João Almeida terceiro na etapa, segundo na geral
Roglic ultrapassa Van Eetvelt sobre a linha de meta (Red Bull-Bora-hansgrohe Twitter - SprintAgency)

VOLTA A ESPANHA João Almeida terceiro na etapa, segundo na geral

CICLISMO20.08.202417:05

Português terminou com o mesmo tempo do vencedor da etapa (4.ª) e novo camisola vermelha, Primoz Roglic, de quem está a oito segundo na classificação geral.

 João Almeida, na sua maneira de correr, ao seu ritmo, sem ir ao choque nas subidas mais duras e atacadas, deu um sinal afirmativo sobre as pretensões à vitória na Volta a Espanha 2024, que esta terça-feira teve a primeira abordagem montanhosa.

O português da UAE Emirates concluiu a quarta etapa, cuja meta culminou com o topo da íngreme ascensão do Pico Villuercas, muro autêntico na sua parte intermédia (3 km a 13,6%), na terceira posição, com o mesmo tempo do vencedor, Primoz Roglic, que é o novo camisola vermelha, símbolo da liderança da corrida espanhola.

Na segunda posição ficou o surpreendente belga Lennert Van Eetvelt (Lotto Dstny), que perdeu por centímetros o triunfo, em sprint com o esloveno da Red Bull-Bora-hansgrohe.

Após as bonificações para os três primeiros posicionados (10, 6 e 4 segundos, respetivamente), João Almeida é o segundo classificado da geral, a oito da liderança de Roglic, e com 24 de vantagem sobre o espanhol Enric Mas (Movistar), terceiro da tabela.

O corredor luso, de 26 anos, iniciou a subida de modo conservador, ao seu estilo – e também sentindo o impacto do forte ritmo imprimido pelos primeiros, em que estranhamente se incluíam dois companheiros de equipa. Primeiro Jay Vine, na entrada da fase mais inclinada do Pico Villuercas, e depois Pavel Sivakov, que não se coibiu até de atacar, expondo, então, fragilidades a João Almeida.

Contudo, o português meteu o seu andamento e foi de menos a mais, recuperou o fôlego e as forças, e foi ultrapassando, um a um, os oponentes, até alcançar o grupo da frente, já restringido a um quinteto.

Mikel Landa (T-Rex Quick-Step) também chegou de trás e foi um septeto (com o austríaco Felix Gall, da Decathlon-AG2R, que também esteve ao ataque na subida, mas sem sucesso; e o norte-americano Matteo Riccitello, da Israel-Premier Tech, autor de outro espantoso desempenho) que discutiu a vitória, mas foram Roglic e Van Eetvelt a revelarem-se os mais rápidos e o esloveno ainda mais, impondo-se ao belga por menos do que a distância de uma roda.     

História da etapa

O início de etapa foi bastante animado, com vários ataques com o objetivo de se formar a fuga, que só vingou, após muitas tentativas, na primeira subida categorizada do dia, Puerto de Cabezabellosa (2.ª cat.), com cerca de 20 quilómetros percorridos.

Conseguiram escapar e consolidar vantagem, o quinteto Bruno Armirail (Decathlon AG2R La Mondiale), Sylvain Moniquet (Lotto Dstny), Filippo Zana (Jayco-AlUla), Pablo Castrillo (Kern Pharma) e Mikel Bizkarra (Euskaltel-Euskadi), que o pelotão passou a controlar a uma distância a rondar os três minutos.

Durante a descida, onde ocorre uma queda de alguns corredores, envolvendo alguns elementos da Ineos Grenadiers, que puderam prosseguir, a vantagem dos fugitivos aumentou, mas nunca mais de quatro minutos, que se manteve durante a segunda ascensão, mais exigente, Alto del Piornal (1.ª cat.), com a equipa Red Bull-Bora-Hansgrohe a liderar o pelotão.

Na descida subsequente e nos primeiros quilómetros de um longo vale a caminho da segunda metade da etapa, a perseguição aos escapados acentuou-se e a distância caiu significativamente para baixo dos 2 minutos, deixando antever que, principalmente, a equipa Red Bull, de Primoz Roglic, está interessada em permitir aos seus melhores corredores discutirem a vitória na etapa.

Os fugitivos enfrentaram a penúltima ascensão da etapa, Puerto de Miravete (3.ª cat.) com 2.30 minutos de avanço, e cujo cume dobraram com 3 minutos, mas logo na descida, ainda e sempre a Red Bull, recolocaram a margem no limiar dos dois minutos, o que não agradou ao francês Bruno Armirail que atacou na fuga, apenas com resposta do espanhol Pablo Castrillo, e ambos estabeleceram uma nova ordem na frente da corrida, mas apenas para prolongar-lhe a esperança de vida.

O início da subida final, para Pico de Villuercas, fez-se a ritmo controlado ainda pela Red Bull-Bora, continuando o trabalho de desgaste dos adversários de Roglic (e de Martinez e Vlasov, todos homens com capacidade de lutar pela vitória), fazendo os seus corredores revezarem-se na frente do pelotão, que começará a perder unidades.

Depois de oito quilómetros numa inclinação média a rondar os 5%, a corrida jogou-se nos terríveis 3 km extremamente íngremes e com o piso cimentado. Sob temperatura ambiente de 37ºC: o calor da corrida estava prestes a atingir os píncaros! Wout van Aert (Visma-Lease a Bike) desliga rapidamente o motor e segue ao seu ritmo (lento), despedindo-se desde logo da camisola vermelha, como anunciara.