Ex-presidente da federação de atletismo justifica a decisão devido à polarização que tem sido feita por dois dos candidatos e que a força do movimento destes lhe retirou apoios que inicialmente o haviam feito avançar. Critica também os «contornos políticos» que as candidaturas ao Comité estão a tomar e que estão longe daquilo a que se havia proposto. É o segundo pré-candidato a desistir depois de José Manuel Araujo se ter retirado para se juntar a Laurentino Dias.
O ex-presidente da federação de atletismo Jorge Vieira desistiu, esta segunda-feira, da candidatura à presidência do Comité Olímpico de Portugal, considerando que as eleições de 19 de março assumiram contornos políticos inéditos e denunciando a existência de uma polarização promovida por dois candidatos.
«Por respeito para com aqueles que se dispõem a apoiar-nos, mas aos quais não podemos garantir o sucesso da candidatura, decidimos suspender a nossa caminhada eleitoral, não sem antes desejar os melhores sucessos olímpicos às federações e à candidatura que vier a ser eleita», lê-se em comunicado enviado à agência Lusa.
Na nota, o antigo presidente da Federação Portuguesa de Atletismo começa por evidenciar que as eleições para a presidência do Comité Olímpico de Portugal, agendadas para 19 de março, têm vindo a assumir «contornos políticos, até hoje, inéditos no movimento olímpico português».
«O processo eleitoral progrediu no sentido da polarização entre, sobretudo, dois candidatos que disputam o apoio das federações, baseando-se na lógica do voto útil. Esta lógica não privilegia a apresentação e debate de ideias e projetos, mas, tão só, a adesão a um dos candidatos e às vantagens que, supostamente, lhes são garantidas», defende.
Presidente da FPA durante 12 anos, saiu do cargo em novembro, Vieira lembra que a sua candidatura se apresentou como independente e oriunda do interior do movimento federado e olímpico e pugnaria, «tão só, pelo desenvolvimento e pela excelência do desporto português».
Judo, badminton e hóquei em campo juntam-se às seis federações que já defendiam a candidatura do presidente da federação de futebol ao Comité Olímpico de Portugal. Comissão eleitoral ainda não definiu o que é um quarto das 33 federações olímpicas - 8 ou 9 - e se cada organismo federativo pode subscrever mais do que uma candidatura, que atualmente são cinco.
«A dinâmica, intensiva, de captação de federações apoiantes pelas duas referidas candidaturas fragilizou, significativamente, a nossa base de apoio inicial. Alguns dos que nos apoiaram e incentivaram ao longo do tempo, migraram para as candidaturas concorrentes», reconhece.
No comunicado, Vieira não identifica os candidatos a que se refere, no entanto apenas Laurentino Dias, antigo secretário de Estado do Desporto, e Fernando Gomes, ainda presidente da Federação Portuguesa de Futebol, têm apoios federativos declarados.
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O outro candidato, o também antigo secretário de Estado do Desporto Alexandre Mestre, ainda não revelou quais as federações que o apoiam, mas, na passada semana, criticou a união entre o atual secretário-geral do COP José Manuel Araújo e Laurentino Dias.
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A desistência de Jorge Vieira acontece no mesmo dia em que a Comissão Eleitoral do COP divulgou o calendário eleitoral, fixando a apresentação de candidaturas até 27 de fevereiro e esclarecendo que cada uma delas deve ser subscrita por, pelo menos, nove federações.
Após as eleições de 19 de março, o sucessor de Artur Lopes, que assumiu a presidência do COP após a morte de José Manuel Constantino em agosto passado, tomará posse até 27 de março.
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