos sem vencer (dois empates e uma derrota) e Carlos Carvalhal tem referido que as dinâmicas de grupos não estão a ser fáceis de gerir, mas que o caminho está a ser feito.

«O balão está a crescer, era um problema grande em termos de dinâmica, não vou esconder. Muitos jogadores novos, de fora, jovens e estamos a lidar com uma nova geração. Há queixas do Paulo Fonseca, no Milan, sobre estas situações. Temos de lidar com uma nova era, dos telemóveis, de pessoas que se fecham. Aquele jogador antigo que tem a manha da rua que sabe estar em grupo, está a desaparecer. Agora os mais jovens são completamente diferentes e torna tudo mais difícil para os treinadores. Mas, há educação e perceber o que é o grupo, a dinâmica do grupo, independentemente da idade e o trabalho que temos vindo a fazer desde o início vem nesse sentido. Se está perfeito? Não. Mas, há caminho no espírito de grupo. Está a evoluir.»

Os guerreiros viajam este sábado para os Açores e este domingo enfrentam o Santa Clara, na luta direta pela 4.ª posição na Liga e é isso mesmo que o treinador, de 59 anos, pretende conquistar.

«É sempre uma oportunidade. Para ganhar, para saltar para o 4.º lugar, mas vamos defrontar uma equipa boa, muito competitiva e com bons valores individuais. O Vasco Matos está a fazer um grande trabalho, no Santa Clara. Temos de ser combativos e temos de ser melhores que o adversário para vencer. Tivemos uma semana para preparar o jogo, a equipa está, claramente, focada no objetivo que é vencer o jogo, sabendo que é difícil e percebendo que ganhando vamos para o 4.º lugar, que é esse o objetivo imediato que temos na nossa mente.»

A equipa também mudou em termos defensivos, pois após três partidas sem sofrer, agora leva oito golos sofridos, nos últimos três encontros e Carlos Carvalhal procura voltar a encontrar o mesmo equilíbrio.

«Em determinada altura mudámos o sistema e tivemos três vitórias consecutivas, com zero golos sofridos. Depois, o jogo com o Estoril em que desregulámos um pouco, também por acontecimentos que precipitaram o envolvimento no jogo e o mau resultado. De seguida, um jogo extremamente complicado e difícil, pelo momento da Roma e da sua qualidade. Depois, repetimos a fórmula, fizemos um jogo em que ao intervalo tivemos oportunidades claríssimas para fazer vários golos e saímos para o intervalo a perder. Depois tivemos de correr riscos, porque estávamos a perder. E nas transições perdemos algum equilíbrio, descompensámos um pouco, porque estávamos a perder. O que tenho de realçar é a alma que a equipa teve. Conseguimos o empate e ainda tivemos um lance cortado na linha de golo. Temos de estar mais equilibrados e temos de recuperar o que tínhamos. Por vezes, a necessidade de fazer golos e de criar oportunidades sem concretizar, leva a que os jogadores se cheguem mais à frente. É importante ter uma oportunidade e fazer um golo. Não nos tem acontecido, mas isto muda. Um dia também vamos ter sorte.»