A história dos Mundiais: 2.ª parte

Ciclismo A história dos Mundiais: 2.ª parte

CICLISMO06.08.202313:08

No ano de 1958 no dia 31 de Agosto, o Mundial regressou a França sendo disputado em Reims com um total de 277,0 kms que compreendia 14 voltas a um circuito com a 19,770 kms que apresentava como grande dificuldade três subidas com algum expressão as quais foram decisivas na selecção daqueles que terminaram a corrida. Marcaram presença 13 países com 67 corredores, terminando 26. Conquistou o título mundial Ercole Baldini (Itália) que chegou isolado à meta depois de ter protagonizado uma fuga com quase 250 kms, demonstrando desta forma todo o seu talento, fazendo o tempo de 7h29’32” à média de 36,994 kms/h, seguido de Louison Bobet (França) a 2’09” e André Darrigade (França) a 3’47” que comandava um pequeno grupo de 5 unidades do qual faziam parte mais dois franceses, Jean Forestier que foi 5º. e Valentin Huot que foi 6º., o italiano Vito Favero que entrou na 4ª. posição e o alemão Hans Junkermann, todos com o mesmo tempo do terceiro classificado. Nota de destaque para o facto de Louison Bobet e André Darrigade repetirem ambos as classificações do ano anterior conseguidas em Warengen na Bélgica.

Depois de ter sido terceiro nos dois anos anteriores, André Darrigade (França) não sabia se poderia participar no campeonato do mundo, em virtude de ter sofrido uma queda alguns dias antes, entretanto solicitou ao seleccionador que o incluísse na lista de participantes. A verdade é que veio a participar acabando por se impor num vigoroso sprint, sagrando-se campeão mundial em 1959 na cidade de Zandvoort na Holanda no dia 16 de Agosto, num percurso com 292,0 kms percorrido num circuito automobilístico que compreendia um a volta com 4,193 kms e mais 28 voltas com o perímetro de 10,280 kms. Na recta da meta apresentaram-se 8 corredores que disputaram a vitória final, deixando para trás um grupo de 33 unidades e do qual faziam parte, o qual não respondeu ao ataque de Tom Simpson (Inglaterra) que foi o principal protagonista quando faltavam 3 voltas para o final. O pequeno grupo entrou nos metros finais compacto sendo o mais rápido  o francês André Darrigade que fez o tempo de 7h30’43” à média de 38,875 kms/h, seguido de Michele Gismondi (Itália) e Noel Foré (Holanda) que tiveram direito a pódio e de Tom Simpson (Inglaterra), Diego Ronchini (Itália), Albertus Geldermans (Holanda), Friedhelm Fischerkeller (Alemanha) e Coen Niestem (Holanda) que integravam o grupo que foram creditados com o mesmo tempo, enquanto o pelotão comandado por Jacques Anquetil (França) gastava mais 22”, num campeonato em que alinharam 69 corredores de 16 países, tendo 44 chegado ao fim.

No final André Darrigade declarava; “Não sabia qual era a doença de que sofria, chegaram a dizer-me que era a «solitária». Inclusive o meu amigo Miguel Poblet que pensava atacar no início, não o fez para que as pessoas me pudessem ver pois faria alguns quilómetros e depois abandonaria, altura em que ele pensava tomar conta da corrida, mas para surpresa minha com o passar dos quilómetros comecei a sentir bem, o corpo dava-me boas sensações e no final foi o que se viu, para surpresa de todos”.  

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A 14 de Agosto de 1960 no Karl-Marx Stadt na Alemanha, subia ao pódio o belga Rik Van Looy que havia conquistado a medalha de prata em 1956. Não se ficava por aqui este extraordinário sprinter que repetiria o feito no ano seguinte e conquistaria a medalha de prata em 1963. Foram 17 os corredores que disputaram o sprint final, numa corrida percorrida prácticamente em pelotão, onde alinharam 67 corredores em representação de 14 países dos quais 32 cruzaram a linha de chegada. O vencedor Rik Van Looy fez o tempo de 7h47’27” à média de 35,861 kms/h, com André Darrigade (França) e Pino Ceramy (Bélgica) a conquistarem as medalhas de prata e bronze. A corrida teve a extensão de 279,3 kms num percurso com o perímetro de 8,730 kms que foi percorrido por 32 vezes, tendo o Côte “Balsberg” como a principal dificuldade.

Foi um ano sensacional de Rik Van Looy a quem chamavam “O Imperador de Herentals” que teve a colaboração de toda a selecção belga a qual não contava com o campeão Rik Van Steenbergen que não participou. Tratava-se de uma selecção que contava com homens importantes como Jan Adriaensens, Frans Aerenhouts assim como o veterano corredor italiano naturalizado belga Pino Cerami que se estreou no Mundial com 38 anos.

Durante vários anos os sprinters impuseram a sua lei nos Campeonatos do Mundo. Em 1961, em Berna na Suíça no dia 3 de Setembro, a vitória foi novamente para o belga Rik Van Looy, na frente de Nino Defilippis (Itália) e Raymond Poulidor (França), todos com o mesmo tempo 7h46’35” à média de 36,681 kms/h, que chegaram na frente do primeiro pelotão composto por 16 unidades. A corrida teve a extensão de 285,2 kms, percorridos num circuito com 12,996 kms de perímetro que foi percorrido 22 vezes, tendo alinhado á partida 71 corredores em representação de 15 nações, chegando ao final 32 ciclistas. Nino Defilipis (que mais tarde viria a ser seleccionador italiano) queixou-se no final da pouca ajuda que teve dos seus companheiros de equipa dizendo que: “Se Baldini ou algum dos meus companheiros se tivesse sacrificado por mim, estou certo de que poderia ter batido Van Looy. Em cada dez sprints ele ganhava-me sete, mas nesse dia calhava-me vencer um dos outros três, porque tinha reservado muito mais forças e estou convicto que venceria”. Nada parco em palavras e em certezas o corredor italiano.

No ano de 1962 em Itália no dia 2 de Setembro em Salo Di Garda, o título mundial regressava França através da vitória de Jean Stablinski que vencia isolado depois de uma fuga com mais de 90 kms com o tempo de 7h43’11” à média de 38,374 kms/h, num percurso acidentado com 296,2 kms, percorrido num circuito por 22 vezes com o perímetro de 12,966 kms num dia de forte calor. Alinharam á partida 69 corredores de 12 países, chegando ao final 39, com a medalha de prata a pertencer a Seamus Elliott (Irlanda) a 1’22” e a de bronze a Jos Hoevenaers (Bélgica a 1’44”, com a particularidade dos 14 primeiros chegarem um a um e por consequência com tempos diferentes, sendo Jacques Anquetil (França) o 15º. classificado a 3’53” à frente de um pelotão composto por 16 corredores. O vencedor Jean Stablinski era de origem polaca, cujo verdadeiro apelido era “Stablewski”, mas na sua chegada a França um erro administrativo levou-o a ter que aceitar o apelido de Stablinski para não ter mais problemas. Também Seamus Elliot vencedor da medalha de prata acabou por ser noticia, pois suicidou-se poucos anos depois, como também já havia acontecido uns meses antes com o suíço Hugo Klobet o qual era apelidado de “O Belo” e um corredor de grandes potencialidades.   

O ano de 1963 voltou a ser histórico para os belgas, que organizaram o Mundial no seu País na cidade de Renaix no dia 11 de Agosto, que conquistaram a medalha de ouro e de prata, numa corrida envolta numa das maiores polémicas da história dos Mundiais. O percurso teve a extensão de 278,8 kms percorrido num circuito com 16,4 kms ao qual deram 17 voltas, apresentando-se a principal dificuldade num pequeno troço de empedrado «o célebre pavée» em Kruisber, estando presentes 70 corredores em representação de 13 países, dos quais abandonaram 36. O vencedor foi o belga Benoni Beheyt que surpreendentemente bateu num irregular sprint o seu compatriota o grande campeão Rik Van Looy e o holandês Jo De Haan, à frente de um pelotão de 29 unidades aos quais foi creditado o tempo de 7h25’26” à média de 37,554 kms/h. O líder da selecção era Rik Van Looy que era o grande favorito e que parecia destinado a repetir o feito do seu compatriota Rik Van Steenbergen que foi tri campeão mundial. Após a rampa de Kruisber seguia-se o empedrado o qual tinha feito bastantes estragos, local onde Van Looy não podia falhar pois tinha no grupo o francês André Darrigade, mas para surpresa de todos o verdadeiro inimigo era justamente da casa ou seja um jovem belga que não tinha completado 23 anos e de nome Benoni Beheyt, o qual entendeu não trabalhar para o seu chefe de fila por isso se encontrava mais forte que ele. Dos 29 corredores que faziam parte do primeiro pelotão 7 deles eram belgas pelo que Van Looy tinha tudo a seu favor, mas encontrava-se bastante nervoso e faltaram-lhe as forças nos metros finais, principalmente quando viu pela sua esquerda Beheyt lançado para o superar. Van Looy tentou encostar Beheyt contra as baias de segurança, mas este reagiu de imediato empurrando-lhe o selim e ganhando o campeonato, pelo que o escândalo acontecia originando as mais diversas opiniões. Muitos acusavam Benoni Beheyt de traidor, mas outros, principalmente aqueles que conheciam o egoísmo de Van Looy, davam razão ao jovem corredor que havia vencido depois de um sprint irregular. O que devia ser uma festa belga, tornou-se num escândalo que teve as suas repercussões principalmente para Beheyt que ficou marcado pelos acontecimentos nunca mais recebendo uma palavra de Van Looy, acabando por conseguir no seu palmarés apenas uma vitória em uma etapa no “Tour”, ser 2º. no Tour de Flandres e no Paris – Roubaix, pois ao longo da sua carreira não teve possibilidades de mostrar o seu real valor pois foi ignorado pela maior parte do pelotão internacional pelo seu acto de rebeldia.                 

A cidade de Sallanches na França assistiu no dia 6 de Setembro de 1964, ao regresso às vitórias dos holandeses, através de Jan Janssen que bateu ao sprint dois nomes emblemáticos do ciclismo mundial, Vittorio Adorni (Itália) e Raymond Poulidor (França), que tiveram que se contentar com as medalhas de prata e bronze respectivamente. A prova decorreu num percurso acidentado de 290,0 kms, num circuito de 11,6 kms percorrido 25 vezes, com o maior obstáculo a ser o côte de “Passy”, marcando presença 10 países com 62 corredores, dos quais 40 chegaram ao fim. Um pelotão de 33 unidades entrou na última volta, na passagem por “Passy” surgiu um forte ataque por parte de Jansen, Poulidor e Adorni que conquistaram alguns preciosos segundos, em sua perseguição estavam Tom Simpson, Ítalo Zilioli, Jo De Haan e Jacques Anquetil, que chegaram á meta com um atraso de 6”, na frente a vitória decidiu-se nos últimos metros com Jan Janssen primeiro, Vittorio Adorni segundo e Raymond Poulidor terceiro, todos com o tempo de 7h35’52” à média de 38,169 kms/h. Depois do fiasco do ano anterior Van Looy voltava a ser o grande favorito, mas o percurso era demasiado duro para o campeão belga que no final teve que suportar mais uma humilhação de Benoni Beheyt que foi 11º., pois o Van Looy descolava na ponta final e não ia além do 32º. lugar a 38” do vencedor.     

O campeonato do mundo correu-se pela primeira vez a Espanha no dia 5 de Setembro de 1965, disputando-se sobre o antigo circuito automobilístico de Lasarte em S. Sebastian, com a presença de 14 países que apresentaram um total de 74 corredores dos quais 56 finalizariam a corrida. Num dia de chuva intensa o britânico Tom Simpson foi o vencedor, percorrendo os 276,4 kms que compreendiam 14 voltas ao circuito que tinha o perímetro de 19,1 kms, em 6h39’19” à média de 40,178 kms/h, batendo ao sprint o alemão Rudi Altig (o qual regressava depois de ter fracturado o fémure no mês de Abril, mas que por vontade própria e de pois de uma rápida recuperação correu estes Mundiais), seguindo-se na terceira posição o belga Roger Swerts a 3’40”. Segundo os jornais da época, o sprint final entre Simpson e Altig foi considerado um dos momentos mais espectaculares na história dos Mundiais, numa chegada muito estreita em que ambos deram o tudo por tudo para conseguir a medalha de ouro, depois de uma longa fuga em que o inglês reservou mais forças e jogou tudo na ponta final, conseguindo arrancar a 200 metros da meta embora o alemão fosse em teoria muito mais rápido. Tom Simpson passou para a história depois da sua trágica morte quando no “Tour” subia o mítico Mont Ventoux no dia 13 de Julho de 1967. Estes campeonatos foram marcados pelo regresso de Portugal aos campeonatos do mundo (a primeira presença segundo os registos da UCI data de 1936 onde participou Teófilo Lopez que desistiu), marcando presença 5 corredores, tendo João Roque conseguido a melhor classificação na 30ª. posição a 12’56”, seguido de Leonel Miranda em 47º. a 15’33”, Mário Silva em 49º. a 16’00”e Peixoto Alves em 56º. a 28’00”, enquanto Henrique  Castro abandonava e fazia parte do grupo dos 18 que abandonaram.

Foi memorável o Mundial de 1966 em Adenau na Alemanha disputado no dia 28 de Agosto (cidade onde se tinha realizado o primeiro campeonato do mundo há 40 anos), no circuito de Nurburgring com 22,810 kms e que foi percorrido por 12 vezes. O primeiro na meta foi o alemão Rudi Altig que tinha sido medalha de prata no ano anterior, mas na sua roda chegaram figuras tão importantes como os franceses Jacques Anquetil e Raymond Poulidor, num sprint cheio de emoção e espectacularidade, gastando os três 7h21’10” para percorrerem os 273,7 kms à média de 36,401 kms/h. Os alemães conseguiam desta forma a sua segunda vitória em Mundiais, (a primeira tinha pertencido a Heinz Muller em 1952) num percurso bastante duro em que em alguns locais se tornava necessário utilizar andamentos de 23 e 24 dentes, além da chuva e do frio que se fazia sentir. A poucos quilómetros do final, estavam na frente Anquetil, Poulidor e Gianni Motta, mas dada a não colaboração entre ambos, permitiu que Rudy Altig os alcançasse e acabasse por vencer para espanto dos dois franceses. Mas, o problema é que Altig corria na equipa de Anquetil acabando por ser expulso da mesma por ordem do francês, por ter impedido a sua vitória. Na selecção portuguesa apenas terminou Mário Silva que foi o 22º. na geral a 10’00” do primeiro, dado que Sérgio Páscoa, Peixoto Alves, José Silva Azevedo e Leonel Miranda abandonaram, fazendo parte do grupo de 52 desistentes, pois apenas terminaram 22 dos 74 corredores que iniciaram a corrida em representação de 13 países.

No ano seguinte (1967) no dia 3 de Setembro, na cidade holandesa de Heerlen, o Mundial vestiu as suas melhores galas e colocou em delírio milhares de aficionados belgas, porque o grande Eddy Merckx foi o melhor gastando 6h44’42” para os 265, 2 kms à média de 39,315 kms/h) vencendo ao sprint o holandês Jan Janssen e o espanhol Ramón Sáez, que foi o primeiro bronze mundial para o ciclismo espanhol (depois de em 1935 Luciano Montero ter sido medalha de prata), com a selecção portuguesa a não marcar presença, numa corrida realizada num circuito com pequenas subidas e descidas com o perímetro de 13,2589 kms que foi percorrido por 20 vezes. Logo ao s 5 kms atacou Gianni Motta (Itália) lançou um forte ataque levando na sua roda Eddy Merckx, Ramon Sáez, o holandês Van Der Vleuten e o inglês Robert Addy. Com o vento a soprar forte de frente o quinteto de fugitivos foi ganhando algum tempo ao pelotão, chegando a parecer uma loucura a aventura destes homens, o holandês Jan Janssen (que um ano mais tarde venceria o Tour) apresentava-se nervoso e deu ordens para que o seu companheiro Van Der Vleuten ficasse para trás para o ajudar  a chegar aos homens da  frente. A desvantagem naquela altura estava na casa dos três minutos, mas os dois holandeses numa entreajuda perfeita conseguiram chegar aos homens que comandavam a corrida, altura em que descolava Robert Addy. A 100 kms da chegada o pelotão começou a ganhar tempo aos fugitivos e diminuía a vantagem de 5 para apenas 2 minutos, na frente voltou a haver entendimento, de todos eles o mais rápido parecia ser o espanhol, um excelente sprinter que utilizava um andamento um pouco pesado 52 x 14, alterando por vezes para um prato de 51 dentes, mas Janssen tinha reservado energias e Merckx conhecia bem o percurso, nos últimos 500 metros existia uma ligeira subida em que o ataque de Eddy Merckx foi soberbo conquistando desta forma o seu primeiro título mundial, deixando Janssen e Sáez nas posições imediatas.         

Alinharam em representação de 11 países 70 corredores tendo terminado 45, numa corrida cheia de dureza devido às fortes rajadas de vento, num circuito que não apresentava grandes dificuldades com 13,259 kms de extensão e que foi percorrido por 20 vezes. Nestes campeonatos foi desclassificado por ter acusado positivo no controle anti-doping, o holandês Van Der Vleuten que tinha sido o 5º. classificado e o grande responsável para que Jan Janssen conquistasse a medalha de prata.

Na cidade de Imola em Itália correram-se no dia 1 de Setembro os Mundiais de 1968, com a presença de 84 corredores que representavam 12 nações, que percorreram 277,3 kms num circuito com 15,4 kms de perímetro por 18 vezes, mas só terminaram 19.O grande favorito era mais uma vez o campeão Eddy Merckx o qual era contestado por muitos, podendo dizer-se que eram uns campeonatos anti-Merckx, sendo este acusado de querer vencer todas as provas e não deixar nada para os seus rivais. Consciente dessa situação, o belga preparou o terreno e conduziu a corrida para que os seus mais directos adversários não pudessem chegar à vitória. Venceu isolado depois de uma fuga com sucesso, o italiano Vittorio Adorni com o tempo de 7h27’39”, à média de 37,169 kms/h, cabendo o segundo lugar a Herman Van Springel (Bélgica) a 9’50” e a terceira posição a Michele Dancelli (Itália) a 10’18”. Adorni corria na equipa Faema juntamente com Merckx, a quem o belga devia imenso, devido ao trabalho que o italiano tinha feito para que ele pudesse vencer o Giro, daí ter consentido a fuga do seu companheiro de equipa. A representação portuguesa teve em Joaquim Agostinho a sua melhor unidade que terminou no 16º. lugar a 15’25”, enquanto Leonel Miranda, Fernando Mendes, Mário Silva e Américo Silva não conseguiram chegar ao fim.

Em 1969 o holandês Arm Ottenbros sagrava-se campeão do mundo em Zolder (Bélgica) no dia 10 de Agosto, batendo sobre a linha de chegada o belga Julien Stevens, fazendo ambos a média de 41,100 kms para os 262,860 kms que compreendiam 30 voltas ao  circuito automobilístico de Terlaemen com 8,762 kms (que apresentava como dificuldade a subida de “Bolderberg”), em 6h23’44”, conquistando a medalha de bronze Michele Dancelli (Itália) que gastou mais 2’18” que os primeiros. O circuito ficava muito perto da casa de Eddy Merckx e mais uma vez todos estavam contra ele fazendo uma marcação impiedosa ao grande favorito, situação que viria a proporcionar a fuga de dois quase desconhecidos Arm Ottembros e Julien Stevens. O curioso é que Ottembros em toda a sua carreira apenas tinha conquistado uma etapa na Volta à Suíça e umas corridas na sua terra em Aalkamar, enquanto Stevens um excelente pistard, era um pouco mais conhecido pois já tinha sido campeão da Bélgica no ano anterior e conquistado nesse ano uma etapa no Tour, à margem dos títulos conseguidos em velódromos, nas provas de perseguição e, à americana juntamente com o famoso Patrick Sercu, mas a sua experiência na pista não serviu para bater o holandês que se impôs por uns centímetros. Em termos nacionais Joaquim Agostinho (15º.) e Henrique Castro(22º., foram as nossas melhores unidades a 2’.21” do vencedor, enquanto António Graça ficava em 52º. lugar a 7’35”, pois Mário Silva, Fernando Mendes e Leonel Miranda não chegaram ao fim fazendo parte dos 21 desistentes, quando tinha alinhado 93 corredores que representavam 13 países.

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O Mundial visitava de novo a Grã-Bretanha em 1970, com a corrida a ter 271,960 kms de extensão sendo disputado na cidade de Leicester no dia 16 de Agosto, num circuito com 15,108 kms ao qual foram dadas 18 voltas, em que participaram 95 corredores em representação de 16 países. O vencedor foi o prometedor Jean-Pierre Monsere (Bélgica) com 6h33’58” à média de 41,418 kms/h, que deixou a 2” os restantes dois homens do pódio que foram Leif Mortensen (Dinamarca) e Felice Gimondi (Itália). No que se refere aos portugueses os melhores foram Firmino Bernardino em 41º. e José Silva Azevedo em 60º. ambos integrados no pelotão a 18”, pois José Pereira, Joaquim Leite, José Luís Pacheco e Joaquim Moreira abandonaram fazendo parte do grupo de 26 desistentes.

Jean-Pierre Monsere foi um ciclista com uma vida trágica e o qual segundo se diz , iniciou a lenda da “maldição do arco íris”. Tratava-se de um corredor que tinha todas as condições para ser um triunfador na modalidade e que era apreciado pelos seus companheiros pois nunca entrava em confusões. Ganhou  este campeonato uns dias antes de cumprir 22 anos, tornando-se o segundo Campeão mais jovem na história do Mundial, mas uns meses depois numa corrida disputada em Gielle na Bélgica, pouco antes do Milão - S. Remo, foi atropelado por uma condutora que se  despistou saltando as barreiras de protecção e morreu no asfalto com a camisola arco íris. Monsere que corria pela equipa Flandria, integrava um grupo de 16 corredores comandados por Vlaeminck, que impunham um forte andamento pois o vento soprava de costas e tinham surgido os abanicos. De repente, Hooyberghs que impunha o ritmo, conseguiu escapar a um Mercedes que a toda a velocidade lhe surgia na frente, mas Monsere que vinha na sua roda, não teve tempo e evitar a colisão sendo lançado a mais de cinco metros falecendo de imediato. Entretanto a mulher que havia provocado o acidente (cujo o apelido curiosamente era Van Looy, mas que não tinha qualquer ligação familiar com o corredor com o mesmo nome), ficava em estado de choque e paralisada ao ver Monsere morto na estrada , sangrando pela boca e pelos ouvidos. Mas a tragédia não ficou por aqui, pois quatro anos mais tarde o seu filho Geovanni com apenas sete anos, faleceu da mesma forma que o pai quando pedalava na sua bicicleta envergando a “camisola arco íris” que o seu tio Freddy Maertens lhe havia oferecido na cidade belga de Rumbeke.   

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O campeoníssimo Eddy Merckx seria o melhor, na frente do italiano Felice Gimondi que venceu ao sprint sem grande dificuldade, naquele que foi o único corredor que conseguiu aguentar o ritmo imposto pelo belga em Mendrisio na Suíça no dia 5 de Setembro de 1971. O vencedor gastou o tempo de 6h39’06” para percorrer os 268,8 kms à média de 40,410 kms/h, batendo Felice Gimondi  a quem foi atribuído o mesmo tempo, deixando Cyrille Guimard a 1’13” que comandava o primeiro pelotão. O percurso apresentava como grande dificuldade a subida ao côte de “Novazzano”, num circuito com 16,8 kms de perímetro e que foi percorrido por 18 vezes, tendo sido guardado um minuto de silêncio em memória de Jean-Pierre Monsere. Participaram 93 corredores em representação de 14 países e talvez devido há dificuldade do percurso e à velocidade a que se correu, registou-se uma derrocada total na selecção portuguesa, pois os nossos sete representantes fizeram parte do grupo dos 57 corredores que abandonaram, foram eles; Joaquim Agostinho, José Madeira, Venceslau Fernandes, José Luís Pacheco, Victor Rocha, José Pinhal e Fernando Mendes.

Em 1972 o campeonato do mundo regressava de novo a terras gaulesas tendo por palco a cidade de Gap no dia 6 de Agosto, com um traçado de 272,5 kms de extensão que foi percorrido num circuito por 18 vezes com 14,301 kms, onde marcaram presença 89 corredores de 13 países. Foi um campeonato cheio de surpresas pois nunca um corredor teve à vista uma vitória tão fácil para depois a deixar escapar de forma surpreendente. O italiano Franco Bitossi a quem chamavam “o homem do coração louco” porque, em situações de grande pressão o seu coração disparava de tal forma que com facilidade atingia mais de 200 pulsações por minuto. Mas naquele dia não foi esse o problema, segundo rezam as crónicas da altura faltou-lhe carácter competitivo e, acabou por ser absorvido por um grupo de sete unidades quando  à entrada do último quilómetro tinha 250 metros de vantagem, tendo sido batido no sprint final pelo seu compatriota Marino Basso. Os franceses depositavam todas as suas esperanças em Cyrille Guimard que tinha sido medalha de bronze no ano anterior, mas tiveram que se contentar com nova medalha de bronze pois o francês não conseguiu bater os dois italianos sendo todos creditados com o tempo de 7h05’59” à média de 38,392 kms/h. A representação portuguesa teve em Joaquim Agostinho o seu melhor elemento, ficando em 42º. lugar integrado no pelotão principal a 10’01”, pois Firmino Bernardino, António Guedes, Joaquim Leite, José Martins e Leonel Miranda, ficaram no pelotão de desistentes que totalizou 47 unidades.

Foi em 1973 quando Luís Ocaña conseguiu o terceiro posto no Mundial que ganhou Felice Gimondi (Itália), seguido de Freddy Maertens (Bélgica), que devido á marcação entre ambos estiveram quase a ser surpreendidos por Luís Ocaña (Espanha), que bateu Eddy Merckx (Bélgica) num sprint sensacional. Este Mundial disputou-se em Barcelona (Espanha) no dia 2 de Setembro com um total de 248,6 kms, com 17 voltas a um circuito com 14,623 kms onde marcaram presença 87 corredores oriundos de 15 países, que devido à difícil subida de Montjuich, que foi fazendo a selecção de valores, apenas terminaram 39 unidades significando que 48 abandonaram. Os quatro corredores apresentaram-se na recta da meta a discutir as medalhas, mais forte que os seus adversários Felice Gimondi (que havia sido segundo em 1971) venceu, seguido de Freddy Maertens e Luís Ocaña, com Eddy Merckx a ficar na quarta posição e fora do pódio. O grupo do vencedor fez o tempo de 6h31’26” à média de 38,106 kms/h. A polémica instalou-se na selecção da Bélgica com Freddy Maertens a acusar Eddy Merckx por  este trabalhar para Felice Gimondi. Uns anos mais tarde veio a confirmar-se o boicote, pois Merckx confessou “que a Campagnolo o havia pressionado para que não ganhasse o Mundial, um corredor que levasse na sua bicicleta a marca Shimano” que era afinal a marca da bicicleta de Freddy Maertens.

Tal como em situações anteriores Joaquim Agostinho foi o nosso melhor representante em 20º. lugar, seguido de Herculano de Oliveira na 25ª. posição, ambos integrando o pelotão principal a 5’09”, quanto aos restantes seis; António Martins, Fernando Mendes, José Martins, Alves da Silva, Joaquim Andrade e Venceslau Fernandes, mais uma vez abandonaram ficando no grupo dos desistentes.

Em 1974 o “grande circo da bicicletas” viajou até à cidade de Montreal no Canadá, onde o percurso tinha a distância de 262,5 kms e foi efectuado num circuito com 12,5 kms de perímetro e percorrido por 21 vezes no dia 25 de Agosto, tendo no “Mont-Royal” a sua maior dificuldade. Foi um campeonato duro e muito exigente, onde se falava de um possível duelo entre Eddy Merckx e Freddy Maertens, mas tal não veio a acontecer porque Eddy Merckx atacou a 5 voltas do final e apenas 10 corredores  conseguiram ir com ele. Na frente estava Bernard Thevenet que havia atacado muito antes e que foi difícil de alcançar, mas Merckx não estava ali para oferecer nada e, lançou um novo ataque com um ritmo tal que somente Poulidor o conseguiu acompanhar, acabando Eddy Merckx (Bélgica) por vencer isolado com 2” sobre Raymond Poulidor (França) que tinha sido o seu grande adversário, fazendo o tempo de 6h52’22” à média de 38,194 kms/h, com o terceiro lugar a pertencer a Mariano Martinez (França) que chegou a 37”, conseguindo desta forma a formação gaulesa as medalhas de parta e bronze enquanto Eddy Merckx somava a sua terceira medalha de ouro (1967–1971-1974), sendo esta a sua última vitória em campeonatos do mundo. Portugal não se fez representar nestes campeonatos, onde alinharam 66 corredores de 15 países, mas só 18 terminaram.

Na cidade de Yvoir na Bélgica decorreram os Mundiais de 1975 no dia 31 de Agosto com um total de 266,0 kms totalmente planos e percorridos num circuito de 13,3 kms extensão por 20 vezes, com os belgas a serem os grandes favoritos, principalmente Eddy Merckx que sonhava com mais um título. Para surpresa de alguns a vitória pertenceu ao holandês Hennie Kuiper com 6h39’19” à média de 39,968 kms/h, deixando o belga Roger De Vlaeminck e o francês Jean-Pierre Danguillaume a 17”, que integravam um mini pelotão de 10 unidades onde se encontrava Eddy Merckx, que no sprint final não foi além do 8º. lugar. Hennie Kuiper  (que tinha sido campeão olímpico em 1972 em Munique) atacou  antes de entrar na última volta e conseguiu impor-se a Roger De Vlaeminck, Jean-Pierre Danguillaume, Pedro Torres, Joop Zoetemelk, Bernard Thévenet, Régis Ovion, Eddy Merckx, Lucien Van  Impe, Gérard Knetemann e Francesco Moser, os quais não conseguiram anular a fuga do novo campeão do mundo.      Alinharam á partida 79 corredores de 13 países, chegando ao final apenas 28, Portugal devido à situação politica e económica que se vivia na altura não participou, só regressando aos campeonatos do mundo em 1983. Neste ano fez a sua estreia como seleccionador italiano Alfredo Martini que substituiu Nino Defilipis e que teria uma carreira cheia de sucessos. Foi um cargo conquistado com todo o  mérito, depois de na equipa “Ferretti” ter conquistado o “Giro” em 1971 com Gosta Petterson, sem dúvida o melhor dos quatro irmãos suecos. A sua paixão pelo ciclismo e os seus inovadores e metódicos métodos de trabalho, levaram a selecção italiana a conquistar  grandes êxitos com Francesco Moser, Giuseppe Saroni, Moreno Argentin e Gianni Bugno. Neste ano uma das grandes baixas na “squadra azzurra” foi Francesco Moser, depois de ter sido durante 9 dias líder no “Tour”, uma queda dias antes de se correr o Mundial impediu que ele aguentasse os últimos quilómetros terminando na 11ª. posição sendo o último do pelotão perseguidor.

Os Mundiais de 1976 disputados em 5 de Setembro decorreram em Itália na cidade de Ostuni, com um percurso de 288,0 kms, num circuito com 36,0 kms de perímetro que foi percorrido por 8 vezes, considerado bastante selectivo devido ao constante sobe e desce. A vitória de Freddy Maertens (Bélgica) ao bater no sprint final Francesco Moser (Itália), veio a criar mais uma polémica na altura realizando ambos o tempo de 7h06’10” à média de 40,547 kms/h, deixando o terceiro classificado Tino Conti (Itália) a 11”, que bateu num último impulso Joop Zoetemelk (Holanda). Três anos antes em Barcelona, Freddy Maertens face à sua inexperiência tinha sido segundo atrás de Felice Gimondi, pelo que desta vez inverteram-se as situações com Francesco Moser (considerado o mais forte da corrida) a ficar na segunda posição. Francesco Moser atacou na última volta levando na sua roda Joop Zoetemelk, juntando-se ambos a Freddy Maertens e Tino Conti que se encontravam numa posição mais avançada. A situação parecia favorecer Moser, mas o italiano não soube reservar as energias principalmente na descida de “Costernino”, onde impôs um forte andamento devido ao facto de Eddy Merckx, Bernard Hinault e Jan Raas estarem muito perto e não querer perder a vantagem que possuía. Nos últimos 500 metros lançou vários ataques aos quais Maertens não respondeu, pelo que o italiano estava seguro da sua vitória, mas no sprint final Freddy Maertens ganhou com facilidade, com Moser a declarar aos jornalistas: “Maertens enganou-me pois sempre me disse que estava doente, quando eu atacava ele aparentemente não tinha forças para me seguir, além de ser o único dos quatro fugitivos que atacava. Zoetemelk como sempre acontecia nunca me deu um relevo e o Conti deveria ter saído mais cedo para que eu fosse na sua roda o que não aconteceu, pois estávamos dois corredores da mesma selecção». Por sua vez o seleccionador italiano Alfredo Martini declarava: “É verdade que o Maertens enganou o Moser, mas era uma situação que tinha que se admitir. O Conti disse-me que se o Moser não tivesse feito tantos ataques que ele tinha tido possibilidades de preparar o sprint sem problemas, assim acabou de rastos. Tivemos dois corredores no pódio mas serve de pouco pois a medalha de ouro foi para o belga».          

Alinharam nestes Mundiais 85 corredores em representação de 15 países, terminando a prova 53 atletas.

Em 1977 a Itália voltava ao galarim do ciclismo no Mundial que decorreu em S. Cristobal na Venezuela no dia 4 de Setembro, decorrendo num circuito urbano bastante acidentado com 17,0 kms, que foi percorrido por 15 vezes totalizando 255,0 kms. Foi o Mundial mais exótico dos últimos anos, num País que não tinha tradições na modalidade mas que foi presenciado por muito público, naquele que foi o único campeonato do mundo conquistado por Francesco Moser, depois de ter sido segundo classificado no ano anterior. A selecção italiana fez um grande trabalho ao longo da corrida com destaque para Gimondi, naquele que foi o primeiro Mundial de Giuseppe Saronni que não terminou devido a uma queda numa curva por ter travado antes de tempo. Mas Francesco Moser também teve dificuldades pois furou a 5 quilómetros da chegada, sendo obrigado a mudar de bicicleta em poucos segundos, conseguindo mesmo assim alcançar Dietrich Thurau e vencê-lo no sprint final. Francesco Moser (Itália) sagrou-se assim campeão do mundo, seguido de Dietrich Thurau (Alemanha)     gastando ambos 6h36’24” à média de 38,597 kms/h, conquistando a medalha de bronze Franco Bitossi (Itália) que bateu sobre a linha de chegada Hennie Kuiper (Holanda) os quais ficaram a 1’19” dos dois primeiros. Estiveram representados 17 países com 89 corredores, com 33 a concluírem a prova.

Mais uma vez o campeonato do mundo regressava à cidade de Adenau na Alemanha no dia 27 de Agosto de 1978, apresentando-se sobre um percurso de 22,810 kms que foi percorrido por 12 vezes totalizando 273, 7 kms, onde marcaram presença 15 países com um total de 111 corredores, mas que devido à dureza do traçado e à muita chuva que caiu durante toda a corrida 80 acabaram por desistir. Venceu o holandês Gerrie Knetmann com 7h32’04”, que na última pedalada venceu ao sprint Francesco Moser (Itália) que tinha sido o campeão da edição anterior, deixando o terceiro classificado Jorgen Marcussen (Dinamarca) a 20”, que não conseguiu chegar aos das frente para disputar o sprint final depois de uma sensacional recuperação. Nesse ano o principal favorito era o francês Bernard Hinault que havia conquistado o seu primeiro “Tour” (mas que acabou na quinta posição), encontrando-se na escapada do dia juntamente com Saronni e Knetemann. Na perseguição encontrava-se Walter Godefroot que tentava anular a vantagem dos fugitivos, altura em que Moser resolveu atacar numa subida com 400 metros que tinha um grau de inclinação de 15%. e juntar-se aos homens a da frente. Mas mais uma vez Francesco Moser voltava a repetir o erro ocorrido em 1976, pois estava seguro de que Knetemann não era rival para ele no sprint final, no entanto os últimos 40 metros foram fatais para o italiano dado que Gerrit Knetemann (Holanda) numa espectacular ponta final cortou a meta em primeiro lugar, sendo decidida a vitória depois de ser visto e revisto várias vezes a “foto-finish”.

A Holanda, um dos países que mais medalhas havia conquistado até então, organizou o Mundial de 1979 no dia 26 de Agosto com um sucesso total. A cidade de Valkenburg (paredes meias com a Bélgica), recebeu os homens das máquinas voadoras num percurso com 274,8 kms, disputado num circuito com 16,0 kms com duas subidas que fizeram profundos estragos, a primeira em “Cauberg” e a segunda em “Bemelerberg”, que obrigaram há desistência de 70 corredores. O principal favorito era o italiano Giovanni Battaglin o qual havia conquistado as principais corridas que se haviam disputado antes do Mundial, o “Troféu Mateoti”, a “Copa Placci” e a “Copa Agostini”. Uma fuga do belga Daniel Willems parecia destinada ao sucesso tal a vantagem que trazia sobre os seus perseguidores, mas uma queda a 3 kms da chegada acabaram com todas as ilusões. O grupo perseguidor era formado por Dietrich Thurau, Jan Raas, André Chalmel, Jean-René Bernaudeau, Henk Lubberding, Knut Knudsen e Giovanni Battaglin, a 150 metros da meta saltou Battaglin ao qual responderam Raas e Thurau, um deles tocou na roda traseira do italiano originado a sua queda quando faltavam apenas 75 metros para o final. O vencedor foi o holandês Jan Raas que fez o tempo de 7h03’09” à média de 38,965 kms/h, seguido de Dietrich Thurau (Alemanha) - que já havia sido segundo em 1977 - e Jean-René Bernaudeau (França), enquanto o infortunado Giovanni Battaglin não ia além da 6ª. posição a 23” dos primeiro. Participaram 18 países com 114 atletas, mas só 44 chegariam ao seu final.

Pelo facto já assinalado, Jan Raas nunca deveria ter vencido o Mundial devido ao acidente provocado pelos holandeses, mas estava-se a correr na Holanda e nada se fez para evitar tamanha injustiça. Os italianos apresentaram duas reclamações que não foram atendidas e que também não lhe trariam grandes resultados a não ser ter sido feita justiça, porque no caso de desclassificação de Raas e Thurau, o vencedor seria o francês Jean-René Bernaudeau, com as restantes medalhas a irem para André Chalmel (França) e Henk Lubberding (Holanda). 

Quanto a Giovanni Battaglin vencedor da “Vuelta” e do “Giro” em 1981, foi obrigado a retirar-se com apenas 32 anos em 1984 devido a uma queda no “Giro do Etna” em 1982 quando disputava um sprint com Giovanni Mantovani e Emanuele Bombini, da qual resultaram nove fracturas, entre elas algumas vértebras, a clavícula e a omoplata esquerda, além de outras sequelas principalmente problemas com a respiração.

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Entrados na década de 80, coube aos franceses organizarem o Mundial na cidade de Sallanches, apresentando um percurso bastante duro agravado pelas péssimas condições climatéricas, com um total de 288,0 kms percorridos num circuito com 14,4 kms por 20 vezes, o qual se disputou no dia 31 de Agosto de 1980. A duríssima subida denominada de “Domancy” era uma terrível dor de cabeça para todos, num percurso bastante selectivo que foi considerado na altura como o Mundial mais duro de sempre. Para se ter uma idéia das grandes dificuldades, diremos que alinharam à partida 107 corredores em representação de 17 países e terminaram apenas 15, o que significa que 92 dos gigantes da estrada se rendiam antes do final e que alguns designaram como «o inferno de Sallanches» e outros como «o circuito da morte». Com Bernard Hinault em grande plano (totalmente recuperado da tendinite que o tinha obrigado a abandonar o “Tour”), a 12 voltas do final foi feita a primeira selecção de valores onde apenas Gianbattista Baronchelli, Michel Pollentier, Jorgen Marcussen e Robert Millar conseguiam aguentar o ritmo do francês. Segundo rezam as crónicas da época, Hinault foi “triturando” um a um os seus rivais, na 15ª. volta ficou Pollentier, na 17ª. Marcussen e na 18ª. Millar, pelo que apenas Baronchelli aguentava como podia, mas acabou também por ceder.

Bernard Hinault (França) numa exibição fenomenal venceu o Mundial com o tempo de 7h32’16” à média de 35, 550 kms/h, deixando o segundo classificado o italiano Gianbattista Baronchelli a 1’01” e o terceiro o espanhol Juan Fernandez a 4’25” (que conseguia aqui a sua primeira medalha bronze), comandando um grupo de 7 elementos, sendo o último classificado (15º) o suíço Gody Schumtz a 20’00” do vencedor. Baronchelli reconheceu no final dizendo “O Hinault de hoje foi mais forte que o Merckx de 1974”, o italiano que sofreu de cãibras na última passagem por “Domancy” onde os corredores utilizaram o andamento de 42 X 23 o qual acabou por ser insuficiente para a maioria dos corredores, onde a brilhante corrida de Bernard Hinault não fez esquecer o sofrimento destes verdadeiros cavaleiros da estrada que conseguiram chegar ao final.

Bernard Hinault foi o sexto francês a conquistar o campeonato do mundo e desde 1980 só Luc Leblanc em 1994 e Laurent Brochard em 1997 o conseguiram fazer. Os outros vencedores anteriores foram; Georges Speicher em 1933, Antonin Magne em 1936, Louison Bobet em 1954, André Darrigade em 1959 e Jean Stablinski em 1962.

Mas nomes como Henri Pelissier, Jacques Anquetil, Raymond Poulidor, Bernard Thevenet, Laurent Jalabert e Laurent Fignon, nunca conseguiram alcançar o pódio como vencedores, assim como outros grandes especialistas em Clássicas, um facto que demonstra o difícil que é vencer o Mundial. Além dos citados poderíamos citar nomes como Girardengo, Bartalli, Poblet, Magni, De Vlaeminck, Bitossi, Van Springel, Godefroot, Kelly, Vanderaerden, Induráin, Bartoli, Van Der Poel, Thurau, Richard, Sorensen, Tchmil, Chiappucci, Bauer, Tafi, Simoni, Di Luca, Zabel, Heras, Van Petegen, Rebellin, Ullrich, Conejo, Petacchi, Garzelli, Bettini ou até mesmo os portugueses Joaquim Agostinho e Acácio da Silva, não têm este título no seu palmarés, embora Jan Ullrich tenha conquistado o campeonato do mundo em Oslo em 1993 e a prova de estrada nos Jogos Olímpicos em 2000 na cidade de Sidney.        

A cidade de Praga na Checoslováquia recebeu em 1981 os Mundiais no dia 30 de Agosto, com um traçado urbano de 13, 4 kms com alguma dureza dadas as constantes subidas que embora curtas se tornaram desgastantes, que foi percorrido por 21 vezes num total de 281,4 kms e no qual participaram 18 países com 112 atletas, chegando ao fim 69 ciclistas. Na 17ª. volta o sueco Sven-Ake Nilsson lançou um forte ataque formando-se um grupo de 31 corredores, Hinault foi dos últimos a conseguir ir neste pelotão mas voltou a estar em destaque, primeiro pelo andamento que colocou na corrida obrigando a que alguns corredores ficassem para trás, segundo, fazendo mais uma vez alarde da sua invulgar classe voltou a conquistar mais um lugar no pódio. Na recta da meta 26 homens lutaram pelas medalhas, com o público ao rubro, com emoção e perante um espectáculo inesquecível, o belga Freddy Maertens (medalha de prata em 1973 e medalha de ouro em 1976) bate nos últimos metros os seus companheiros de fuga conquistando mais uma vez o título mundial, seguido de Giuseppe Saronni (Itália) e Bernard Hinault (França), à frente de mais 23 corredores a quem foi creditado o tempo de 7h21’59” à média de 38,150 kms/h. Foi um campeonato do mundo com um dos mais notáveis pódios de sempre no seu longo historial.

Os Mundiais regressaram a Inglaterra em 1982 mais concretamente à cidade de Goodwood, num ano de grandes revelações do ciclismo mundial. Os ingleses fizeram um circuito bastante ondulado na extensão de 15,285 kms que foi percorrido por 18 vezes totalizando  275,130 kms (merecendo destaque uma subida com um desnível de 4,5% com cerca de 1.500 metros), no dia 9 de Setembro. O italiano Giuseppe Saronni que tinha sido medalha de prata no ano anterior, venceu isolado com o tempo de 6h42’22” à média de 41,010 kms/h, depois de no último quilómetro sempre a subir ter deixado para trás os seus 9 companheiros de fuga. A sua arrancada foi sensacional pois atacou a subida com um prato grande tendo sido baptizado pelos italianos como «a fucilata» apelido que define a força com que Saronni fez a subida utilizando um prato grande com 53 dentes e um pinhão de 15 dentes . O segundo lugar foi para o americano Greg Lemond a 5” seguido do irlandês Sean Kelly a 10”, que comandava o grupo do qual havia saído o vencedor. Segundo a imprensa da altura, nos últimos 2 quilómetros sucederam-se os ataques, o primeiro foi de Marino Lejarreta, seguiu-se Jonathan Boyer que passou o espanhol, até que surgiu Saronni como se fosse um”Ferrari” deixando todos boquiabertos perante a fantástica prova que o italiano estava a realizar, ainda tentaram responder Greg Lemond e Sean Kelly mas foram impotentes para travar a classe do vencedor. Passados nove anos, Portugal regressava aos campeonatos do mundo através do emigrante Acácio da Silva, que vivendo no Luxemburgo e correndo em equipas do centro da Europa, representava pela primeira vez o nosso País, não conseguindo no entanto chegar ao fim abandonando um pouco depois de ter cumprido mais de metade do percurso. Neste campeonato marcaram presença 22 países com 136 corredores 55 dos quais chegaram ao fim.

Em 1983 no dia 4 de Setembro o campeonato do mundo disputou-se em Altenrhein na Suíça, com um total de 269,890 kms que compreendia 18 voltas a um circuito com 14,990 kms onde se encontrava uma ligeira subida algo que marcava a diferença para os mais fortes. O americano Greg Lemond afirmava-se como um grande corredor, depois de no ano anterior ter sido medalha de prata, conseguia subir ao pódio como vencedor, acompanhado por Adrie Van Der Poel (Holanda) e Stephen Roche (Irlanda) que ficaram ambos a 1’11”, os quais faziam parte de um grupo que se completava com Faustino Ruperez (Espanha) e Claude Criquiélion (Itália). O espanhol andou durante largos quilómetros na companhia de Greg Lemond depois de terem deixado pelo caminho Moreno Argentin e Serge Demierre, mas o espanhol não aguentou o ritmo do americano sendo alcançado por um trio composto por Van Der Pol, Stephen Roche e Claude Criquielion. A 11 kms do final Greg Lemond atacou e nenhum daqueles que estavam no grupo conseguiu ter forças para o acompanhar, chegando por isso isolado à meta sagrando-se campeão do mundo, tendo sido creditado com o tempo de 7h21’01” à média 38,310 kms/h, numa corrida em que marcaram presença 117 corredores em representação de 19 países, com 71 a não terminarem o campeonato. O português Acácio da Silva foi mais uma vez o nosso único representante conseguindo realizar uma excelente corrida, tentou mostrar-se na 12ª. volta isolando-se durante cerca de 10 kms, mas os italianos que queriam assumir o comando da corrida não lhe deram qualquer hipótese pelo que acabou integrado no pelotão principal na 14ª. posição a 1’36” do vencedor, naquela que foi a melhor classificação de sempre de um português num campeonato do mundo.

No dia 2 de Setembro de 1984 o campeonato do mundo disputou-se em Barcelona (Espanha), com 255,550 kms de extensão, num circuito que tinha como ponto decisivo a subida de Montjuich, o qual apresentava 13,450 kms de perímetro, tendo sido percorrido por 19 vezes. O forte calor que se fez sentir obrigou à desistência dos principais favoritos como Laurent Fignon, Phil Anderson, Jan Raas, Steven Rooks, Adri Van Der Poel, Bernard Hinault, Sean Kelly, Moreno Argentin e Francesco Moser entre outros. Os espanhóis apresentaram uma fortíssima equipa na tentativa de conquistarem algumas medalhas. A desilusão para os nossos vizinhos foi total, pertencendo a vitória a Claude Criquiélion (Itália) que se isolou quando faltavam 5 voltas (67 kms) e chegou isolado à meta com o tempo de 6h46’46” à média de 37,690 kms/h, conquistando o segundo lugar Cláudio Corti (Itália) a 14” e a medalha de bronze Steve Bauer (Canadá) a 1’01”, à frente de um primeiro pequeno grupo do qual faziam parte Hubert Seiz (Suíça) e Bernard Bourreau (França),  Participaram 21 países com 119 corredores, tendo ficado pelo caminho 89 ciclistas entre os quais o nosso único representante Acácio da Silva que desistiu à passagem da 13ª. volta, num percurso que não se adaptava às suas características.

O aparecimento de um norte-americano na primeira linha da velocípedia mundial veio  engrandecer  o mundo do ciclismo. Na cidade italiana de Giavera Montello, no dia01 de Setembro de 1985, Greg Lemond conseguiu a medalha de prata ao ser segundo classificado, atrás de Joop Zoetemelk (Holanda) e na frente de Moreno Argentin (Itália). Foi uma corrida cheia de surpresas como foi o caso de Joop Zoetemelk que prestes a cumprir 39 anos e na sua décima sexta temporada como profissional, conseguiu aquilo que era imaginável vencer o Mundial. Chamavam-lhe a “rata” por andar quase sempre na roda dos seus adversários, neste dia aproveitou a marcação entre Lemond e Argentin para atacar no momento preciso à entrada do último quilómetro, Greg Lemond, Moreno Argentin, Juan Fernandez, Marc Madiot, Stephen Roche, Claude Criquelion entre outros, marcavam-se mutuamente e Zoetemelk conseguia vencer isolado com o tempo de 6h26’38” à média de 41,201 kms/h, deixando o grupo 12 unidades a 3” e do qual tinha feito parte. Foi uma vitória memorável que veio enriquecer o seu brilhante palmarés onde já se encontravam as vitórias conseguidas na “Vuelta” em 1979 e no “Tour” em 1980, sendo o corredor que mais vezes participou na grande corrida francesa num total de 16 edições, conquistando a Clássica holandesa do “Amstel Gold Race” com a camisola arco-íris quando já tinha 40 anos. O percurso teve um total de 265,5 kms, que foram percorridos num circuito com 14,750 kms de perímetro por 18 vezes e sem grandes dificuldades. Alinharam à partida 149 corredores em representação de 23 países, chegando ao final 66 ciclistas, entre os quais o português Acácio da Silva que ficava na 16ª. posição a 35” do vencedor e que fazia parte de um pequeno grupo de 4 unidades que perdeu o contacto com os homens da frente à entrada da última volta.

Em 1986 os Mundiais voltaram a cruzar o Atlântico, tendo sido realizados no Estados Unidos no dia 06 de Setembro na cidade de Colorado Springs, num percurso com 261,8 kms, num circuito vedado na Air Force Academy, que tinha o perímetro de 15,4 kms tendo sido percorrido por 17 vezes, tendo marcado presença 21 países num total de 141 corredores, chegando ao final 87 cavaleiros da estrada, entre eles o nosso único representante Acácio da Silva que integrado no pelotão principal de 69 corredores ficou na 47ª. posição a escassos 9” de Moreno Argentin. O facto mais relevante foi uma fuga de 11 corredores onde se encontravam Laurent Fignon, Charly Mottet, Giuseppe Saronni, Acácio da Silva, Juan Fernandez, Greg Lemond, Rolf Golz, Rolf Sorensen, Pascal Richard, Claude Criquielion e Moreno Argentin, mas que após duas voltas terminava devido à estratégia montada pela Bélgica e Espanha, depois dos fugitivos terem alcançado a vantagem de 1’15”. O vencedor Moreno Argentin (Itália) foi creditado com o tempo de 6h32’38” à média de 39,880 kms/h, deixando Charly Mottet (França) a 1” e Giuseppe Saronni (Itália) a 9” (o qual comandava o pelotão principal), que conquistaram os restantes lugares no pódio. Um dos pontos que mereceu destaque na imprensa nestes Mundiais, foi saber quem foi o terceiro classificado pelo que se teve de recorrer ao foto-finish cabendo essa posição a Giuseppe Saronni, seguido de Juan Fernandez (Espanha) e do irlandês Sean Kelly.

A cidade de Villach na Áustria recebeu os Mundiais de 1987 no dia 6 de Setembro, num percurso com 272,0 kms de extensão, num circuito com 12,0 kms muito rápido sem grandes dificuldades que foi percorrido por 23 vezes num dia bastante chuvoso e que se dizia destinado a roladores e a sprinters. Quando faltavam 5 voltas (60 kms) registou-se um pequeno corte onde estavam Juan Fernandez, Van Vliet, Moreno Argentin e Jan Nevens, na sua perseguição estavam Stephen Roche, Sean Kelly, Rolf Golz, Claude Criquielion, Rolf Sorensen, Erik Breukink, Steve Bauer, Guido Winterberg e Jorg Muller que acabaram por fazer a junção, pelo que um pelotão de 13 corredores atacou a ponta final, na última curva a 500 metros da meta saltou Stephen Roche que teve na chuva o seu melhor aliado. Venceu o irlandês Stephen Roche com 6h50’02” à média de 40,390 kms/h, que num vigoroso sprint ganhou um precioso segundo ao grupo do qual fazia parte, classificando-se na segunda posição Moreno Argentin (Itália), seguido de Juan Fernandez (Espanha). O  pelotão principal com 53 corredores gastou mais 40” que o vencedor, no qual se encontrava “um tal Miguel Indurain” que se estreava nos Mundiais ficando na 64ª. posição, assim como o português Acácio da Silva que foi 58º. enquanto os seus companheiros de equipa, Américo Silva, Manuel Neves e Fernando Carvalho, fizeram parte do pelotão de 97 corredores que não conseguiu chegar ao fim. Stephen Roche foi um corredor que sempre se adaptou às más condições climatéricas e aos pisos molhados, nesse ano depois de ter vencido o “Giro” o “Tour” debaixo de fortes intempéries, culminou a sua melhor época de sempre vencendo o campeonato do mundo também debaixo de chuva.

O palco dos Mundiais de 1988 voltou a ser a Bélgica na cidade de Renaix no dia 28 de Agosto com 272,0 kms de extensão, no qual participaram 178 ciclistas em representação de 25 países. Venceu isolado Maurizio Fondriest (Itália) que saltou do pelotão à entrada da última volta do circuito, com o tempo de 7h02’11” à média de 38,660 kms/h, conquistando os restantes lugares no pódio Martial Gayant (França) que gastou mais 27” e Juan Fernandez (Espanha) a 41” que conseguia desta forma a sua terceira medalha de bronze em Mundiais. A representação portuguesa esteve a cargo de 5 corredores, com Acácio da Silva a ser mais uma vez o melhor na 18ª. posição a 1’48” e fazendo parte do pelotão principal, enquanto Marco Chagas, Manuel Cunha, Manuel Carvalho e Fernando Carvalho, desistiram fazendo parte de um grupo de 98 unidades que não chegou ao fim. Foi um Mundial envolto em muita polémica pois o belga Claude Criquielion apontado como o grande favorito, foi empurrado no sprint final contra as baias de protecção por Steve Bauer (Canadá), perdendo ambos a possibilidade de poder vencer oferecendo em bandeja a vitória ao italiano Maurizio Fondriest que nada teve com o assunto e venceu como lhe competia. Enquanto o canadiense foi desclassificado, Criquielion queixava-se da sua pouca sorte de não ter podido terminar e conquistar de novo o título mundial que já havia conseguido há quatro anos atrás em Espanha. Mais atrás entrou o francês Martial Gayant que pensava ter sido quarto, pois desconhecia o que e tinha passado, ficando expectante quando lhe comunicaram ter conquistado a medalha de prata, enquanto o espanhol Juan Fernandez que fazendo parte de um grupo de 6 unidades sprintou para o quinto lugar, acabando por ser surpreendido quando soube que afinal era o terceiro classificado e por consequência medalha de bronze, naquele que foi aos 31 anos o seu último ano como corredor profissional.         

 O Mundial de 1989 correu-se a 27 de Agosto na cidade de Chambery na França, num percurso algo sinuoso e com 259,350 kms de extensão num dia chuvoso que tornou o asfalto bastante perigoso, marcando presença 25 países com 190 corredores. A vitória pertenceu a Greg Lemond dos Estados Unidos que ao sprint bateu Dimitri Konishev (Rússia) e Sean Kelly (Irlanda) os quais faziam parte de um grupo de 6 corredores a quem foi atribuído o tempo de 6h45’59” à média de 38,330 kms/h. O americano Greg Lemond demonstrou neste Mundial que não foi por acaso que nesse ano havia conquistado o “Tour”. Vítima de um grave acidente em 1987 quando caçava com uns amigos e familiares, foi confundido com um animal sofrendo vários disparos, ficando com as suas partes vitais em estado calamitoso tendo sido alimentado como um recém-nascido durante várias semanas. Ninguém acreditava que pudesse voltar ao ciclismo, mas volvidos apenas dois anos regressava às vitórias vencendo no mesmo ano o “Tour” e o Mundial. Desistiram 148 corredores entre eles os 7 representantes portugueses, pois Acácio da Silva, Carlos Moreira, José Santiago, Pedro Silva, António Pinto, Manuel Abreu e Fernando Carvalho, ficaram todos pelo caminho. As dificuldades do percurso, a chuva e o piso escorregadio e perigoso foram problemas de monta, que aliados a uma subida bastante dura que em cada passagem ia provocando desistências, matou à nascença todas as possibilidades dos portugueses. Foi o primeiro Mundial em que corredor de um País do leste – Dmitri Konishev – conseguia uma medalha de prata.

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Pela primeira vez o campeonato do mundo foi até à Ásia visitando o Japão, tendo sido disputado na cidade de Utsonomina no dia 2 de Setembro de 1990, sobre um percurso de 261,0 kms, debaixo de uma temperatura 35º. e 80% de humidade que tornou a corrida duríssima, marcando presença 145 corredores oriundos de 22 países. Mais uma vez os belgas foram reis e senhores conquistando as medalhas de ouro e prata, com o primeiro lugar a pertencer a Rudy Dhaenens que no sprint final bateu o seu compatriota Dirk de Wolf, sendo atribuído a ambos o tempo de 6h51’59” à média de 38,010kms/h, depois de ambos se terem isolado nos quilómetros finais. O terceiro lugar foi conquistado pelo italiano Gianni Bugno, que gastou mais 8” à frente de um pelotão de 18 unidades. Até aos 220 kms nada de especial a assinalar a não ser os muitos abandonos principalmente devido ao calor, até que se isolaram Alberto Leanizbarrutia (Espanha) e Martial Gayant (França) e que acabaram por movimentar a corrida, proporcionando que depois de absorvidos a poucos quilómetros da chegada saltassem Rudy Dhaenens e Dirk De Wolf os quais haviam de disputar o título entre ambos.

O grande favorito era o espanhol Miguel Induráin, seguido de Gianni Bugno (Itália) e Greg Lemond (E. Unidos), principalmente o italiano que nesse ano havia conquistado o “Giro”, o Milão – S. Remo e tinha sido sétimo no “Tour”, pelo que ninguém acreditava em Rudy Dhaenens que era um excelente homem de “Clássicas” pois já havia sido segundo no Paris – Roubaix atrás do irlandês Sean Kelly em 1986, além disso corria na altura na PDM, que além de receber o apoio dos seus companheiros em especial de Dirk De Wolf, a equipa holandesa oferecia um “prémio especial” a dividir pelos seus corredores que participassem no Mundial, caso algum deles fosse campeão do mundo.        

Terminaram a corrida 57 corredores, registando-se 88 desistências principalmente pela falta de adaptação aos fusos horários e às já referenciadas condições climatéricas, pois o percurso em si não apresentava grandes dificuldades, com Portugal a não se fazer representar.

O vencedor Rudy Dhaenens viria a falecer uns anos depois num acidente de automóvel, quando se deslocava para um estúdio de televisão onde iria comentar uma corrida.

O ano de 1991 confirmava mais três das grandes estrelas do ciclismo mundial, o italiano Gianni Bugno (que havia sido medalha de prata no ano anterior e que venceria esta edição dos Mundiais assim como a do ano seguinte), o holandês Steve Rooks e o espanhol Miguel Indurain.

Os campeonatos foram disputados na cidade de Stuttgart na Alemanha a 25 de Agosto com partida e chegada ao Estádio Necker e neles participaram 27 países que apresentaram 191 corredores, dos quais 96 atingiram o final depois de percorridos 252,0 kms, merecendo destaque uma subida com 6 kms que culminava no “Alto de Fernsehturm” que seria o ponto decisivo da corrida.

Quando faltavam cerca d 30 kms para o final estavam na frente Marc Madiot (França) e Maurizio Fondriest (Itália), altura em que Pedro Delgado (Espanha) Rolf Golz (Alemanha) e Gert-Jan Theunisse (Holanda) resolvem atacar e formar um mini pelotão de 5 unidades o qual seria absorvido pelo grande grupo quando faltavam 5 kms para a meta. Nos últimos 2.500 metros isolaram-se Miguel Induráin (Espanha) Steven Rooks (Holanda), Gianni Bugno (Itália) e Álvaro Mejia (Colômbia). O italiano atacou a 250 metros da meta e levantou os braços muito antes de cruzar a linha de chegada, tanto que os comissários tiveram que recorrer à “foto-finish” para declarar quem seria o vencedor se Gianni Bugno e Steven Rooks. A vitória pertenceu a Gianni Bugno (Itália) com o tempo de 6h20’23” à média de 39,750 kms/h seguido de Steven Rooks (Holanda), de Miguel Induráin (Espanha) e (sem direito a medalha) de Álvaro Mejia (Colômbia). O primeiro pelotão com 28 unidades ficou a 11”, o qual não conseguiu travar o avanço conquistado pelos homens da frente depois de uma árdua perseguição, principalmente devido ao bom entendimento dos fugitivos. Atendendo possivelmente ao mau resultado em 1989 em que nenhum português terminou, a selecção portuguesa depois de não marcar presença em 1990 regressou nestes Mundiais com 7 corredores, apenas chegando ao final Delmino Pereira integrado num grupo a quem foi atribuído o 49º. lugar ex-aequo a 11’.31” do vencedor, pois Acácio da Silva, Jorge Silva, Joaquim Andrade, Manuel Cunha, Luís Santos e Orlando Rodrigues, optaram pela desistência fazendo parte dos 95 homens que não chegaram ao fim.  

   

A zona turística de Benidorm em Espanha, recebeu os Mundiais de 1992 no dia 6 de Setembro, apresentando um percurso com 261,0 kms de extensão que tinha no “Alto de Finestrat” a sua maior dificuldade, no qual participaram 192 corredores em representação de 27 países, com 89 a cortarem a meta final (Segundo a revista Velo 93, um corredor que aparece como não identificado deveria ocupar a 86ª. posição, pelo que poderia fazer subir o número de participantes para 193 à partida e 90 à chegada). Excelente a corrida feira por Miguel Induráin (Espanha) e Tony Rominguer (Suíça), mas depois de se isolarem acabaram por ser absorvidos por um grupo de 15 corredores Foi um grupo de 17 corredores que disputou o sprint final impondo-se de novo Gianni Bugno (Itália), seguido de Laurent Jalabert (França) e Dimitri Konishev (Rússia) que conquistaram as medalhas de prata e bronze, com mais 13 corredores a chegarem todos com o tempo de 6h34’28” à média de 39,700 kms/h. Portugal fez-se representar por 9 corredores mas apenas 4 chegaram ao final, sendo eles Manuel Cunha 49º. e Américo Silva 50º. ambos a 7’24”, Fernando Carvalho 76º. a 10’20” e Paulo Ferreira 85º.  19’20”, os restantes cinco corredores portugueses, Acácio da Silva, Joaquim Gomes, Manuel Abreu, Jorge Silva e José Marques fizeram todos parte do pelotão dos 103 desistentes.  

A edição de 1993 marca a entrada na alta-roda do ciclismo mundial de mais um americano, um quase ilustre desconhecido de seu nome Lance Armstrong, que surpreendeu todos os grandes favoritos vencendo em Oslo na Noruega. O Mundial foi percorrido debaixo de chuva intensa e logo aí ficou bem definida a excelente condição física deste americano que viria a ser um fenómeno no mundo das bicicletas ao vencer por sete vezes consecutivas a mais carismática e importante corrida do mundo, o “Tour de França” de 1999 a 2005 onde resolveu aos 32 anos colocar ponto final na sua brilhante carreira. O espanhol Miguel Indurain era apontado como grande favorito, talvez por isso fosse alvo de cerrada marcação por parte dos 10 integrantes do grupo de fugitivos que conseguiram isolar-se. Quando faltava uma volta isolaram-se Olaf Ludwig (Alemanha), Frans Maassen (Holanda) e Dag-Otto Lauritzen (Noruega) e conseguiram uma vantagem de 12 segundos, mas na subida de “Ryenberg” foram absorvidos por um grupo de 8 unidades, altura em que Lance Armstrong atacou ninguém lhe dando grande importância, pois julgavam que não teriam grandes dificuldades em absorvê-lo tratando-se de um desconhecido. O texano impôs uma pedalada fortíssima no estrada bastante molhada e escorregadia chegando à meta isolado com uma vantagem de 19 segundos. Nesse ano Lance Armstrong teve como companheiros de pódio, o espanhol Miguel Indurain que foi medalha de prata e o alemão Olaf Ludwing que ficou na terceira posição conquistando a medalha de bronze. Os campeonatos foram realizados no dia 29 de Agosto com a presença de 171 corredores em representação de 29 países, dos quais 66 finalizaram a corrida, com Portugal a não se fazer representar. Lance Armstrong foi creditado com 6h17’10” à média de 40,979 kms/h, seguindo-se Miguel Indurain, Olaf Ludwing e mais 8 ciclistas todos a 19” do vencedor.

Apontado como sucessor de Greg Lemond pelos especialistas, declarou no final aos jornalistas que lhe perguntaram se Lemond era o seu ídolo; “Greg nunca foi o meu ídolo pois não o conheço suficientemente. O único ídolo que tenho é a minha mãe, Linda, a ela devo tudo o que sou, eu não quero ser o segundo Lemond, simplesmente quero ser o primeiro Lance Armstrong”. O objectivo de Lance era naquela altura, possuir um rancho com vacas de cornos largos aos quais os texanos chamam «longhorns» e acreditava, que por muito bom que fosse no ciclismo nos Estados Unidos, nunca teria a importância que teria se triunfasse noutro desporto, os tempos confirmaram o contrário, Lance Armstrong transformou-se numa figura de primeiríssimo plano não só na América mas em todo o Mundo.

Em 1994 os campeonatos do mundo regressaram a Itália tendo sido disputados no dia 28 de Agosto em Agrigente na Sicília, com um total de 251,0 kms percorridos num circuito com o perímetro de 13,250 kms por 19 vezes e cheio de grandes dificuldades orográficas além do forte calor que se fez sentir. Alinharam à partida 170 corredores que representavam 28 países, com apenas 57 a chegarem ao final, onde se impôs isolado o francês Luc Leblanc com 6h33’54” à média de 38,230 kms/h, seguido de Cláudio Chiappucci (Itália) e Richard Virenque (França), ficando ambos a 9”, num pequeno grupo que integrava ainda o italiano Massimo Ghirotto. Depois de várias ataques nos últimos quilómetros o dinamarquês Rolf Sorensen  2 kms do final quando sabia que as suas possibilidades seriam limitadas dado os trepadores que estavam no grupo. De imediato responderam Luc Leblanc e Massimo Ghirotto com o italiano a demonstrar que se encontrava muito bem. Mais inteligente que o seu adversário, o francês acabou por se isolar e chegar à meta à frente de Chiappucci, Virenque e Ghirotto com19 segundos de vantagem. Dos 6 corredores portugueses presentes o melhor foi Quintino Rodrigues em 36º. e Américo Silva 43º. lugar, ambos integrados no segundo pelotão a 13’.50”, os restantes quatro, Orlando Rodrigues, Joaquim Gomes, Manuel Abreu e Alexandre Rodrigues, abandonavam antes do final, fazendo parte do enorme pelotão de 113 desistentes.

Em 1995 o Campeonato do Mundo disputou-se num País onde o ciclismo brilhava nesses momentos com muita força. O grande pelotão cruzou mais uma vez o Atlântico e foi até à Colômbia onde na cidade de Duitama a 8 de Outubro decorreram os Mundiais, com uma extensão de 265,5 kms percorridos num circuito com 17,7 kms que teve 15 voltas. Duas grandes dificuldades se apresentaram aos 98 corredores em representação de 10 países, primeiro foram os 2.500 metros de altitude a que nem todos se conseguiram adaptar (local onde se realizou a corrida), depois uma subida bastante dura a 2.850 metros acima do nível do mar denominada de “El Cogollo”, sendo estes dois pontos decisivos no abandono de 78 atletas, pois apenas 20 corredores conseguiram chegar ao fim.

Os espanhóis que tinham efectuado um estágio de altitude em Colorado Springs eram os grandes favoritos, a cerca de 25 kms da chegada furou Miguel Indurain, quando este recolou ao grupo de 5 corredores saltou Abraham Olano, ficando os restantes corredores na expectativa à espera que Indurain ou Marco Pantani respondessem, como tal não aconteceu a vitória pertenceu ao espanhol Abraham Olano com o tempo de7h09’55”, na frente de Miguel Indurain (Espanha), de Marco Pantani (Itália) e de Mauro Gianetti (Itália) todos a 35”, enquanto Pascal Richard gastava mais 53 segundos. As imagens de Abraham Olano realizando o último quilómetro com a roda traseira da sua bicicleta furada sobre uma calçada muito molhada, surpreendeu o mundo inteiro, enquanto Miguel Indurain travava com a sua passividade o grupo de perseguidores, para que não alcançassem o corredor basco, registando-se neste Mundial mais uma vez a ausência de Portugal.

Em 1996 os Mundiais voltaram à Suíça, sendo disputados no dia 13 de Outubro na cidade de Lugano, num percurso com 252,0 kms, num circuito com 17 kms que apresentavam duas subidas – “Comano” e “Breganzona” – que constituíram enorme obstáculo principalmente para os 102 corredores que abandonaram e que faziam parte de um pelotão de 151 unidades em representação de 24 países. Depois de Oskar Camenzind (Suíça) ter realizado uma excelente exibição, a decisão da corrida aconteceu quando faltavam apenas 2 voltas para o final, altura em que Johan Museeuw resolveu atacar, responderam Mauro Gianetti (Itália), Andrea Ferrigato (Itália) e Kai Hundertmark (Alemanha), mas apenas Gianetti conseguiu acompanhar o belga que acabou por vencer. Johan Museeuw (Bélgica) foi creditado com o tempo de 6h23’50” à média de 39,390 kms/h, seguido de Mauro Gianetti (Suiça) a 1” e de Michele Bartolli (Itália) a 29” que trazia na roda Axel Merckx (Bélgica). Registou-se neste ano o regresso de Portugal com Orlando Rodrigues, Joaquim Sampaio, Manuel Abreu, José Azevedo e Paulo Ferreira, mas todos eles abandonaram.

O ano de 1997 fazia regressar o Mundial a Espanha, tendo por cenário a cidade de S. Sebastian no dia 12 de Outubro, com um total de 265,5 kms, que foram percorridos num circuito com 13,5 kms por 19 vezes, sendo de destacar a subida de “Oriamenda” onde se encontrava a maior dificuldade, tendo alinhado à partida 163 corredores de 25 nacionalidades, tendo 87 terminado a corrida. Na última volta saltaram do pelotão Melchior Mauri (Espanha), Leon Van Bon (Holanda) e Laurent Brochard (França), Udo Bolts (Alemanha), Laurent Dufaux (Suíça) e Bo Hambúrguer (Dinamarca), que ao sprint decidiram a vitória. O título mundial pertenceu a Laurent Brochard (França) com 6h16’48” à média de 40,480 kms/h, ficando Bo Hamburguer (Dinamarca) e León Van Bon (Holanda) nas posições de pódio, seguidos de Udo Bolts, Melchior Mauri e Laurent Dufaux, todos com o mesmo tempo do vencedor. Portugal não marcou presença nestes campeonatos do mundo.

A cidade de Valkenburg na Holanda voltava a receber os campeonatos mundiais no dia 11 de Outubro de 1998, apresentando um circuito com 17,2 kms bastante acidentado que foi percorrido por 15 vezes, num total de 258,0 kms, merecendo destaque a passagem pelo “côte de Bemelerberg” com 11% de inclinação e o “côte de Cauberg” com 12% de desnível, que contribuíram decisivamente para o abandono de 86 corredores, que faziam parte de um pelotão de 152 unidades que alinhou à partida em representação de 26 países, dos quais 66 chegaram ao fim. O grande favorito era o italiano Michele Bartoli, mas teve azares em demasia, primeiro sofreu uma queda e a seguir furou, com toda a selecção italiana a trabalhar para ele. Mais uma vez o “Côte Cauberg” marcou as diferenças, quando faltavam 4 volta ficaram na frente os suíços Oskar Camenzind e Niki Aebersold, o italiano Michele Bartoli, o holandês Michael Boogerd, o belga Peter Van Petegem e o americano Lance Armstrong ( recuperado do cancro que o havia afastado temporáriamente, mas que se encontrava moralizado pelo 4º. Lugar que tinha conseguido na (Vuelta”). A 11 kms do final atacou Camenzind, numa altura em que Boogerd sofria uma queda, Bartoli e Petegem tentaram mas não conseguiram chegar ao suíço que mantinha uma pedalada certa e ritmada. Venceu isolado o suíço Oskar Camenzind com 6h01’30” à média de 42,820kms/h, seguido de Peter Van Petegem (Bélgica) a 23”, de Michele Bartoli (Itália) a 24”, de Lance Armstrong (E. Unidos) a 1’08” e de Niki Aebersold (Suíça). com os três representantes portugueses, Victor Gamito, Joaquim Andrade e José Azevedo a não chegarem ao fim.

Na reunião na UCI realizada no decorrer destes Mundiais, foi atribuído a Portugal a realização dos Campeonatos do Mundo de 2001, para satisfação de três portugueses que assistiram ao acto; o Dr. Artur Moreira Lopes Presidente da Federação Portuguesa de Ciclismo, o Dr. Artur Silva um dos grandes obreiros do projecto apresentado para aprovação e Fernando Emílio jornalista da Rádio Comercial, um dia histórico para o ciclismo português.

Para o ciclismo espanhol, o Mundial de 1999 na cidade italiana de Verona, foi um acontecimento histórico, pois a 10 de Outubro surgiu a figura de Óscar Freire, que surpreendeu a todos que eram considerados favoritos conquistando o ouro, deixando nas posições secundárias o suíço Marcus Zberg e o francês Jean Cyril Robin, o espanhol demonstrou nesse dia que iria pertencer aos nomes mais importantes da Taça do Mundo e do Mundial.

O percurso bastante acidentado, tinha o perímetro de 16,250 kms que foi percorrido por 16 vezes totalizando 260,0 kms, no qual participaram172 corredores em representação de 25 nacionalidades. Na última volta no início da subida de Torricelle, o alemão Jan Ullrich tentou isolar-se, na sua roda saltaram Francesco Casagrande (Itália) e Frank Vandenbrouck (Bélgica), na descida bastante acentuada, o trio da frente recebeu a companhia de Markus Zberg (Suíça), Jean-Cyril Robin (França), Dmitri Konishev (Rússia), Óscar Camenzind (Suíça), Óscar Freire (Espanha) e William McRae (E. Unidos), que seriam os nove homens que iriam disputar as medalhas. A 2 kms do final Freire e Camenzind tentam sair mas são de imediato absorvidos, a 500 metros da meta e depois de não se aperceber que já tinha deixado para trás o triângulo que assinalava a entrada no último quilómetro Óscar Freire sai como uma flecha e vence o campeonato do mundo para surpresa de todos com o tempo de 6h19’29” à média de 41,109 kms/h, deixando a 4” o suíço Markus Zberg (Suíça) e o francês Jean-Cyril Robin que comandavam o grupo onde vinham integrados. O único representante português José Azevedo, abandonou fazendo parte do numeroso pelotão de 123 ciclistas que não terminaram a corrida, enquanto o holandês Erik Dekker não foi autorizado a partir devido há taxa hematócrita ser superior ao permitido pela UCI.

Os Mundiais regressaram a França em 2000, tendo sido disputados em Plouay no dia 15 de Outubro, num percurso com 14,160 kms ao qual foram dadas 19 voltas, totalizando 268,9 kms. Alinharam á partida 156 corredores de 29 países, verificando-se a maior dificuldade na passagem pelo “côte de Ty Marrec”. Depois de muitas tentativas de fuga sem qualquer resultado dadas as marcações que se faziam entre os principais favoritos, quando faltavam 4 kms para o final saltou o italiano Francesco Casagrande, com o suíço Mauro Gianetti na perseguição acompanhado por outro italiano Davide Rebellin, que acabou por prejudicar o seu compatriota, pois os três foram absorvidos pelo pelotão dentro do último quilómetro. Um grande grupo de 25 corredores apresentou-se na recta da meta, nos 200metros finais o lituano Raimondas Rumsas leva na roda Romans Vainsteins e faz o lançamento do letão que vence batendo sobre a meta Zbigniew Spruch (Polónia) e Óscar Freire (Espanha), todos com o tempo de 6h15’28” à média de 42,678 kms/h, tempo que foi também atribuído ao pelotão principal do qual faziam parte mais 22 corredores. Registaram-se 47 abandonos e Portugal não marcou presença nestes campeonatos. 

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No ano seguinte a 14 de Outubro de 2001 em Lisboa, Óscar Freire voltou a proclamar-se campeão do mundo, deixando nos lugares de honra Paolo Bettini de Itália e Andrej Hauptman da Eslovénia.

Neste ano, Portugal inscrevia pela primeira vez o seu nome nos Países organizadores do Mundial, sendo considerada um sucesso a sua organização. O percurso teve a extensão de 254,1 kms, tendo como palco um circuito em Monsanto com 12,1 kms que foi percorrido por 21 vezes, tendo alinhado 171 corredores de 33 países, dos quais terminaram 94 ciclistas. Impondo mais uma vez a sua ponta final e num excelente sprint, que foi bem trabalhado pela sua equipa, Óscar Freire voltava a ser campeão do mundo com o tempo de 6h07’21”, deixando atrás de si um numeroso grupo de 45 unidades, cabendo a Paolo Bettini (Itália) e Andrej Hauptman (Eslovénia) os lugares de honra. Os italianos tentaram contrariar o favoritismo dos espanhóis atacando a corrida com Gilberto Simoni, com um grande trabalho de Paolo Lanfranchi mas que não resultaria pois os espanhóis acabaram por controlar e conseguir os seus objectivos. Na selecção portuguesa o melhor foi Rui Sousa que ficou na 24ª. posição, seguido de Gonçalo Amorim no 37º. lugar ambos com o mesmo tempo do vencedor, seguindo-se em 63º. Rui Lavarinhas e 64º. Nuno Alves a 10’.42” que integravam o segundo pelotão.

Em 2002 foram batidos todos os recordes de presença com 202 corredores à partida em representação de 36 países, números nunca antes atingidos. Os Mundiais decorreram em Zolder na Bélgica a 13 de Outubro num dia frio e chuvoso, no circuito automobilístico desta cidade com um perímetro de 12,8 kms, tendo sido percorrido por 20 vezes, totalizando 256,0 kms, totalmente plano e sem qualquer dificuldade. O italiano Mário Cipollini fez uma preparação direccionada para tentar conquistar o seu primeiro título mundial, o que viria a conseguir mercê do excelente trabalho da selecção italiana, que esteve por inteiro ao seu serviço, merecendo destaque o trabalho desenvolvido por Paolo Bettini e Alessandro Petacchi que tinham possibilidades de poder vencer e principalmente Giovanni Lombardi pelo espectacular lançamento que permitiu a vitória de Cipollini. Na conquista da camisola arco-íris, Mário Cipollini foi creditado com 5h30’03” à média de 46,538 kms/h, deixando nas posições imediatas dois outros grandes sprinters mundiais, o australiano Robbie McEwen e o alemão Erik Zabel assim como um grupo de mais 25 corredores do qual fazia parte alguns dos melhores sprinters do mundo como Jan Svorada, Stuart O´Grady, Tom Steels, Alessandro Petacchi e Fred Rodriguez entre outros. Portugal marcou presença com quatro corredores, sendo o  melhor posicionado Pedro Lopes no 17º. lugar com o mesmo tempo do primeiro, Rui Sousa ficou na 77ª. posição a 1’59” e Nuno Marta foi o 118º a 2’40”, enquanto Hugo Sabido abandonava.

A cidade de Hamilton no Canadá recebeu os campeonatos do mundo no dia 12 de Outubro de 2003, com um total de 260,4 kms onde o vento e a chuva foram adversários de peso, percorridos numa estrada com o piso bastante escorregadio e perigoso, além das subidas em Claremont e Saint James que seleccionaram o grupo, alinhando à partida 180 corredores em representação de 35 nacionalidades, com 112 a chegarem ao seu final.

O Mundial voltou a ser espanhol com a selecção deste País a apresentar uma grande equipa, com Igor Astarloa a surpreender os grandes favoritos e a conquistar a medalha de ouro com o tempo de 6h30’19” à média de 40,029 kms/h. Uma das grandes promessas do ciclismo espanhol, o murciano Alejandro Valverde (considerado o corredor mais completo do ciclismo espanhol após Indurain), marcou os principais rivais de Astarloa, quando a 10 kms da chegada atacou Peter Van Petegem ao qual responderam Óscar Camenzind, Bo Hambúrguer, Paolo Bettini, Igor Astarloa, Alejandro Valverde e Michael Boogerd. Verificando que os corredores se marcavam mutuamente, Igor Astarloa surpreende-os e saiu em direcção á vitória não dando possibilidades aos seus adversários, com Alejandro Valverde num vigoroso sprint a conquistar a medalha de prata, enquanto a medalha de bronze ia para o belga Peter Van Petegem, ficando ambos a 5” do vencedor e à frente de Paolo Bettini, enquanto o pelotão comandado por Michael Boogerd chegava com mais 1 segundo que estes. No que se refere à representação portuguesa, Gonçalo Amorim foi 44º. fazendo parte do pelotão principal a 6” , enquanto Nuno Ribeiro foi 74º. a 1’55” e Pedro Lopes 99º a 9’55”, com Sérgio Paulinho a não chegar ao fim.

Em 2004 o Mundial voltou a Verona (Itália) no dia 3 de Outubro, com uma extensão 265,5kms, num dia de sol e sem vento, onde alinharam á partida 200 corredores em representação de 38 nações e foi aí que a selecção espanhola de ciclismo deu uma autêntica lição de como deve ser uma equipa. A estratégia idealizada pelo seleccionador espanhol foi perfeita e Óscar Freire voltou a proclamar-se de novo Campeão do Mundo.

Nas últimas voltas formou-se um grupo de 15 unidades que atacou a recta da meta, num sprint precioso em que Alejandro Valverde foi o lançador de Freire, o campeão espanhol converteu-se em ser o melhor e subir ao mais alto do pódium de Verona junto com o alemão Erik Zabel e o italiano Luca Paolini, o vencedor fez o tempo de 6h57’15” à média de 38,178 kms/h, assim como os primeiros 15 classificados. Mais uma vez a selecção italiana viveu momentos de crise, primeiro porque não foi seleccionado Gilberto Simoni e segundo porque Davide Rebellin ao também não ser convocado declarou que poderia pedir a nacionalidade Argentina para poder participar no Mundial, mas como tal não veio a acontecer fica a dúvida se no caso de participar a história do campeonato seria igual, é que numa semana Rebellin ganhou três corridas das mais prestigiadas a nível mundial; Amstel Gold Race, Fleche Valone e Liége – Bastogne – Liége, o que diga-se é bastante significativo. Mais uma vez os portugueses não foram felizes, dos quatro representantes apenas terminou Pedro Cardoso no 76º. lugar a 9’54”, pois Nelson Vitorino, Nuno Alves, Hugo Sabido e Hélder Miranda, abandonaram fazendo parte dos 115 que ficaram pelo caminho.

Nas contas dos Mundiais Óscar Freire (1999, 2001 e 2004) igualou desta forma com três vitórias, o italiano Alfredo Binda (1927, 1930 e 1932) e os belgas Rik Van Steenbergen (1949, 1956 e 1957) e Eddy Merckx (1967, 1971 e 1974), aguardando-se por quem possa entrar nesta curta mas prestigiada galeria de campeões.

  

No dia 25 de Setembro de 2005 disputou-se em Madrid o campeonato do mundo com um total de 273,0 kms, percorridos num circuito com o perímetro de 21,0 kms por 13 vezes e sem grandes dificuldades orográficas, tendo por palco a Avenida Castellana no coração da capital espanhola. Num dia de sol e sem vento com uma temperatura de 21 graus alinharam à partida 193 corredores em representação de 40 países, em que o grande protagonista durante cerca de 70 kms foi o búlgaro Krassimir Vasilev que viria a ser absorvido acabando por integrar o pelotão dos 70 desistentes.

A corrida valeu pelas duas últimas voltas onde se sucederam os ataques, à entrada da última volta formou-se um grupo de 23 corredores que decidiram a vitória fina ao sprint sendo o mais rápido o belga Tom Boonen que foi creditado com o tempo de 6h26’10” à média de 42,416 kms/h, seguido do espanhol Alejandro Valverde e do francês Anthony Geslin. No que diz respeito aos representantes portugueses, Pedro Soeiro foi o 79º. a 4’’50”, Hugo Sabido 127º. a 14’47” e Bruno Neves 128º. também a 14’47”, pois  Hélder Miranda abandonou quando faltavam três voltas devido a ter-se partido o guiador da sua bicicleta, Bruno Pires desistiu com cãibras acusando o desgaste de uma corrida com esta quilometragem.

No que se refere a Pedro Soeiro perdeu o contacto com o pelotão no início da última volta acusando também o desgaste da corrida ficando bastante debilitado fisicamente, sendo traído pelas cãibras que quase não o deixavam pedalar, terminando a corrida com grandes dificuldades. Quanto a Hugo Sabido e Bruno Neves ambos descolaram a uma volta e meia do final – 32 kms - altura em que o andamento foi mais forte e decisivo, acusando o desgaste e a quilometragem que os marcou fisicamente, optando ambos por terminar a prova impondo um andamento dentro das suas possibilidades.

Ficou bem claro que este tipo de corridas não se enquadra dentro do panorama actual do ciclismo português, pois raramente temos etapas com mais de duzentos quilómetros. Excepção feita a Hélder Miranda que desistiu por avaria, os restantes corredores portugueses pagaram a factura física de não estarem habituadas a provas com esta quilometragem, uma situação que se torna necessário rever e preparar com a devida antecedência, pois até aos 250 kms os nossos homens estiveram ao lado dos melhores, a partir daí surgiram as dificuldades e todas pelo mesmo motivo: A sua condição física não está preparada para provas deste calibre e com esta larga quilometragem (273 kms), pelo que futuramente terá que ser tomada em linha de conta o que hoje aqui se passou. 

PEDRO SOEIRO: - Terminei em grandes dificuldades pois as cãibras tomaram conta de mim na última volta, até aí sentia-me bem dentro do pelotão e estava convencido que poderia estar na frente, mas a condição física traiu-me. Foi bom ter terminado, reconheça que se tenho sido avisado mais cedo para vir aos mundiais tinha feito uma preparação mais adequada a este tipo de provas e o resultado poderia ter sido outro.

A última volta matou todas as minhas aspirações e todas as possibilidades de poder ter feito um bom resultado, mas repito a condição física deitou por terra os meus planos.

CAMPEONATO  DO  MUNDO  DE  C/RELÓGIO

A realização de um campeonato do mundo de C/Relógio com 170 kms como aconteceu em 1931, no qual apenas participaram 17 corredores conseguido 13 chegar ao seu final, teve as mais severa criticas que surgiram de todos os quadrantes, devido à sua larga quilometragem. Mas não foi caso único pois as provas de C/Relógio disputados nos Jogos Olímpicos, em 1912 em Estocolmo com 320 kms, em 1920 em Anvers com 158 kms, em 1924 em Paris com 188 kms, em Amesterdão em 1928 com 168 kms e em 1932 em Los Angeles com 100 kms, nunca foram bem aceites pelos participantes e pelas representações olímpicas, com a imprensa a ser bastante dura nas suas criticas.

A partir de 1936 nos Jogos Olímpicos de Berlim, a corrida passou a disputar-se em linha, surgindo em 1996 em Atlanta uma prova de C/Relógio, pelo que desde essa altura se correm ambas, sendo uma em linha com uma quilometragem na casa dos duzentos quilómetros e outra de C/Relógio individual, com cerca de cinquenta quilómetros.

Tratando-se de uma especialidade essencialmente técnica, na qual sempre se destacaram “os especialistas dos cronos” nas grandes provas, havia que encontrar uma solução que satisfizesse todas as partes, pelo que depois de profundas análises e reflexões, chegou-se a um consenso para os percursos e quilometragem, no qual colaboraram a UCI, os Organizadores de Corridas e os Directores Desportivos das Equipas, para que finalmente o campeonato do mundo de C/Relógio individual passasse a ser uma realidade, o que veio a acontecer no ano de 1994 com reflexos imediatos como já se verificou nos Jogos Olímpicos de 1996.

O primeiro campeonato do mundo disputou-se no dia 25 de Agosto de 1994 na cidade de Catania em Itália, com um total de 42, 0 kms de extensão com a participação de 57 corredores. O vencedor foi o inglês Chris Boardman com o tempo de 50’22” à média de 50, 832 kms/h, seguido do italiano Andrea Chiurato a 48” e do alemão Jan Ullrich a 51”, com o marroquino Abdelouahed Latrach a gastar mais 13’18” e ocupando o último lugar.  

No dia 4 de Outubro de 1995 o campeonato desenrolou-se em Paipa-Tunja na Colômbia, com a presença de 61 corredores, saindo vencedor Miguel Induráin (Espanha) como tempo de 55’30” para os 43,0 kms do percurso à média de 46, 481 kms/h, conquistando a medalha de prata Abraham Olano (Espanha) a 49” e a medalha de bronze Uwe Peschel (Alemanha) a 2’03”, com o último classificado a ser Jean-Louis Serge (Haiti) que gastou mais 29’02” que o vencedor, com um corredor a abandonar por ter partido a bicicleta. Facto importante e a merecer destaque foram as duas medalhas conquistadas pela Espanha, num ano que inesquecível para o ciclismo espanhol.   

Em 1996 o Mundial disputou-se em Lugano na Suíça no dia 10 de Outubro, num percurso com 40,4 kms com a participação de 40 corredores, saindo vencedor Alex Zulle (Suíça) com o tempo de 48’13” à média de 50, 258 kms/h, com Chris Boardman (Inglaterra) a 40” e Tony Rominguer (Suíça) a 42”, sendo o último classificado Christian Kouyoumdijan (Líbia) que gastou mais 13’31” que o primeiro classificado. O destaque principal a pertencer à Suíça, que além de País organizador conseguiu conquistar a medalha de ouro e a medalha de bronze.    

No dia 12 de Outubro de 1997 o campeonato decorreu em S. Sebastian na Espanha, com um total de 42,6 kms de extensão, no qual participaram 47 corredores. A vitória pertenceu a Laurent Jalabert (França) a quem foi creditado o tempo de 52’01” à média de 49,135 kms/h, com Serguei Gontchar (Ucrânia) a 3” e de Chris Boardman (Inglaterra) 20”, o qual conseguia a sua terceira medalha nesta especialidade depois de ter sido vencedor em 1994 e medalha de prata em 1996. Pela primeira vez nestes campeonatos do mundo de c/relógio Portugal fez-se representar, cabendo essa responsabilidade a Joaquim Andrade que ficou na 28ª. posição a 4’44”, sendo o 47º. e último Dragomir Zivkovic (Jugoslávia) a 13’07” de Jalabert.

Em 1998 os Mundiais decorreram no dia 8 de Outubro na cidade de Valkenburg na Holanda, num percurso com 43,5 kms de extensão, no qual participaram 46 corredores, terminando apenas 42, pois O. Sosaka (Rep. Checa) desistiu e S. Ivanov (Rússia), R. Ivanov (Rússia) e Joaquim Andrade (Portugal) foram desclassificados. O vencedor foi Abraham Olano (Espanha) com o tempo de 54’32” à média de 47,859 kms/h, seguido de Melchior Mauri (Espanha) a 37” e de Serguei Gontchar (Ucrânia) a 47”, enquanto José Azevedo conseguiu o 32º. lugar a 4’34”, enquanto o último lugar (42º.) pertenceu a Kyoshi Miura (Japão) a 9’23” do primeiro. Mais uma vez a Espanha a merecer as honras do dia ao conquistar as medalhas de ouro e prata, tal como tinha acontecido em 1995 na Colômbia.     

No dia 7 de Outubro de Outubro de 1999, a cidade de Treviso em Itália recebeu os campeonatos do mundo apresentando um percurso com 50,8 kms, no qual competiram 58 corredores, com dois deles a não chegarem ao fim. O primeiro classificado foi Jan Ullrich (Alemanha) com o tempo de 1h00’28” à média de 50,209 kms/h, com o pódio a completar-se com Michael Andersson (Suécia) a 14”  e com Chris Boardman a 58”, o representante português foi José Azevedo que se classificou na 41ª. posição a 5’22”, enquanto o último foi Besnik Musaji (Albânia) a 11’14” do vencedor. Nota importante para a medalha de ouro de Ullrich que já havia sido medalha de bronze em 1994, enquanto Boardman conquistava a sua quarta e última medalha nesta especialidade.

No ano de 2000 no dia 12 de Outubro, o campeonato do mundo correu-se em Plouay na França, num percurso com 47,6 kms e no qual competiram 42 corredores, registando-se o abandono de Mickael Sandstod (Dinamarca), enquanto Laurent Jalabert (França) não tomava a saída. A vitória pertenceu a Serguei Gontchar (Ucrânia) com o tempo de 56’21” à média de 50, 672 kms/h, com Michael Rich (Alemanha) a 10” e Laszlo Bodrogi (Hungria) a 24”, com o representante português Joaquim Andrade a conquistar a 29ª. posição a 5’22”, pois o último David Kinja (Quénia) a ficar a 8’00” de Gontchar. O ucraniano que tinha sido segundo em 1997, terceiro em 1998, conseguiu a medalha de ouro neste ano e que seria também a última nestes campeonatos. 

Em 2001 a cidade de Lisboa recebeu os Mundiais no dia 11 de Outubro, num percurso com 44,8 kms, o qual foi percorrido por 53 corredores, abandonando Sven Harms (Dinamarca).O alemão Jan Ullrich venceu com o tempo de 51’49” à média de 44,797 kms/h, seguido de David Millar (Inglaterra) a 6” e de Santiago Botero (Colômbia) a 11”, enquanto Joaquim Andrade ficava na 28ª. posição a 3’41” e Joaquim Gomes em 31º. lugar a 3’56”, no último lugar ficou Vasilos Anastopoulos (Grécia) a 10’35” do primeiro. Jan Ullrich repetia em Portugal a vitória conseguida dois anos antes em Treviso (Itália), conseguindo a sua terceira medalha pois havia sido terceiro em 1994 em Catania (Itália), admitindo-se a possibilidade de não ficar por aqui.

No dia 11 de Outubro de 2002, o campeonato do mundo disputou-se em Hasselt-Zolder na Bélgica num percurso com a extensão de 40,4 kms e no qual participaram 57 corredores. A medalha de ouro foi conquistada pelo colombiano Santiago Botero com o tempo de 48’08” à média de 50,362 kms/h, com o alemão Michael Rich a conseguir a medalha de prata e Igor Galdeano (Espanha) a conquistar a medalha de bronze. Quanto aos portugueses, José Azevedo foi 31º. a 2’25” e Pedro Lopes 45º. a 3’17” enquanto a última posição (57º.) pertenceu a Pavel Nevdakh (Kazaquistão) a 6’58” de Botero. Santi Botero (como é conhecido no mundo do ciclismo) tinha sido terceiro no ano anterior, enquanto o alemão Michael Rich regressava ao pódio depois de ter sido segundo em 2000 em França.

Em 2003 o Mundial disputou-se na cidade de Hamilton no Canadá no dia 9 de Outubro, com a presença de 45 corredores que percorreram 41,6 kms. O primeiro lugar pertenceu a David Millar (Inglaterra) com o tempo de 51’17” à média de 48,319 kms/h, seguido de Michael Rogers (Alemanha) a 1’25” e de Uwe Peschel (Alemanha) a 1’25”, com Portugal a não marcar presença. Terminaram 42 corredores dado que Igor Galdeano (Espanha) abandonou, Sergei Krushevski (Kazaquistão) não saiu e Raivis Belohvosciks (Letónia) foi desclassificado. O facto mais importante vai para David Millar o qual acabou por ser desclassificado por “doping”, sendo o título posteriormente atribuído a Michael Rogers, a medalha de prata a Uwe Peschel e a medalha de bronze a Michael Rich (Alemanha), com o último lugar a pertencer a Attila Arvai (Honduras) que gastou mais 8’53” que o primeiro classificado.

No ano de 2004 a cidade de Verona em Itália recebeu no dia 29 de Setembro o campeonato do mundo, o qual decorreu num percurso com 46,750 kms de extensão, tendo a participação de 47 corredores, dos quais foi desclassificado Bert Voskamp (Holanda). Vitória de Michael Rogers (Alemanha) com o tempo de 57’30” à média de 48,778 kms/h, completando o pódio Michael Rich (Alemanha) a 1’12” e Alexandre Vinokourov (Kazaquistão)a 1’25”, com Portugal mais uma vez ausente. O último classificado (46º.) foi Dean Podgornik (Eslováquia) a 8´37”, mas o destaque vai para a Alemanha ao conquistar a medalha de prata e a medalha de ouro. 

A cidade de Madrid foi o palco do Mundial no dia 22 de Setembro de 2005 na Casa de Campo, com um percurso com a extensão de 44,1 kms no qual participaram 48 corredores e onde não marcou presença Portugal. O primeiro lugar pertenceu de novo a Michael Rogers (Alemanha) como tempo de 53’34” à média de 49,939 kms/h, seguido de José Ivan Gutierrez (Espanha) a 23” e de Fabian Cancellara (Suíça) também a 23”, com o último lugar (48º.) a pertencer a Tommi Martikainen (Finlândia) que gastou mais 7’13” que o alemão. Com esta vitória Michael Rich conseguiu a sua terceira medalha de ouro consecutiva e tudo indica que não deverá ficar por aqui.