O desabafo de um palestiniano: «Não temos piscinas, nem podemos pensar em construir uma»
Yazan Al Bawwab
Foto: IMAGO

O desabafo de um palestiniano: «Não temos piscinas, nem podemos pensar em construir uma»

JOGOS OLÍMPICOS29.07.202414:46

Testemunho de Yazan Al Bawwab, nadador que está a participar nos Jogos Olímpicos de Paris

O nadador palestiniano Yazan Al Bawwab participou, no passado domingo, nas eliminatórias dos 100m costas nos Jogos Olímpicos de Paris. A viver no Dubai, Al Bawwab nasceu na Arábia Saudita, mas considera-se palestiniano, com toda a sua família ainda a morar na Palestina.

Em entrevista ao Ouest-France, o nadador falou sobre a situação do seu país e enviou uma forte mensagem de humanidade: «Ouçam-me através do desporto, porque de outra forma ninguém se interessa pelo que os palestinianos dizem. Tratem-nos como seres humanos, merecemos os mesmos direitos que todos os outros. Estou aqui para enviar uma mensagem de humanidade ao mundo.»

«Quero poder praticar o meu desporto como toda a gente. Ser igual. É só isso que estou a pedir. Temos de nos amar uns aos outros e tratarmo-nos como iguais. Não é esse o caso aqui. Não temos uma piscina, nem sequer podemos pensar em construir uma, porque já estamos a procurar ter as coisas básicas para um ser humano», continuou Al Bawwab.

O atleta revelou, ainda, como foi a receção na aldeia olímpica: «95% das pessoas com quem falamos são positivas. Muitas delas estão surpreendidas por estarmos aqui, por nos termos conseguido qualificar para uma competição como esta, quando não temos comida nem água no nosso país. Mas alguns dos outros atletas gozaram connosco. Da nossa bandeira, de nós, porque não querem ver as nossas cores. Falaram-me de Gaza. Os outros atletas fazem perguntas sobre os seus tempos, as suas qualificações... Ninguém está interessado na minha natação, é um insulto ao nadador que eu sou.»

Ainda assim, assume que está feliz por estar presente nesta competição: «Sinto-me muito honrado por estar nos Jogos Olímpicos. É o único evento em que o mundo é justo. As regras são iguais para todos.»